Da experiência estética para a experiência psicanalítica: reverberações entre força, figura e sentido

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Adriana Barbosa
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-01102014-124535/
Resumo: O que a experiência estética ensina aos psicanalistas? Essa pergunta ampla dá início às investigações deste trabalho sustentado pela hipótese de que há uma dimensão estética na experiência analítica. Configuramos as problemáticas da análise do estético e da sublimação, a partir de Freud, para em seguida recolher as influências da estética e reanalisar certas conceitualizações da psicanálise. Consideramos que experiência estética e experiência analítica são vizinhas e enfrentam problemas homólogos ligados: 1- à contiguidade entre sensibilidade e inteligibilidade; 2- a não hierarquia entre o regime representativo e o regime estético (apresentativo) nos processos de significação; 3- à dimensão de ruptura de sentido no estético. As relações entre experiência estética e os processos de sublimação, a partir da reciprocidade entre atividade e passividade na experiência de apreciação e de criação, sugerem que esses processos sejam estudados de modo adjacente. A partir da análise estética da formatividade (Pareyson) e das relações intrínsecas entre conteúdo e forma, é investigada a metapsicologia das relações, sempre fugidias, entre imagem e palavra, e os processos de figurabilidade/apresentação (Darstellung). Resgata-se a legitimidade de se reconhecer os processos oníricos como um dos modelos de análise do estético e da criatividade em psicanálise. Em outra dimensão do estético, estabelecemos aproximações entre a estética do sublime e o estranhofamiliar de Freud, como experiências de ruptura de sentido. A ruptura, sob certas condições, está na base das experiências de ressignificação, nas bordas do irrepresentado e do irrepresentável da experiência. A figurabilidade/apresentação é compreendida como transformação de inscrições psíquicas mudas em formas eloquentes e tem efeitos na interpretação e no manejo na clínica com destaque para as construções em análise. No que toca a sublimação, articulada à experiência estética, levamos adiante a formulação de Freud de que há uma relação entre os processos criativos e o brincar da criança. A experiência estética e o brincar da criança retiram as análises de Freud sobre a sublimação de uma perspectiva adaptativa e deserotizada. Destacamos, não o suposto conteúdo recalcado dessas atividades, mas a transformação da pulsão, articulada aos elementos formais que participam tanto do brincar quanto do trabalho do artista. Propusemos uma relação de coconstituição entre processos sublimatórios, instâncias psíquicas (id, ego, superego) e a organização da pulsão, através de jogos constituintes de ausência e presença, continuidade e descontinuidade, identidade e alteridade. Brincar e sublimar são jogos constitutivos de prazer e luto que articulam objeto subjetivo e objeto objetivo na área transicional da experiência. Reconhece-se, por outro lado, os limites dos processos sublimatórios e a participação das forças de desligamento pulsional. As implicações no manejo e interpretação também são abordadas na análise com crianças, privilegiando a construção dos processos de figurar e ficcionar. Consideramos que a reanálise das relações entre a experiência estética e sublimação contribui para destacar a dimensão estética e criativa da clinica psicanalítica contemporânea
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Consideramos que experiência estética e experiência analítica são vizinhas e enfrentam problemas homólogos ligados: 1- à contiguidade entre sensibilidade e inteligibilidade; 2- a não hierarquia entre o regime representativo e o regime estético (apresentativo) nos processos de significação; 3- à dimensão de ruptura de sentido no estético. As relações entre experiência estética e os processos de sublimação, a partir da reciprocidade entre atividade e passividade na experiência de apreciação e de criação, sugerem que esses processos sejam estudados de modo adjacente. A partir da análise estética da formatividade (Pareyson) e das relações intrínsecas entre conteúdo e forma, é investigada a metapsicologia das relações, sempre fugidias, entre imagem e palavra, e os processos de figurabilidade/apresentação (Darstellung). Resgata-se a legitimidade de se reconhecer os processos oníricos como um dos modelos de análise do estético e da criatividade em psicanálise. Em outra dimensão do estético, estabelecemos aproximações entre a estética do sublime e o estranhofamiliar de Freud, como experiências de ruptura de sentido. A ruptura, sob certas condições, está na base das experiências de ressignificação, nas bordas do irrepresentado e do irrepresentável da experiência. A figurabilidade/apresentação é compreendida como transformação de inscrições psíquicas mudas em formas eloquentes e tem efeitos na interpretação e no manejo na clínica com destaque para as construções em análise. No que toca a sublimação, articulada