Empresariando a informalidade : mercado de trabalho e carreira na Gig Economy
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/219218 |
Resumo: | Após sucessivas transformações ao longo do século XX, o mercado de trabalho atual é diverso e múltiplo, marcado pela flexibilização e desenvolvimento tecnológico digital. Nesse contexto, surgem novos modos de organização econômica e laboral que implicam reconfigurações das relações de trabalho. Argumenta-se que, para dar conta das novas configurações de flexibilidade que se apresentam, é preciso avançar na análise das relações laborais contemporâneas, que não mais se caracterizam apenas como relações de emprego. Sustenta-se a tese de que está em curso um processo de agenciamento do trabalho informal que se apresenta na formação e expansão de mercados laborais digitais através da gig economy. Nesses mercados, grandes empresas multinacionais passam a mediar relações laborais através de plataformas on-line utilizando-se do trabalho informal. Esse fenômeno, denominado "empresariamento da informalidade", reorganiza, amplifica e imprime novos contornos ao trabalho informal e se desdobra em diversas instâncias. O objetivo geral desta tese é compreender, a partir da formação e expansão de mercados laborais digitais característicos da gig economy, os desdobramentos do processo de empresariamento da informalidade e seus reflexos nos mercados de trabalho e carreiras. Com orientação qualitativa, adotou-se a bricolagem como postura de investigação. Utilizou-se como campo de análise a atividade de motorista de aplicativos, investigada nacional e localmente (na cidade de Porto Alegre e região metropolitana). Apresentam-se cinco estudos que exploraram o fenômeno nas instâncias macro, meso e micro. O primeiro artigo objetivou promover a articulação entre os eixos da informalidade e do trabalho na gig economy para, então, avançar no conceito do empresariamento da informalidade. O segundo artigo buscou compreender o processo de formação do mercado de trabalho digital no contexto da atividade de motoristas de aplicativos no Brasil, em que diferentes atores disputam espaços ainda em delimitação. O habitus compartilhado em relação à atividade de motorista colaborou para consolidar o entendimento do trabalho como serviço informal e autônomo. Disputas econômicas, seja entre o público e o privado, seja entre grupos de trabalhadores, marcaram o processo. O terceiro artigo buscou analisar como está se configurando o mercado de trabalho para motoristas de aplicativos nos níveis individual, ocupacional e sócio-histórico. A inter-relação entre essas três instâncias de adequação dos trabalhadores revelou a conexão entre a alta capacidade adaptativa dos trabalhadores e questões mais amplas, marcadas por determinado tempo e contexto histórico. O quarto artigo buscou discutir como as perspectivas de tempo e contexto, além da capacidade de agência individual, podem influenciar as trajetórias de carreira dos trabalhadores em uma atividade característica da gig economy. O empresariamento da informalidade impacta os trabalhadores de modos distintos e revela a importância das questões estruturais do mercado de trabalho brasileiro. O último artigo objetivou investigar como motoristas de aplicativos de transporte estão atribuindo sentido ao seu trabalho. Destacou-se o aspecto instrumental e a lógica financeira atribuídos ao sentido do trabalho. Ao alcançar os objetivos geral e específicos, as contribuições deixadas por esta tese extrapolam as contribuições dos cinco estudos apresentados. Há espaços em aberto que atravessam as fronteiras macro, meso e micro e permitem a continuação da exploração da gig economy e os reflexos de mais uma reconfiguração do mercado de trabalho. Perguntas não respondidas e campos não explorados nesta tese delineiam diversas possibilidades de estudos futuros. |
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Vaclavik, Márcia CristianeOltramari, Andréa PoletoRocha-de-Oliveira, Sidinei2021-03-24T04:30:04Z2020http://hdl.handle.net/10183/219218001119559Após sucessivas transformações ao longo do século XX, o mercado de trabalho atual é diverso e múltiplo, marcado pela flexibilização e desenvolvimento tecnológico digital. Nesse contexto, surgem novos modos de organização econômica e laboral que implicam reconfigurações das relações de trabalho. Argumenta-se que, para dar conta das novas configurações de flexibilidade que se apresentam, é preciso avançar na análise das relações laborais contemporâneas, que não mais se caracterizam apenas como relações de emprego. Sustenta-se a tese de que está em curso um processo de agenciamento do trabalho informal que se apresenta na formação e expansão de mercados laborais digitais através da gig economy. Nesses mercados, grandes empresas multinacionais passam a mediar relações laborais através de plataformas on-line utilizando-se do trabalho informal. Esse fenômeno, denominado "empresariamento da informalidade", reorganiza, amplifica e imprime novos contornos ao trabalho informal e se desdobra em diversas instâncias. O objetivo geral desta tese é compreender, a partir da formação e expansão de mercados laborais digitais característicos da gig economy, os desdobramentos do processo de empresariamento da informalidade e seus reflexos nos mercados de trabalho e carreiras. Com orientação qualitativa, adotou-se a bricolagem como postura de investigação. Utilizou-se como campo de análise a atividade de motorista de aplicativos, investigada nacional e localmente (na cidade de Porto Alegre e região metropolitana). Apresentam-se cinco estudos que exploraram o fenômeno nas instâncias macro, meso e micro. O primeiro artigo objetivou promover a articulação entre os eixos da informalidade e do trabalho na gig economy para, então, avançar no conceito do empresariamento da informalidade. O segundo artigo buscou compreender o processo de formação do mercado de trabalho digital no contexto da atividade de motoristas de aplicativos no Brasil, em que diferentes atores disputam espaços ainda em delimitação. O habitus compartilhado em relação à atividade de motorista colaborou para consolidar o entendimento do trabalho como serviço informal e autônomo. Disputas econômicas, seja