Saúde planetária : diálogos necessários para a educação científica em uma escola ribeirinha no sul do Amazonas

• Autor(a) principal: Melo, Paula Regina Humbelino de
• Data de Publicação: 2024
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/274056
• topic: Educação científica; Educação ambiental; Educação básica; Amazônia; Amazon; Planetary health; Education; Riverside students; Salud planetaria; Educación; Estudiantes ribereños

A Saúde Planetária é um campo transdisciplinar que busca compreender os impactos ambientais comprometedores do futuro da humanidade e propor soluções para essas problemáticas. Trata-se de uma área que necessita ser incorporada em todas as esferas de atuação, destacando-se, entre elas, a Educação Básica. Uma das regiões geográficas que sofre constantes ataques antropogênicos é a Amazônia, um bioma de grande importância para a humanidade que se encontra fortemente ameaçado, principalmente devido ao desmatamento, às queimadas, ao uso inadequado da terra e à extração mineral. Diante disso, o objetivo geral da tese foi abordar a integração de temáticas relacionadas à Saúde Planetária em uma escola de campo localizada na Amazônia brasileira, visando a re(pensar) práticas para mitigação e adaptação às crises ambientais. Esse enfoque considerou as interconexões entre educação, saúde e ambiente em escalas local e global. O público-alvo da pesquisa consistiu em professores e estudantes de uma escola ribeirinha no sul do Amazonas. Para a coleta de dados, foram empregadas metodologias distintas em cada capítulo, envolvendo pesquisa em bases bibliográficas, entrevistas com professores, elaboração de material educativo, aplicação de questionários e desenvolvimento de atividades educativas junto aos estudantes ribeirinhos. As análises de dados abrangeram técnicas como análise temática, análise de conteúdo no software NVivo 1.5 e a aplicação do teste exato de Fisher por meio da linguagem de programação R. Os resultados da pesquisa evidenciaram a incipiência de trabalhos sobre Saúde Planetária na Educação Básica. Destacaram-se, ainda, os principais problemas ambientais relacionados às ações antropogênicas na comunidade e na escola, conforme apontado pelos professores. Entre essas questões, destacam-se o descarte de lixo no rio, a extração mineral, a falta de saneamento básico e a predominância de alimentos ultraprocessados na merenda escolar. A identificação desses impactos possibilitou a elaboração de materiais educativos contextualizados para a Região Amazônica. A percepção dos estudantes em relação aos impactos socioambientais locais revelou um contexto marcado por desigualdades e iniquidades, padrões alimentares que comprometem a saúde, o uso de energia proveniente de fontes poluidoras, a utilização de água de poços na comunidade e a prática de queima de resíduos reciclados. No que diz respeito às mudanças climáticas, observou-se que os estudantes apresentaram dificuldades em conceituar com precisão o fenômeno, sendo também identificada uma lacuna na abordagem dessa temática na escola do campo. Observou-se, também, que os estudantes ribeirinhos se consideram parte integrante da natureza, sendo que mais da metade deles reconhece a relação entre os impactos ambientais e a saúde. Além disso, afirmam ter seus direitos assegurados e apontam mudanças necessárias para reduzir os impactos ambientais locais. No que diz respeito às ações educativas implementadas, os estudantes vivenciaram novas experiências relacionadas às temáticas da Saúde Planetária. Eles compreenderam a centralidade da Amazônia para o planeta e como os impactos ambientais nesse bioma estão comprometendo o futuro da humanidade. Diante dos resultados, a pesquisa reforça a importância da integração de temáticas sobre Saúde Planetária na Educação Básica. Essa abordagem emerge como uma iniciativa promissora para promover o diálogo com o conhecimento e repensar práticas de mitigação e adaptação às crises ambientais. Destaca-se a relevância de considerar as diversas interconexões existentes entre educação, saúde e meio ambiente no desenvolvimento de estratégias eficazes para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos.