A vivência dos afetos como ato de coragem no romance "A palavra que resta", de Stênio Gardel

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Leme Medeiros, Raul
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: https://hdl.handle.net/11449/253883
http://lattes.cnpq.br/4553234101234100
https://orcid.org/0009-0006-5575-3212
Resumo: Essa pesquisa investiga o romance de estreia do escritor cearense Stênio Gardel (2021), "A palavra que resta". Na história, Raimundo Gaudêncio de Freitas é um senhor analfabeto que, aos 71 anos de idade, decide aprender a ler e escrever para compreender uma carta deixada há mais de 50 anos por Cícero, seu primeiro e grande amor da juventude. Com esse objeto de estudo, busca-se discutir uma nova visada na literatura LGBTQIAPN+, destacando a vivência afetiva enquanto uma possibilidade para os sujeitos desviantes da cisheteronormatividade. Viver os afetos, portanto, pode ser visto como um ato de coragem (Barros-Oliveira, 2009; Koury, Gomes, 2012; Foucault, 2011; Gros, 2004; Tillich, [1952] 1992; Aulete, 2011; Ferreira, 2010; Houaiss, 2009) ao transgredir os padrões hegemônicos. Objetiva-se, assim, analisar de que modo o romance apresenta a hegemonia cisheterossexual como responsável pela exclusão e estigmatização dos sujeitos tidos como dissidentes. Para tanto, é preciso considerar a força humanizadora da literatura, que pode ser uma aliada na luta por transformação e justiça social, como afirma Antonio Candido ([1972] 1999, [1965] 2006, [1995] 2011). A literatura também tem propriedade para dizer o “não dito”, proporcionando reflexões mais profundas sobre a realidade por meio da ficção, segundo Derrida (2014). Como consequência, é possível repensar e até mesmo desafiar leis de ordem hegemônica. A fim de investigar e questionar as configurações sociais do gênero e da sexualidade, o aporte teórico-crítico encontra-se em Butler (2003, [1993] 2019), Foucault (1979, 1987, 1988), Louro (2004, 2018), Segdwick (2007), Silva (2000), Spargo (2017) e Weeks (2018). Para tratar dos afetos e da transformação por meio da alfabetização, tem-se de base bell hooks (2013, 2021) e Paulo Freire (1967, 1979, [1979] 2023, 1996 [2019]). Desse modo, discute-se como Raimundo se vale da coragem para ressignificar sua vida depois de experiências negativas relacionadas à sexualidade. Nesse processo, os afetos possuem um papel fundamental, pois, a partir deles, abre-se espaço para novas vivências, que proporcionam ao protagonista novos acessos ao mundo e a si mesmo.
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Viver os afetos, portanto, pode ser visto como um ato de coragem (Barros-Oliveira, 2009; Koury, Gomes, 2012; Foucault, 2011; Gros, 2004; Tillich, [1952] 1992; Aulete, 2011; Ferreira, 2010; Houaiss, 2009) ao transgredir os padrões hegemônicos. Objetiva-se, assim, analisar de que modo o romance apresenta a hegemonia cisheterossexual como responsável pela exclusão e estigmatização dos sujeitos tidos como dissidentes. Para tanto, é preciso considerar a força humanizadora da literatura, que pode ser uma aliada na luta por transformação e justiça social, como afirma Antonio Candido ([1972] 1999, [1965] 2006, [1995] 2011). A literatura também tem propriedade para dizer o “não dito”, proporcionando reflexões mais profundas sobre a realidade por meio da ficção, segundo Derrida (2014). Como consequência, é possível repensar e até mesmo desafiar leis de ordem hegemônica. A fim de investigar e questionar as configurações sociais do gênero e da sexualidade, o aporte teórico-crítico encontra-se em Butler (2003, [1993] 2019), Foucault (1979, 1987, 1988), Louro (2004, 2018), Segdwick (2007), Silva (2000), Spargo (2017) e Weeks (2018). Para tratar dos afetos e da transformação por meio da alfabetização, tem-se de base bell hooks (2013, 2021) e Paulo Freire (1967, 1979, [1979] 2023, 1996 [2019]). Desse modo, discute-se como Raimundo se vale da coragem para ressignificar sua vida depois de experiências negativas relacionadas à sexualidade. Nesse processo, os afetos possuem um papel fundamental, pois, a partir deles, abre-se espaço para novas vivências, que proporcionam ao protagonista novos acessos ao mundo e a si mesmo.This research investigates the debut novel by the Brazilian writer Stênio Gardel (2021), "A palavra que resta" (The Words That Remain, the English version). In the story, Raimundo Gaudêncio de Freitas is an illiterate man who, at 71 years old, learns how to read and write to understand a letter left 50 years ago by Cícero, the first and great love of his youth. With this object, we seek to discuss a new perspective in LGBTQIAPN+ literature, highlighting the affective experience as a possibility for people who do not fit into cisheteronormativity. Therefore, living one’s affections can be seen as an act of courage by transgressing hegemonic standards (Barros-Oliveira, 2009; Koury, Gomes, 2012; Foucault, 2011; Gros, 2004; Tillich, [1952] 1992; Aulete, 2011; Ferreira, 2010; Houaiss, 2009). The objective is to analyze how the novel presents cisheterosexual hegemony as responsible for the exclusion and stigmatization of those considered dissident. To this end, it is necessary to consider the humanizing force of Literature, which can be an ally in the fight for transformation and social justice, as stated by Antonio Candido ([1972] 1999, [1965] 2006, [1995] 2011). Literature also says the “unsaid”, providing deeper reflections on reality through fiction, according to Derrida (2014). Consequently, it is possible to rethink and even challenge the laws of hegemony. In order to investigate and question the social configurations of gender and sexuality, the theoretical-critical support is on Butler (2003, [1993] 2019), Foucault (1979, 1987, 1988), Louro (2004, 2018), Segdwick (2007), Silva (2000), Spargo (2017) and Weeks (2018). To address themes like affections and transformations by literacy, we rely on bell hooks (2013, 2021) and Paulo Freire (1967, 1979, [1996] 2019, [1979] 2023). Thus, we discuss how Raimundo uses his courage to give new meanings to his life even after negative experiences concerning his sexuality. In this process, affections play a fundamental role once they bring about new experiences and provide new access to the world and to oneself.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CAPES: 001Universidade Estadual Paulista (Unesp)Nigro, Cláudia Maria Ceneviva [UNESP]Leme Medeiros, Raul2024-03-15T19:58:11Z2024-03-15T19:58:11Z2024-02-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfLEME MEDEIROS, Raul. A vivência dos afetos como ato de coragem no romance "A palavra que resta", de Stênio Gardel. Dissertação (Mestrado em Letras) – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. São José do Rio Preto, p. 141. 2024.https://hdl.handle.net/11449/253883http://lattes.cnpq.br/4553234101234100https://orcid.org/0009-0006-5575-3212porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-03-16T06:01:27Zoai:repositorio.unesp.br:11449/253883Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-05-23T11:35:42.386709Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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