Narrativas e histórias em quadrinhos: reflexões sobre o preconceito e exclusão nas práticas corporais

• Autor(a) principal: Fabri, Eliane Isabel [UNESP]
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/148870
• topic: Exclusão; Preconceito; Práticas corporais; Narrativas; Experiência; Histórias em quadrinhos

O desenvolvimento de processos educativos que tematizem o preconceito e a exclusão passa, sobretudo, pela mobilização e mudança dos valores incorporados pelas crianças, adolescentes e jovens. Neste sentido, a narrativa oral circunscreveu o início deste processo com o propósito de dar visibilidade às histórias sobre preconceito e exclusão vividas e observadas pelos alunos. O cenário das práticas corporais, particularmente as atividades desenvolvidas em um específico projeto social, está repleto de situações de interação entre os alunos e, portanto, carregado de desafios relacionais. Sob este ponto de vista, este estudo buscou analisar o processo de construção de narrativas e de histórias em quadrinhos acerca das práticas corporais por alunos de um projeto social, bem como, identificar e analisar as experiências relacionadas aos preconceitos e aos processos de exclusão vividos ou observados por parte desses alunos. Articulado a esta pesquisa, foi construído um material didático intitulado Orientações para a Elaboração de Narrativas e Histórias em Quadrinhos com a Temática Preconceito e Exclusão nas Práticas Corporais com Crianças e Adolescentes. A metodologia, assentada na pesquisa qualitativa, se constituiu por uma pesquisa-ação. As técnicas de coleta dos dados envolveram: observações das atividades realizadas, registradas em notas de campo; narrativas orais e histórias em quadrinhos produzidas pelas crianças, adolescentes e jovens do projeto social. As narrativas orais foram gravadas e transcritas pela pesquisadora, após esse processo, os alunos as transformaram em história em quadrinhos. Participaram do estudo 37 crianças de seis a 12 anos e oito adolescentes e jovens de 13 a 17 anos. Foram coletadas 15 narrativas no total, nove narrativas das crianças e seis narrativas dos adolescentes e jovens do projeto social. Assentada na ideia de construção de categorias de análises, foi possível organizar três delas: 1. As narrativas e as histórias em quadrinhos: análise de dois processos educativos. 2. Reflexões sobre o preconceito e as situações de exclusão nas práticas corporais. 3. Experiências nos processos educativos. As produções das narrativas e das histórias em quadrinhos se afirmaram como recursos para as aprendizagens e para ampliar o debate sobre o preconceito e a exclusão nas práticas corporais. As situações de preconceito e exclusão foram destacadas por elementos relativos à diferença de gêneros, de habilidades corporais, e por não pertencimento ao grupo de amigos. Os lugares de ocorrência das experiências narradas foram: nove se referiam às aulas da Educação Física escolar; duas às práticas corporais realizadas pelo programa escola da família aos fins de semana; duas às aulas do projeto social; uma à escola de iniciação de futebol; uma ao intervalo da escola. As práticas corporais sinalizadas nas narrativas foram: futebol; basquetebol; queimada; dança; vôlei; brincadeiras; corrida. Em linhas gerais, o estudo apontou que o processo de construção de narrativas e de histórias em quadrinhos por parte de crianças, adolescentes e jovens do projeto social revelou ricos momentos de aprendizagens e de experiências sobre a exclusão e o preconceito nas práticas corporais. Durante todo o processo os alunos tiveram a oportunidade de refletir e aprender sobre as experiências de preconceito e de exclusão, sobre as histórias em quadrinhos e sobre a ressignificação das experiências. Acreditamos que as estratégias utilizadas se revelaram como recursos que podem ser explorados por professores de projetos sociais e de escolas para tratar das experiências dos alunos e trabalhar as questões relacionadas ao preconceito e a exclusão nas práticas corporais.