Agonia da comida: da expansão da cana-de-açúcar ao movimento da produção e distribuição de hortifrútis no estado de São Paulo (2006-2017)
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNESP |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11449/191268 |
Resumo: | Imprescindível na manutenção das condições de acumulação do capital, o regime alimentar e a sua etapa corporativa fazem surgir os impérios alimentares, modos de ordenamento que trazem em si o potencial de controlar integralmente a produção, distribuição e consumo de alimentos. Em que pese a sua abrangência global, o controle atualmente exercido pelos impérios alimentares se realiza, efetivamente, na escala de cada um dos municípios produtores, o que evidencia a necessidade não apenas da articulação de escalas para o entendimento dos processos, mas, principalmente, da importância de pensar a produção ativa da mesma, estratégia pela qual é possível apontar caminhos para a superação das relações de dependência subentendidas às grandes cadeias de abastecimento. Nesse contexto, a expansão de monoculturas como a cana-de-açúcar e a consequente redução local e regional da produção de alimentos reforça a separação que permite aos impérios alimentares controlar produtores e consumidores. Isto posto, a partir dos referenciais teóricos e conceituais da Geografia, este trabalho tem por objetivo demonstrar a validade da tese de que a expansão da cana-de-açúcar implica na redução da produção de alimentos hortifrútis e, com isso, no aumento das distâncias percorridas pelos alimentos. No estado de São Paulo, a expansão do agronegócio sucroenergético pressupõe a incorporação crescente de áreas anteriormente utilizadas para outros tipos de cultivo, o que inclui, inevitavelmente, alimentos. Com isso, a produção destes passa a ser dificultada e reduzida, sobretudo nas escalas local e regional, com especial gravidade nas áreas “novas” de expansão canavieira, como a região Oeste do estado. Consequentemente, para que a alimentação, entendida como o encontro entre produção e consumo de alimentos, seja realizada, mais distâncias são acrescentadas, o que implica no aumento dos gastos com transporte e armazenamento, dos desperdícios e, também, dos preços para os consumidores, o que reduz o acesso das famílias aos alimentos. De tal modo, da produção no campo até as mesas dos consumidores finais, o atual regime alimentar corporativo submete a comida a um tipo de périplo da degradação, no qual o afastamento cada vez maior entre produção e consumo define e redefine os limites da “agonia da comida”. Assim, com base em dados estatísticos e informações de campo, analiso, no período de 2006 a 2017, a evolução da produção paulista de hortifrútis em relação à evolução da área canavieira. Além disso, como subsídio à compreensão do movimento dos alimentos hortifrútis da produção à distribuição, analiso os casos das unidades da CEAGESP de Araçatuba/SP, Presidente Prudente/SP, Ribeirão Preto/SP, São José do Rio Preto/SP e São Paulo/SP. Enquanto referência para os estudos sobre os significados do movimento dos alimentos no espaço, apresento também o debate sobre a segurança e a soberania alimentar, de maneira a destacar as diferentes concepções, interesses e prioridades em termos de produção e abastecimento alimentar. |
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Agonia da comida: da expansão da cana-de-açúcar ao movimento da produção e distribuição de hortifrútis no estado de São Paulo (2006-2017)Agony of the food: from sugar cane expansion to the movement of the fruits and vegetables production and distribution in the state of são paulo brazil (2006 - 2017)Cana-de-açúcarHortifrútisMovimentoDependênciaSoberania alimentarSugar caneFruits and vegetablesMovementDependencyFood sovereigntyCaña de azúcarFrutas y verdurasMovimientoDependenciaSoberanía alimentariaImprescindível na manutenção das condições de acumulação do capital, o regime alimentar e a sua etapa corporativa fazem surgir os impérios alimentares, modos de ordenamento que trazem em si o potencial de controlar integralmente a produção, distribuição e consumo de alimentos. Em que pese a sua abrangência global, o controle atualmente exercido pelos impérios alimentares se realiza, efetivamente, na escala de cada um dos municípios produtores, o que evidencia a necessidade não apenas da articulação de escalas para o entendimento dos processos, mas, principalmente, da importância de pensar a produção ativa da mesma, estratégia pela qual é possível apontar caminhos para a superação das relações de