entre o público e o privado, seja entre grupos de trabalhadores, marcaram o processo. O terceiro artigo buscou analisar como está se configurando o mercado de trabalho para motoristas de aplicativos nos níveis individual, ocupacional e sócio-histórico. A inter-relação entre essas três instâncias de adequação dos trabalhadores revelou a conexão entre a alta capacidade adaptativa dos trabalhadores e questões mais amplas, marcadas por determinado tempo e contexto histórico. O quarto artigo buscou discutir como as perspectivas de tempo e contexto, além da capacidade de agência individual, podem influenciar as trajetórias de carreira dos trabalhadores em uma atividade característica da gig economy. O empresariamento da informalidade impacta os trabalhadores de modos distintos e revela a importância das questões estruturais do mercado de trabalho brasileiro. O último artigo objetivou investigar como motoristas de aplicativos de transporte estão atribuindo sentido ao seu trabalho. Destacou-se o aspecto instrumental e a lógica financeira atribuídos ao sentido do trabalho. Ao alcançar os objetivos geral e específicos, as contribuições deixadas por esta tese extrapolam as contribuições dos cinco estudos apresentados. Há espaços em aberto que atravessam as fronteiras macro, meso e micro e permitem a continuação da exploração da gig economy e os reflexos de mais uma reconfiguração do mercado de trabalho. Perguntas não respondidas e campos não explorados nesta tese delineiam diversas possibilidades de estudos futuros.After successive transformations throughout the 20th century, the current labor market is multiple and diverse, marked by flexibility and digital technological development. In this context, new ways of economic and labor organization emerge, imposing reconfigurations of labor relations. To deal with the new configurations of flexibility, in this thesis, we argue that it is necessary to move forward in the analysis of contemporary labor relations, which are no longer characterized only by employment relations. In this sense, we defend that it is underway a process of agency of the informal work that presents itself in the formation and expansion of digital labor markets through the gig economy. In these markets, large multinational companies start to mediate labor relations through online platforms using informal work. This phenomenon, called "enterprising the informality", reorganizes, amplifies, and prints new outlines for informal work and unfolds in different instances. Based on the formation and expansion of digital labor markets characteristic of the gig economy, the main objective of this thesis is to understand the unfolding events of the enterprising the informality process and its consequences in the labor market and career paths. With qualitative guidance, we adopted bricolage as a research posture. The ride-hailing activity and app-based driver occupation were used as a field of analysis, investigated nationally and locally (in Porto Alegre city and its metropolitan region). We presented five studies that explored the phenomenon in the macro, meso, and micro levels. The first article aimed to promote the articulation between the axis of informality and the work in the gig economy, to advance the concept of "enterprising the informality". The second article aimed to understand the digital labor market formation in the context of hide-railing activity in Brazil, in which different actors compete for spaces that are still in delimitation. The shared habitus concerning the driver activity collaborated to consolidate the understanding of work as an informal and autonomous service. Economic disputes and disputes between the public and the private or between groups of workers marked the process. The third article aimed to analyze how the job market for app-based is under configuration at the individual, occupational and socio-historical levels. The interrelationship between these three instances of workers’ fit revealed the connection between the workers’ high adaptive capacity and broader issues, characteristics of a specific time, and historical context. The fourth article aimed to discuss how the perspectives of time and context, in addition to the capacity of individual agency, can influence the career paths of workers in an activity characteristic of the gig economy. The enterprising the informality phenomenon impacts workers differently and reveals the importance of structural issues in the Brazilian labor market. The last article aimed to investigate how app-based drivers are giving meaning to their work. The instrumental aspect and the financial logic attributed by drivers to their work were highlighted. By answering the general and specific objectives, this thesis’ contributions go beyond the contributions of the five studies presented. There are open opportunities that cross the macro, meso, and micro levels. It allows continuing the exploration of the gig economy issues and its reflexes in the labor markets and career paths. There are unanswered questions and new fields that remain open and enable several possibilities for future studies.application/pdfporMercado de trabalhoMotoristasSentido do trabalhoPrecarização do trabalhoTrabalho informalLabor marketGig economySharing economyInformalityUberizationPrecariousnessRide-hailingApp-based driversCareerMeaning of workEmpresariando a informalidade : mercado de trabalho e carreira na Gig Economyinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de AdministraçãoPrograma de Pós-Graduação em AdministraçãoPorto Alegre, BR-RS2020doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001119559.pdf.txt001119559.pdf.txtExtracted Texttext/plain250876http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/219218/2/001119559.pdf.txt9de48fd58f5ca99a9b6101cbd834a395MD52ORIGINAL001119559.pdfTexto parcialapplication/pdf1318268http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/219218/1/001119559.pdf218080a703db01446c658639b20e9119MD5110183/2192182021-05-07 04:45:48.268671oai:www.lume.ufrgs.br:10183/219218Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-05-07T07:45:48Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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