Vivência intencional : um estudo sobre o conceito de intencionalidade nas Investigações Lógicas de Edmund Husserl

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ramos, Crislaine Saviane de
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/271726
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo investigar o conceito de consciência como vivência intencional ou intencionalidade na Fenomenologia de Edmund Husserl (1859 - 1938). Para tanto, utilizamos como principal referência a obra Investigações Lógicas (1900/1901). Esse conceito, herdado da psicologia de Franz Brentano (1838 - 1917), tornou-se um conceito chave para a Fenomenologia. Brentano em Psicologia do ponto de vista empírico de 1874, utilizou a noção visando distinguir os fenômenos psíquicos dos fenômenos físicos, a principal característica dos fenômenos psíquicos é sua inexistência intencional, ou seja, sua referência a um objeto. Embora seja herdeiro da teoria brentaniana, a concepção de Husserl, em certo aspecto diferiu da concepção de seu mestre. Edmund Husserl partiu de um projeto de clarificação dos conceitos fundamentais da lógica, tarefa desempenhada nos Prolegômenos (1900), que contém uma crítica ao psicologismo, sobretudo, o psicologismo lógico, e sua concepção de Lógica Pura. O modo de pensar psicologista não resolvia de modo satisfatório o problema fundamental da teoria do conhecimento, isto é, como é possível alcançar a objetividade do conhecimento. Os objetos lógicos e matemáticos, ou seja, objetos ideais, não se encontram em uma gênese psicológica. Uma refutação ao psicologismo lógico apenas é possível ao se demonstrar não apenas a existência de objetos ideais, mas também a possibilidade de os acessar. Isto posto, é necessário analisar como eles podem ser explicitados a partir da cognição, com caráter subjetivo. É imprescindível demonstrar a independência das estruturas ideais, e, simultaneamente, tornar compreensível a possibilidade de sua apreensão por parte da consciência. Nesse sentido, a pesquisa fenomenológica torna-se um complemento epistemológico essencial para a Lógica pura. A Fenomenologia terá como tarefa uma clarificação dessa Lógica Pura, isto significa analisar os seus objetos para uma investigação da própria consciência em suas estruturas constitutivas de sentido. Deste modo, Husserl precisou tematizar a relação entre subjetividade e transcendência no processo do conhecimento, desvinculando o ato de qualquer fundamentação psicológica em uma tentativa de autofundamentação absoluta. Essa análise irá considerar o conceito de consciência como vivência intencional e sua distinção entre ato, conteúdo e objeto, que apontará para a correlação entre objetividade e subjetividade. Esse retorno a subjetividade, contudo, não é uma volta ao psicologismo, pois se trata de uma descrição da correlação entre ato e objeto, descrevendo sua estrutura a priori. O filósofo teve em vista descrever a estrutura da consciência enquanto vivência intencional, enfatizando esse conceito como elemento constituidor do conhecimento. A compreensão husserliana do conceito lhe permitiu atribuir uma posição peculiar aos objetos ideais, um instrumento para a compreensão dos atos e os objetos ideais visados por eles.
