Desigualdades sociais no ambiente alimentar comunitário e na presença de desertos alimentares em Porto Alegre : uma análise ecológica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/258598 |
Resumo: | O termo ambiente alimentar, dentre outras definições, pode ser entendido como o território onde as pessoas estão inseridas e o impacto disso no seu comportamento alimentar e pode ser classificado em: organizacional, do consumidor, da informação e comunitário. O ambiente alimentar comunitário busca o entendimento sobre o acesso e a disponibilidade dos estabelecimentos alimentares. No estudo dos ambientes alimentares pode-se usar como abordagem a identificação de desertos alimentares. Os desertos são áreas onde existem poucos ou nenhum estabelecimento que comercialize alimentos considerados saudáveis. O ambiente alimentar não se distribui igualmente, nem aleatoriamente, entre as populações, uma vez que o ambiente é diretamente influenciado pelas características socioeconômicas dos territórios. O presente trabalho tem como objetivo descrever o ambiente alimentar comunitário e a presença de desertos alimentares em Porto Alegre, bem como sua associação com características demográficas e socioeconômicas da população local. O estudo apresenta uma abordagem ecológica, sua unidade de análise foi os setores censitários da cidade de Porto Alegre. Os dados dos estabelecimentos alimentares foram disponibilizados pela Secretaria da Fazenda Estadual, do ano de 2020. Enquanto os dados sociodemográficos foram provenientes do Censo demográfico de 2010. Os procedimentos metodológicos seguiram os seguintes passos: (1) mapeamento e classificação dos estabelecimentos alimentares conforme o grau de processamento dos produtos comercializados (In natura e minimamente processados, mistos, ultraprocessados, supermercados e hipermercados); (2) identificação dos desertos alimentares (3) cálculo do Índice de Vulnerabilidade em Saúde (IVS) de cada setor censitário a partir das variáveis de saneamento e socioeconômicas que o compõe. As variáveis de saneamento incluìram os domicílios com coleta de lixo inadequada, esgotamento sanitário inadequado e abastecimento de água inadequado; e as variáveis socioeconômicas, a razão do número de moradores por domicílio, percentual de pessoas analfabetas, percentual de pessoas com rendimento per capita de até meio salário-mínimo, rendimento nominal médio das pessoas responsáveis pelo domicílio e percentual de domicílios com pessoas de raça/cor de pele preta, parda e indígena. Análises descritivas e espaciais foram conduzidas nos softwares SPSS versão 20 e Qgis versão 3.20.2. Foram excluídos 52 setores censitários que apresentavam dados sigilosos ou faltantes, totalizando uma amostra final de 2381 setores censitários. A amostra final foi de 10.871 estabelecimentos que comercializam alimentos. Os resultados apontam que os estabelecimentos que comercializam majoritariamente alimentos ultraprocessados foram os mais frequentes na cidade (61,20%). Além disso, os setores classificados com menor IVS apresentaram maiores médias de todos os tipos de estabelecimentos, enquanto que os setores que foram classificados com maior IVS (alto e muito alto) apresentaram menores médias de todos os estabelecimentos. Dos 2381 setores censitários analisados, 48,3% (n=1150) foram classificados como desertos alimentares e quanto maior a vulnerabilidade em saúde dos setores (maior IVS) maior a probabilidade de serem classificados como desertos alimentares. Analisando as características demográficas e socioeconômicas individualmente, destaca-se ainda, que setores censitários classificados como desertos alimentares tinham maior percentual de moradores pretos, pardos e indígenas e menor escolaridade e menores médias de renda. Dessa forma, a partir dos dados analisados se pode concluir que o padrão encontrado na cidade de Porto Alegre denota um possível padrão de desigualdades sociais em saúde, em que indivíduos que vivem em áreas mai |
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Borges, Daniely CasagrandeCanuto, RaquelVargas, Júlio Celso Borello2023-05-26T03:30:14Z2023http://hdl.handle.net/10183/258598001167986O termo ambiente alimentar, dentre outras definições, pode ser entendido como o território onde as pessoas estão inseridas e o impacto disso no seu comportamento alimentar e pode ser classificado em: organizacional, do consumidor, da informação e comunitário. O ambiente alimentar comunitário busca o entendimento sobre o acesso e a disponibilidade dos estabelecimentos alimentares. No estudo dos ambientes alimentares pode-se usar como abordagem a identificação de desertos alimentares. Os desertos são áreas onde existem poucos ou nenhum estabelecimento que comercialize alimentos considerados saudáveis. O ambiente alimentar não se distribui igualmente, nem aleatoriamente, entre as populações, uma vez que o ambiente é diretamente influenciado pelas características socioeconômicas dos territórios. O presente trabalho tem como objetivo descrever o ambiente alimentar comunitário e a presença de desertos alimentares em Porto Alegre, bem como sua associação com características demográficas e socioeconômicas da população local. O estudo apresenta uma abordagem ecológica, sua unidade de análise foi os setores censitários da cidade de Porto Alegre. Os dados dos estabelecimentos alimentares foram disponibilizados pela Secretaria da Fazenda Estadual, do ano de 2020. Enquanto os dados sociodemográficos foram provenientes do Censo demográfico de 2010. Os procedimentos metodológicos seguiram os seguintes passos: (1) mapeamento e classificação dos estabelecimentos alimentares conforme o grau de processamento dos produtos comercializados (In natura e minimamente processados, mistos, ultraprocessados, supermercados e hipermercados); (2) identificação dos desertos alimentares (3) cálculo do Índice de Vulnerabilidade em Saúde (IVS) de cada setor censitário a partir das variáveis de saneamento e socioeconômicas que o compõe. As variáveis de saneamento incluìram os domicílios com coleta de lixo inadequada, esgotamento sanitário inadequado e abastecimento de água inadequado; e as variáveis socioeconômicas, a razão do número de moradores por domicílio, percentual de pessoas analfabetas, percentual de pessoas com rendimento per capita de até meio salário-mínimo, rendimento nominal médio das pessoas responsáveis pelo domicílio e