Ritmo em Arthur Kampela e Brian Ferneyhough

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Lucas Albuquerque Matias
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/215656
Resumo: O século XX foi palco de diversas modalidades de novas abordagens das questões rítmicas na música vanguardista, consideravelmente mais complexas. Dentre tantas razões e consequências, nota-se o universo das máquinas eletrônicas e as técnicas do serialismo integral explorando extremos dos parâmetros musicais, considerados muitas vezes impossíveis de serem realizados pelo homem. Apresentou-se, então, uma questão: qual é o limite do exequível para o ser humano? E mais: se uma máquina é capaz de executar qualquer comando desejável pelo compositor, então o intérprete é dispensável? Essa austeridade procedimental do serialismo e as possibilidades oferecidas pelas máquinas afastaram muitos compositores desta estética na década de 60, que passaram a explorar, então, novos campos. O intérprete não é dispensável, mas seu papel ante uma poética composicional é fortemente explorado e/ou revisto, e não há lugar de maior discussão a respeito do intérprete do que nas obras do inglês Brian Ferneyhough e do brasileiro Arthur Kampela. Ferneyhough propõe uma estética que discursa ininterruptamente e de forma inédita com o executante: o intérprete não é apenas um mero leitor de notas e ritmos, mas participa ativamente da composição, criando até mesmo um contraponto ao material notado anteriormente. Kampela também não se exime do quesito “ação do intérprete”, apresentando uma visão igualmente única a respeito da unidade compositor + executor: a complexidade rítmica de suas peças manifesta-se desde o embrião de um projeto pré composicional até o universo do gestual (literalmente um gesto físico) de um músico. Para ambos, o intérprete não deve ser desconsiderado perante situações de altíssimas complexidades notacionais, mas posto no centro do palco e explorado de forma caleidoscópica. Desta forma, o presente trabalho investigou o universo rítmico desses dois compositores, tanto a partir de suas poéticas composicionais, como pela interpretação. Para tal, além do aprofundamento em suas poéticas composicionais a partir de seus próprios textos autorais, foram feitos cálculos de velocidades de situações rítmicas diversas para a performance, bem coo a abordagem da técnica da Modulação Micrométrica (MMM), com respaldo em autores como Hindemith (1975), Weisberg (1993), Bortz (2003; 2006), Vargas (2012) e Cury (2017) sendo ainda propostas novas formas de abordagem de questões rítmicas desses compositores. As análises de Mnemosyne para flauta baixo e tape (1986b) de Ferneyhough e Phalanges para harpa solo (1995) de Kampela estabeleceram um diálogo entre a poética composicional de cada autor e a prática executiva.
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O intérprete não é dispensável, mas seu papel ante uma poética composicional é fortemente explorado e/ou revisto, e não há lugar de maior discussão a respeito do intérprete do que nas obras do inglês Brian Ferneyhough e do brasileiro Arthur Kampela. Ferneyhough propõe uma estética que discursa ininterruptamente e de forma inédita com o executante: o intérprete não é apenas um mero leitor de notas e ritmos, mas participa ativamente da composição, criando até mesmo um contraponto ao material notado anteriormente. Kampela também não se exime do quesito “ação do intérprete”, apresentando uma visão igualmente única a respeito da unidade compositor + executor: a complexidade rítmica de suas peças manifesta-se desde o embrião de um projeto pré composicional até o universo do gestual (literalmente um gesto físico) de um músico. Para ambos, o intérprete não deve ser desconsiderado perante situações de altíssimas complexidades notacionais, mas posto no centro do palco e explorado de forma caleidoscópica. Desta forma, o presente trabalho investigou o universo rítmico desses dois compositores, tanto a partir de suas poéticas composicionais, como pela interpretação. Para tal, além do aprofundamento em suas poéticas composicionais a partir de seus próprios textos autorais, foram feitos cálculos de velocidades de situações rítmicas diversas para a performance, bem coo a abordagem da técnica da Modulação Micrométrica (MMM), com respaldo em autores como Hindemith (1975), Weisberg (1993), Bortz (2003; 2006), Vargas (2012) e Cury (2017) sendo ainda propostas novas formas de abordagem de questões rítmicas desses compositores. As análises de Mnemosyne para flauta baixo e tape (1986b) de Ferneyhough e Phalanges para harpa solo (1995) de Kampela estabeleceram um diálogo entre a poética composicional de cada autor e a prática executiva.The 20th century saw the emergence of various new approaches to the considerably more complex rhythmic issues in avant-garde music. Among so many reasons and consequences, one observes the universe of electronic machines and the techniques of integral serialism exploring the extremes of musical parameters, so often considered impossible to be performed by a human. As a result, the questions arose: what are the feasibility limits for a human? If a machine is capable of executing any command as desired by the composer, is the interpreter dispensable? The procedural austerity of serialism and the effects made possible by machines caused many composers to move away from this aesthetic in the 1960s. As a consequence, they went on to explore new fields. The interpreter is not dispensable, but their role before a compositional poetics is heavily explored and/or revised. Brian Ferneyhough and Brazilian Arthur Kampela approach this issue acutely. Ferneyhough proposes an aesthetic that converses uninterruptedly with the performer in an innovative way: the performer is not just a mere reader of notes and rhythm, but actively participates in the composition, even creating a counterpoint to the material noted previously. Kampela does not distance himself either in terms of the “interpreter's action”, presenting an equally unique view of the unit “composer + performer”: the rhythmic complexity of his pieces manifests itself from the embryo of a pre-compositional project to the musician’s gestural universe (literally a physical gesture). For both composers, the performer should not be underestimated in situations of very high notational complexities, but rather placed at the center of the stage and explored in a kaleidoscopic way. Thus, the present dissertation will investigate the rhythmic universe of each composer, from the point of view of both their compositional poetics and their interpretation. To this end, in addition to plunging into their compositional poetics through their written texts, speed calculations of different rhythmic situations of performance were made, as well as the approach to Kampela’s technique of Micrometric Modulation, based on authors such as Hindemith (1975), Weisberg (1993), Bortz (2003; 2006), Vargas (2012) and Cury (2017). New ways of approaching the rhythmic issues in these composers were also proposed. The analyzes of Mnemosyne for bass flute and tape (1986b) by Ferneyhough and Phalanges for solo harp (1995) by Kampela afforded a dialogue between the compositional poetics of each author and the executional practice.Universidade Estadual Paulista (Unesp)Bortz, GrazielaUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Santos, Lucas Albuquerque Matias2022-01-03T17:10:28Z2022-01-03T17:10:28Z2021-11-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/21565633004013066P3porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-01-23T07:09:59Zoai:repositorio.unesp.br:11449/215656Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-01-23T07:09:59Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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