Como surgem sociedades divididas?
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Plural (São Paulo. Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/196765 |
Resumo: | O artigo analisa forças divisivas nas sociedades contemporâneas e as conecta às esperanças incumpridas oriundas das revoluções do início da modernidade: as esperanças por igualdade, liberdade e fraternidade/solidariedade. Antes de tudo, no século XXI, podemos dizer que há desigualdades persistentes que emergem em todos os sistemas funcionais da sociedade e tornam-se divisivas assim que eclode uma cisão descontínua na distribuição de ganhos. Cisão esta que torna improvável que alguém se movimente de um lado ao outro da distribuição. Em segundo lugar, há fortes dependências assimétricas vinculadas a um aumento dos controles por parte de pessoas e grupos que controlam recursos desejados por outros; essas dependências, por sua vez, fortalecem o acréscimo dos controles dos primeiros sobre os últimos, seja sobre ações, comunicações, opções de saída e/ou modos de perceber o mundo. Quanto maiores as dimensões de controle presumidas numa relação social dada, mais fortes e pervasivas as dependências assimétricas, as quais separam a sociedade entre aqueles que exercem controles e aqueles que são objeto de controle. Há ainda, em terceiro lugar, como estrutura de divisão, a ascensão da polarização sociocultural. Ela cria uma cisão entre subcomunidades significantes de uma sociedade com base em quais comunidades percebem os membros de outras como perigosos e estranhos aos valores e formas de vida considerados essenciais para a própria comunidade. O artigo explica, por fim, tais divisões societais ao estudá-las como formas de inclusão e exclusão. Desigualdades advêm de acumulação nas dinâmicas de inclusão dos sistemas funcionais; dependências assimétricas emergem em instituições e grupos que absorvem pessoas excluídas de participações relevantes em experiências e cursos de ação; polarizações baseiam-se nas exclusões recíprocas e totalizantes pelas quais comunidades definem membros de outras comunidades como ‘outros’ radicais. |
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Como surgem sociedades divididas? How do divided societies come about?Sociedade divididaDesigualdadeDependência assimétricaPolarização socioculturalInclusão e exclusãoEstranhosDivided societyInequalityAsymmetrical dependencySociocultural polarizationInclusion and exclusionStrangersO artigo analisa forças divisivas nas sociedades contemporâneas e as conecta às esperanças incumpridas oriundas das revoluções do início da modernidade: as esperanças por igualdade, liberdade e fraternidade/solidariedade. Antes de tudo, no século XXI, podemos dizer que há desigualdades persistentes que emergem em todos os sistemas funcionais da sociedade e tornam-se divisivas assim que eclode uma cisão descontínua na distribuição de ganhos. Cisão esta que torna improvável que alguém se movimente de um lado ao outro da distribuição. Em segundo lugar, há fortes dependências assimétricas vinculadas a um aumento dos controles por parte de pessoas e grupos que controlam recursos desejados por outros; essas dependências, por sua vez, fortalecem o acréscimo dos controles dos primeiros sobre os últimos, seja sobre ações, comunicações, opções de saída e/ou modos de perceber o mundo. Quanto maiores as dimensões de controle presumidas numa relação social dada, mais fortes e pervasivas as dependências assimétricas, as quais separam a sociedade entre aqueles que exercem controles e aqueles que são objeto de controle. Há ainda, em terceiro lugar, como estrutura de divisão, a ascensão da polarização sociocultural. Ela cria uma cisão entre subcomunidades significantes de uma sociedade com base em quais comunidades percebem os membros de outras como perigosos e estranhos aos valores e formas de vida considerados essenciais para a própria comunidade. O artigo explica, por fim, tais divisões societais ao estudá-las como formas de inclusão e exclusão. Desigualdades advêm de acumulação nas dinâmicas de inclusão dos sistemas funcionais; dependências assimétricas emergem em instituições e grupos que absorvem pessoas excluídas de participações relevantes em experiências e cursos de ação; polarizações baseiam-se nas exclusões recíprocas e totalizantes pelas quais comunidades definem membros de outras comunidades como ‘outros’ radicais.The paper looks at divisive forces in contemporary societies and it links them to the unfulfilled hopes of the revolutions at the beginning of modernity: the hopes for equality, freedom and fraternity/solidarity. There are, first, in the 21st century situation, persistent inequalities that emerge in all the function systems of society and become divisive as soon as there arises a discontinuous split in the distribution of rewards, a split that makes it improbable that someone might switch from one to the other side of a distribution. There are, second, strong, asymmetrical dependencies that are connected to an escalation of controls by which persons and groups control resources wanted by others and furthermore build up controls regarding the actions, communications, exit options and ways of perceiving the world being available to these other ones. The more control dimensions are implied in a specific social relation, the stronger and more pervasive asymmetrical dependencies become and then definitely separate in society those who exercise controls from those who are objects of control. There is, third, as a structure of division the rise of sociocultural polarization that creates a split between significant subcommunities of a society, on the basis of which communities perceive the members of other communities as strangers and as dangerous for the values and life forms one regards as essential for one’s own community. The paper finally explains these societal divisions by studying them as forms of inclusion and exclusion. Inequalities come from cumulations in the inclusion dynamics of function systems; asymmetrical dependencies emerge in institutions and groups that absorb persons that are being excluded from relevant participations; polarizations are based on reciprocal and totalizing exclusions by which communities define the members of other communities as radical ‘others’.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2023-06-30info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdftext/xmlhttps://www.revistas.usp.br/plural/article/view/19676510.11606/issn.2176-8099.pcso.2023.196765Plural; v. 30 n. 01 (2023): Sociologia digital e suas reflexões; 196-212Plural; Vol. 30 Núm. 01 (2023): Sociologia digital e suas reflexões; 196-212Plural; Vol. 30 No. 01 (2023): Sociologia digital e suas reflexões; 196-2122176-80990104-6721reponame:Plural (São Paulo. Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/plural/article/view/196765/195055https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/196765/197061Copyright (c) 2023 Política de direitos compartilhadoshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessBarros, José Vitor SilvaStichweh, Rudolf2023-10-18T14:16:36Zoai:revistas.usp.br:article/196765Revistahttp://www.revistas.usp.br/pluralPUBhttp://www.revistas.usp.br/plural/oaiplural@usp.br||2176-80992176-8099opendoar:2023-10-18T14:16:36Plural (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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