dependência subentendidas às grandes cadeias de abastecimento. Nesse contexto, a expansão de monoculturas como a cana-de-açúcar e a consequente redução local e regional da produção de alimentos reforça a separação que permite aos impérios alimentares controlar produtores e consumidores. Isto posto, a partir dos referenciais teóricos e conceituais da Geografia, este trabalho tem por objetivo demonstrar a validade da tese de que a expansão da cana-de-açúcar implica na redução da produção de alimentos hortifrútis e, com isso, no aumento das distâncias percorridas pelos alimentos. No estado de São Paulo, a expansão do agronegócio sucroenergético pressupõe a incorporação crescente de áreas anteriormente utilizadas para outros tipos de cultivo, o que inclui, inevitavelmente, alimentos. Com isso, a produção destes passa a ser dificultada e reduzida, sobretudo nas escalas local e regional, com especial gravidade nas áreas “novas” de expansão canavieira, como a região Oeste do estado. Consequentemente, para que a alimentação, entendida como o encontro entre produção e consumo de alimentos, seja realizada, mais distâncias são acrescentadas, o que implica no aumento dos gastos com transporte e armazenamento, dos desperdícios e, também, dos preços para os consumidores, o que reduz o acesso das famílias aos alimentos. De tal modo, da produção no campo até as mesas dos consumidores finais, o atual regime alimentar corporativo submete a comida a um tipo de périplo da degradação, no qual o afastamento cada vez maior entre produção e consumo define e redefine os limites da “agonia da comida”. Assim, com base em dados estatísticos e informações de campo, analiso, no período de 2006 a 2017, a evolução da produção paulista de hortifrútis em relação à evolução da área canavieira. Além disso, como subsídio à compreensão do movimento dos alimentos hortifrútis da produção à distribuição, analiso os casos das unidades da CEAGESP de Araçatuba/SP, Presidente Prudente/SP, Ribeirão Preto/SP, São José do Rio Preto/SP e São Paulo/SP. Enquanto referência para os estudos sobre os significados do movimento dos alimentos no espaço, apresento também o debate sobre a segurança e a soberania alimentar, de maneira a destacar as diferentes concepções, interesses e prioridades em termos de produção e abastecimento alimentar.Essential in maintaining the conditions of capital accumulation, the food regime and its corporate stage give rise to food empires, modes of planning that bring the potential to fully control the production, distribution and consumption of food. Despite its global scope, the control currently exercised by the food empires is effectively carried out on the scale of each of the producing municipalities, which highlights the need not only for the articulation of scales to understand the processes, but mainly of the importance of thinking about its active production, a strategy by which it is possible to point out ways to overcome the dependency relationships implied by the large supply chains. In this context, the expansion of monocultures such as sugar cane and the consequent local and regional reduction of food production reinforces the separation that allows food empires to control producers and consumers. Thus, based on the theoretical and conceptual references of Geography, this research aims to demonstrate the validity of the thesis that the expansion of sugarcane implies a reduction in the production of fruits and vegetables and, thus, in the increasing distances traveled by the food. In the state of São Paulo, the expansion of sugarcane agribusiness presupposes the increasing incorporation of areas previously used for other types of cultivation, which inevitably includes food. With this, their production becomes difficult and reduced, especially at local and regional scales, with special gravity in the “new” areas of sugarcane expansion, such as the Western region of the state. Consequently, in order for feed, understood as the meeting between food production and consumption, to be realized, more distances are added, which implies an increase in transportation and storage costs, waste and also prices for consumers, which reduces households' access to food. In such a way, from production in the field to the end-consumer tables, the current corporate dietary regime subject’s food to a sort of tour of degradation, in which the widening remoteness between production and consumption defines and redefines the boundaries of “agony” of the food". Thus, based on statistical data and field information, I analyze, in