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Edmund Husserl partiu de um projeto de clarificação dos conceitos fundamentais da lógica, tarefa desempenhada nos Prolegômenos (1900), que contém uma crítica ao psicologismo, sobretudo, o psicologismo lógico, e sua concepção de Lógica Pura. O modo de pensar psicologista não resolvia de modo satisfatório o problema fundamental da teoria do conhecimento, isto é, como é possível alcançar a objetividade do conhecimento. Os objetos lógicos e matemáticos, ou seja, objetos ideais, não se encontram em uma gênese psicológica. Uma refutação ao psicologismo lógico apenas é possível ao se demonstrar não apenas a existência de objetos ideais, mas também a possibilidade de os acessar. Isto posto, é necessário analisar como eles podem ser explicitados a partir da cognição, com caráter subjetivo. É imprescindível demonstrar a independência das estruturas ideais, e, simultaneamente, tornar compreensível a possibilidade de sua apreensão por parte da consciência. Nesse sentido, a pesquisa fenomenológica torna-se um complemento epistemológico essencial para a Lógica pura. A Fenomenologia terá como tarefa uma clarificação dessa Lógica Pura, isto significa analisar os seus objetos para uma investigação da própria consciência em suas estruturas constitutivas de sentido. Deste modo, Husserl precisou tematizar a relação entre subjetividade e transcendência no processo do conhecimento, desvinculando o ato de qualquer fundamentação psicológica em uma tentativa de autofundamentação absoluta. Essa análise irá considerar o conceito de consciência como vivência intencional e sua distinção entre ato, conteúdo e objeto, que apontará para a correlação entre objetividade e subjetividade. Esse retorno a subjetividade, contudo, não é uma volta ao psicologismo, pois se trata de uma descrição da correlação entre ato e objeto, descrevendo sua estrutura a priori. O filósofo teve em vista descrever a estrutura da consciência enquanto vivência intencional, enfatizando esse conceito como elemento constituidor do conhecimento. A compreensão husserliana do conceito lhe permitiu atribuir uma posição peculiar aos objetos ideais, um instrumento para a compreensão dos atos e os objetos ideais visados por eles.This dissertation aims to investigate the concept of consciousness as intentional experience or intentionality in the Phenomenology of Edmund Husserl (1859 - 1938). To this end, we use the work Logical Investigations (1900/1901) as our main reference. This concept, inherited from the psychology of Franz Brentano (1838 - 1917), became a key concept for Phenomenology. In Psychology from an Empirical Point of View (1874), Brentano used the notion with the aim of distinguishing psychic phenomena from physical phenomena. The main characteristic of psychic phenomena is their intentional non-existence, i.e., their reference to an object. Although he was heir to Brentano’s theory, Husserl’s conception differed in some respects from that of his master. Edmund Husserl set out on a project to clarify the fundamental concepts of logic, a task he carried out in Prolegomena (1900), which contains a critique of psychologism, especially logical psychologism, and its conception of Pure Logic. The psychologist’s way of thinking did not satisfactorily solve the fundamental problem of the theory of knowledge, that is, how it is possible to achieve objectivity in knowledge. Logical and mathematical objects, i.e., ideal objects, do not have a psychological genesis. A refutation of logical psychologism is only possible by demonstrating not only the existence of ideal objects, but also the possibility of accessing them. That said, it is necessary to analyze how they can be made explicit from cognition, which has a subjective character. It is essential to demonstrate the independence of ideal structures and, at the same time, to make comprehensible the possibility of their apprehension by consciousness. In this sense, phenomenological research becomes an essential epistemological complement to Pure Logic. The task of Phenomenology will be to clarify this Pure Logic, which means analyzing its objects in order to investigate consciousness itself in its constitutive structures of meaning. Therefore, Husserl needed to thematize the relationship between subjectivity and transcendence in the process of knowledge, detaching the act from any psychological foundation in an attempt at absolute self-foundation. This analysis will consider the concept of consciousness as intentional experience and its distinction between act, content and object, which will point to the correlation between objectivity and subjectivity. This return to subjectivity is not, however, a return to psychologism, because it’s a description of the correlation between act and object, describing it’s a priori structure. The philosopher sought to describe the structure of consciousness as intentional experience, emphasizing this concept as a constituent element of knowledge. Husserl’s understanding of the concept allowed him to attribute a peculiar position to ideal objects, an instrument for understanding acts and the ideal objects they target.application/pdfporFenomenologiaIntencionalidade (Filosofia)Consciência (Filosofia)PhenomenologyIdeal objectsConsciousnessIntentional experienceMeaningVivência intencional : um estudo sobre o conceito de intencionalidade nas Investigações Lógicas de Edmund Husserlinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaPorto Alegre, BR-RS2023mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001194618.pdf.txt001194618.pdf.txtExtracted Texttext/plain330966http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/271726/2/001194618.pdf.txt27751903d6373750ffcd044ddd5de8dcMD52ORIGINAL001194618.pdfTexto completoapplication/pdf939570http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/271726/1/001194618.pdf79b49c9388ea9d778e554b9acf7c9085MD5110183/2717262024-02-09 06:08:39.284544oai:www.lume.ufrgs.br:10183/271726Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-02-09T08:08:39Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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