percentual de domicílios com pessoas de raça/cor de pele preta, parda e indígena. Análises descritivas e espaciais foram conduzidas nos softwares SPSS versão 20 e Qgis versão 3.20.2. Foram excluídos 52 setores censitários que apresentavam dados sigilosos ou faltantes, totalizando uma amostra final de 2381 setores censitários. A amostra final foi de 10.871 estabelecimentos que comercializam alimentos. Os resultados apontam que os estabelecimentos que comercializam majoritariamente alimentos ultraprocessados foram os mais frequentes na cidade (61,20%). Além disso, os setores classificados com menor IVS apresentaram maiores médias de todos os tipos de estabelecimentos, enquanto que os setores que foram classificados com maior IVS (alto e muito alto) apresentaram menores médias de todos os estabelecimentos. Dos 2381 setores censitários analisados, 48,3% (n=1150) foram classificados como desertos alimentares e quanto maior a vulnerabilidade em saúde dos setores (maior IVS) maior a probabilidade de serem classificados como desertos alimentares. Analisando as características demográficas e socioeconômicas individualmente, destaca-se ainda, que setores censitários classificados como desertos alimentares tinham maior percentual de moradores pretos, pardos e indígenas e menor escolaridade e menores médias de renda. Dessa forma, a partir dos dados analisados se pode concluir que o padrão encontrado na cidade de Porto Alegre denota um possível padrão de desigualdades sociais em saúde, em que indivíduos que vivem em áreas maiThe food environment, among other definitions, can be understood as the territory where people are inserted and the impact of this on their eating behavior and can be classified as: organizational, consumer, information and community. The community food environment seeks to understand the access to and availability of food establishments. The study of food environments can utilize the identification of food deserts approach. These deserts are areas where there are little to no establishments that sell food that is considered healthy. The food environment distributes itself neither evenly, nor randomly through populations, as the environment is directly influenced by the socioeconomic characteristics of the territory. The present paper describes the community food environment and the existence of food deserts in Porto Alegre, as well as its association with demographic and socioeconomic characteristics of the local population. The study presents an ecological approach, its unit of analysis was the census sectors of the city of Porto Alegre. The food establishments data was made available by the State Treasury Office, from the year 2020. As for the sociodemographic data, it was issued from the 2010 Census. The methodological procedures followed these subsequent steps: (1) mapping and classification of the food establishments according to the degree of food processing of the commercialized products (unprocessed and minimally processed, mixed, ultra processed, supermarkets and hypermarkets); (2) identification of food deserts; (3) the calculation of the Health Vulnerability Index (HVI) of each census sector, from the sanitation and socioeconomic variables that it is composed of. The sanitation variables included the households with inadequate trash collection, inadequate sanitation sewerage and inadequate water supply; and socioeconomic variables, the ratio of residents per household, percentage of illiterate, percentage of people with a per capita income of up to half a minimum salary, average nominal income of the people responsible for the household and percentage of households with people of race/color black, mixed race and indigenous. Descriptive and spatial analysis were conducted in the SPSS 20th version and version 3.20.2 of the Qgis, in order to describe the food environment and its statistical and spatial association with the HVI and other socioeconomic variables. 52 sectors that presented secret or missing data were excluded, summing a total sample of 2381 census sectors. The final sample of establishments that commercialized food was 10.871. The results indicate that the establishments that commercialized a majority of ultra processed foods were the most frequent in the city (61,2%). Aside from that, the sectors classified with the lowest HVI presented the highest averages of all the types of establishments, while the sectors with the highest HVI (high and very high) presented the lowest averages of all the establishments. Out of the 2381 analyzed census sectors, 48,3% (n=1150) were classified as food deserts and the higher the vulnerability in the health sectors (higher HVI), the higher the probability of them being classified as food deserts. Individually analyzing the socioeconomic characteristics, it stands out that the census sectors classified as food deserts had a higher percentage of black, mixed race and indigenous and lower level of education and lower salary averages. Thus and so, from the data analyzed, it can be concluded that the pattern found in the city of Porto Alegre denotes a possible pattern of social inequalities in health, in which individuals that live in central areas have more possibility of access to healthier foods, whilst those that live in peripheral regions, and of higher vulnerability, have limited access to food.application/pdfporDeterminantes sociais da saúdeAlimentosDietaEcologia da nutriçãoFatores socioeconômicosNutriçãoPorto Alegre (RS)Food environmentNeighborhoodFood desertsAccessibilityDesigualdades sociais no ambiente alimentar comunitário e na presença de desertos alimentares em Porto Alegre : uma análise ecológicainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e SaúdePorto Alegre, BR-RS2023mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001167986.pdf.txt001167986.pdf.txtExtracted Texttext/plain105810http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/258598/2/001167986.pdf.txted03a9538f14b748abc1342b4fb37530MD52ORIGINAL001167986.pdfTexto parcialapplication/pdf1183622http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/258598/1/001167986.pdf03bdb1c2e8bc7eda4c9a707a138f2730MD5110183/2585982023-11-25 04:26:40.746034oai:www.lume.ufrgs.br:10183/258598Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-11-25T06:26:40Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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