O autismo na pólis: efeitos sobre o lugar da criança no imaginário social no Brasil
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Estilos da Clínica (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/estic/article/view/186958 |
Resumo: | O autismo tornou-se um mediador do laço entre adultos e crianças, comparecendo mesmo onde não está. A insistência desse significante em diferentes espaços, o excesso de circulação discursiva a respeito da categoria diagnóstica de Transtorno do Espectro Autista e do desenvolvimento psíquico de bebês e crianças, além de cristalizar atalhos diagnósticos postos, testemunham novas marcas que se inscrevem nas crianças nestes tempos. Mais precisamente, autismo se tornou aquilo em nome de que intervimos junto às crianças, sendo ao mesmo tempo o nome de um risco a ser evitado e a amplificação da maneira como nós, adultos, sonhamos e construímos a criança no imaginário social. Em ambas as posições, tem-se no horizonte uma criança ideal. Esta é a tese que buscamos defender ao longo do trabalho. Nossas reflexões se sustentaram no mapeamento de um contexto macropolítico particular que envolve o autismo, desdobrado ao longo do trabalho. Neste, o aumento das taxas de prevalência do diagnóstico, a mobilização de associações de pais e familiares e dos próprios autistas transformou o assunto em preocupação de saúde pública. No Brasil, as intervenções se organizam em um campo complexo e dão origem a proposições políticas voltadas ao tema, grande parte delas elegendo crianças como público alvo. A partir de uma revisão de literatura e de pesquisa bibliográfica, apresentamos o que nomeamos campo do autismo organizado em três vetores, contemplando as disputas referentes ao diagnóstico e aos tratamentos; os efeitos do reconhecimento do autismo como deficiência; as reivindicações das associações de pais e familiares e dos autistas. As disputas em cena em cada um desses três vetores configuram um verdadeiro campo de batalha. Interessados pelas proposições políticas brasileiras da última década especificamente dirigidas ao autismo e pelas relações estabelecidas entre autismo e infância, a tese tem como objetivo compreender como as proposições sobre o autismo e suas políticas correlatas dizem do lugar fabricado e reservado nos dias de hoje às crianças no imaginário social, a partir do qual cada criança terá que advir como sujeito e conquistar para si um lugar singular. A análise transitou entre dois planos discursivos, a partir do diálogo com autores do campo psicanalítico e com leituras sociológicas e antropológicas, assim como de políticas públicas brasileiras que permitiram mapear o cenário atual do autismo como questão pública. Assim, a partir das políticas para autismo, desenvolvemos uma reflexão sobre a dimensão política da vida cotidiana com as crianças e do laço proposto a elas. |
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