the period from 2006 to 2017, the evolution of São Paulo state horticultural production in relation to the evolution of the sugarcane area. In addition, to support the understanding of the movement of the foods from production to distribution, I analyze the cases of CEAGESP units of the municipalities of Araçatuba/SP, Presidente Prudente/SP, Ribeirão Preto/SP, São José do Rio Preto/SP and São Paulo/SP. As a reference for the studies on the meanings of the food movement in space, I also present the debate on food security and sovereignty in order to highlight the different conceptions, interests and priorities in terms of food production and supply.Esencial para mantener las condiciones de acumulación del capital, lo régimen alimentario y su etapa corporativa dan lugar a imperios alimentarios, modos de planificación que brindan el potencial de controlar completamente la producción, distribución y consumo de alimentos. A pesar de su alcance global, el control que ejercen actualmente los imperios alimentarios se lleva a cabo efectivamente en la escala de cada uno de los municipios productores, lo que pone de relieve la necesidad no solo de la articulación de escalas para comprender los procesos, sino principalmente la importancia de pensar en su producción activa, una estrategia mediante la cual es posible señalar formas de superar las relaciones de dependencia que implican las grandes cadenas de suministro. En este contexto, la expansión de monocultivos como la caña de azúcar y la consiguiente reducción local y regional en la producción de alimentos refuerza la separación que permite a los imperios alimentarios controlar a los productores y consumidores. Por lo tanto, con base en los marcos teóricos y conceptuales de Geografía, este trabajo tiene como objetivo demostrar la validez de la tesis de que la expansión de la caña de azúcar implica una reducción en la producción de frutas y verduras y, por lo tanto, un aumento de las distancias viajadas por la comida. En el estado de São Paulo, la expansión de la agroindustria azucarera y energética presupone la incorporación creciente de áreas previamente utilizadas para otros tipos de cultivo, que inevitablemente incluyen alimentos. Con esto, su producción se vuelve difícil y reducida, especialmente a escala local y regional, con especial gravedad en las "nuevas" áreas de expansión de la caña de azúcar, como la región occidental del estado. En consecuencia, para que la alimentación, entendida como encuentro entre la producción y el consumo de alimentos, se realicen, se agregan más distancias, lo que implica un aumento en los costos de transporte y almacenamiento, desperdicios y también el precio para los consumidores, lo que reduce el acceso de los hogares a los alimentos. De esta manera, desde la producción en el campo hasta las mesas de los consumidores finales, el régimen alimentario corporativo actual somete a los alimentos a una especie de viaje de la degradación, en el que la distancia cada vez mayor entre la producción y el consumo define y redefine los límites de la "agonía" de la comida". Por lo tanto, con base en datos estadísticos e información de campo, analizo, en el período de 2006 a 2017, la evolución de la producción del frutas y verduras del estado de Sao Paulo/Brasil en relación con la evolución del área de la caña de azúcar. Además, para apoyar la comprensión del movimiento de la comida desde la producción hasta la distribución, analizo los casos de las unidades CEAGESP de Araçatuba/SP, Presidente Prudente/SP, Ribeirão Preto/SP, São José do Rio Preto/SP y São Paulo/SP. Como referencia para los estudios sobre los significados del movimiento de alimentos en el espacio, también presento el debate sobre seguridad y soberanía alimentaria para resaltar las diferentes concepciones, intereses y prioridades en términos de producción y suministro de alimentos.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)FAPESP: 2015/26887-7Universidade Estadual Paulista (Unesp)Girardi, Eduardo Paulon [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Valério, Valmir José de Oliveira [UNESP]2019-12-19T11:25:42Z2019-12-19T11:25:42Z2019-12-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19126800092813933004129042P342725276374957480000-0002-3039-5416porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-20T15:26:07Zoai:repositorio.unesp.br:11449/191268Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T18:06:41.976001Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false |
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