à experiência estética, levamos adiante a formulação de Freud de que há uma relação entre os processos criativos e o brincar da criança. A experiência estética e o brincar da criança retiram as análises de Freud sobre a sublimação de uma perspectiva adaptativa e deserotizada. Destacamos, não o suposto conteúdo recalcado dessas atividades, mas a transformação da pulsão, articulada aos elementos formais que participam tanto do brincar quanto do trabalho do artista. Propusemos uma relação de coconstituição entre processos sublimatórios, instâncias psíquicas (id, ego, superego) e a organização da pulsão, através de jogos constituintes de ausência e presença, continuidade e descontinuidade, identidade e alteridade. Brincar e sublimar são jogos constitutivos de prazer e luto que articulam objeto subjetivo e objeto objetivo na área transicional da experiência. Reconhece-se, por outro lado, os limites dos processos sublimatórios e a participação das forças de desligamento pulsional. As implicações no manejo e interpretação também são abordadas na análise com crianças, privilegiando a construção dos processos de figurar e ficcionar. Consideramos que a reanálise das relações entre a experiência estética e sublimação contribui para destacar a dimensão estética e criativa da clinica psicanalítica contemporâneaWhat does the aesthetic experience teach psychoanalysts? It is this wide question that opens the investigations in this work, which is supported by the hypothesis of an aesthetic dimension in the psychoanalytic experience. After setting up aesthetics and sublimations analysis problems, following Freud, aesthetics influences are gathered and some psychoanalytical concepts reanalyzed. The aesthetic and the analytical experiences are considered to be neighbors, facing homologous problems, related to: (1) contiguity between sensibility and intelligibility; (2) non-hierarchy between the representative regime and the aesthetic regime (presentative) in the signifying processes; (3) the rupture of meanings dimension within aesthetics. The relations between the aesthetic experience and the sublimation processes, according to activity and passivitys reciprocity in the creation and appreciation experience, suggest that these processes be studied in an adjacent manner. Following Pareysons formativitys aesthetic analysis and the intrinsic relations between form and content, the ever escaping relations between image and word, as well as the figurabilty/presentation (Darstellung) processes are investigated. The oniric processes legitimacy in the analysis of aesthetics and creativity in psychoanalysis is then recovered. In another dimension of aesthetics, an approximation between the sublime and Freuds Unheimlich, as an experience of rupture of meaning, is established. This rupture, under certain conditions, is at the bottom of re-signification experiences, on the verge of what is not represented and of what is non representable in experience. Figurablity/presentation is understood as transformations of mute inscriptions into eloquent forms. From these, effects on interpretation and clinical handling are implied, with a stress on constructions in analysis. Concerning sublimation, when articulated to the aesthetic experience, Freuds formulation that there is a relation between creative processes and childrens play is furthered developed. The aesthetic experience and childrens play aid Freuds analysis of sublimation from an adaptive de-erotized perspective. What is emphasized is not the supposed repressed content of such activities, but drives transformation, articulated to formal elements which participate both in childrens play and in artists work. A co-constitution relation among sublimation processes, psychic instances (ego, id, superego) and drives organization is proposed, through elementary games of presence and absence, continuity and discontinuity, identity and otherness. To play and sublimate are constitutive games of pleasure and mourning that articulate both the subjective object and the objective object in the experiences transitional area. On the other hand, limits of the sublimation processes and the participation of unlinking drive forces are recognized. The implications on analysis handling and interpretation in childrens analysis are also approached, with a privilege on the construction process of figures and fiction. It is considered, then, that this re-analysis of the relations between the aesthetic experience and sublimation contributes to highlight the aesthetic and creative dimension of contemporary psychoanalytical clinicBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCoelho Junior, Nelson ErnestoPereira, Adriana Barbosa2014-05-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-01102014-124535/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-10-01T06:00:07Zoai:teses.usp.br:tde-01102014-124535Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-10-01T06:00:07Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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