Organização sequencial e otimização do comportamento na quebra de frutos encapsulados por macacos-prego (Sapajus sp.) em semi-liberdade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Corat, Clara de Souza
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-28082013-161049/
Resumo: O uso de ferramentas para a quebra de frutos encapsulados requer a associação de três elementos: o fruto encapsulado; o martelo, uma pedra ou tronco de árvore resistente solto, o qual o animal consegue carregar e levantar; e a bigorna, uma superfície rígida e fixa. Este estudo dá continuidade às pesquisas que vêm sendo desenvolvidas com um grupo de macacos-prego (Sapajus sp.) em semi-liberdade do Parque Ecológico do Tietê. Dividimos este estudo em duas etapas principais (#1 e #2), e uma paralela (#1B). Na Etapa 1, buscamos analisar se os macacos-prego exibem um padrão na organização das sequências de comportamentos para a realização da quebra de cocos. Disponibilizamos os três elementos para a quebra de coco (coco, martelo e bigorna) em um triângulo, separados, equidistantes e visíveis, cada um pareado com uma placa com padrões gráficos distintos. Assim, para realizar a quebra, os indivíduos precisavam visitar os vértices do triângulo e reunir os elementos móveis (cocos e martelos) na bigorna. Nossos resultados mostram que eles apresentam um padrão bem definido para realizar a sequência de quebra de cocos, sendo o coco o primeiro elemento da quebra a ser coletado, seguido pelo martelo e, depois, pelo transporte de ambos para a bigorna. Observamos que este é um dos trajetos mais curtos e aquele com o menor custo de transporte de martelo. Na Etapa 2, buscamos analisar se a coleta do martelo em segundo lugar é um mecanismo de otimização do transporte de ferramentas ou um subproduto da priorização da obtenção do coco. Disponibilizamos dois martelos, de mesmo peso, a distâncias distintas da bigorna e dos cocos, desta maneira o custo do transporte de martelos (energético e risco de lesões) seria maior ou menor dependendo da escolha, pelo indivíduo, de um ou outro martelo. Nossos resultados mostram que, de fato, a escolha do martelo mais próximo à bigorna e a sequência em que os elementos são coletados diminuem os custos do transporte de martelos. Na Etapa 1B analisamos, através da organização sequencial para a realização da quebra de cocos, se os macacos-prego aprenderam a associação entre padrões gráficos distintos e elementos da quebra de cocos. Para isso utilizamos a mesma configuração do sítio experimental e metodologia da Etapa 1, mas ocultamos os elementos com bacias opacas, de modo que as únicas informações a respeito da posição dos elementos nos vértices seriam as placas com padrões gráficos. Os resultados desta etapa mostraram que os indivíduos não associaram os padrões gráficos com os elementos de quebra durante as Etapas 1 e 1B deste estudo. Acreditamos que os macacos podem não ter realizado a associação na Etapa 1, porque os elementos estavam visíveis, ou seja, não havia a necessidade da associação; a qual seria vantajosa, apenas, na Etapa 1B, mas ela também não ocorreu ao longo desta etapa, talvez pelo tempo reduzido de exposição dos macacos ao problema, somado ao desinteresse dos indivíduos - possivelmente, devido à falta do estímulo visual dos elementos
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Na Etapa 1, buscamos analisar se os macacos-prego exibem um padrão na organização das sequências de comportamentos para a realização da quebra de cocos. Disponibilizamos os três elementos para a quebra de coco (coco, martelo e bigorna) em um triângulo, separados, equidistantes e visíveis, cada um pareado com uma placa com padrões gráficos distintos. Assim, para realizar a quebra, os indivíduos precisavam visitar os vértices do triângulo e reunir os elementos móveis (cocos e martelos) na bigorna. Nossos resultados mostram que eles apresentam um padrão bem definido para realizar a sequência de quebra de cocos, sendo o coco o primeiro elemento da quebra a ser coletado, seguido pelo martelo e, depois, pelo transporte de ambos para a bigorna. Observamos que este é um dos trajetos mais curtos e aquele com o menor custo de transporte de martelo. Na Etapa 2, buscamos analisar se a coleta do martelo em segundo lugar é um mecanismo de otimização do transporte de ferramentas ou um subproduto da priorização da obtenção do coco. Disponibilizamos dois martelos, de mesmo peso, a distâncias distintas da bigorna e dos cocos, desta maneira o custo do transporte de martelos (energético e risco de lesões) seria maior ou menor dependendo da escolha, pelo indivíduo, de um ou outro martelo. Nossos resultados mostram que, de fato, a escolha do martelo mais próximo à bigorna e a sequência em que os elementos são coletados diminuem os custos do transporte de martelos. Na Etapa 1B analisamos, através da organização sequencial para a realização da quebra de cocos, se os macacos-prego aprenderam a associação entre padrões gráficos distintos e elementos da quebra de cocos. Para isso utilizamos a mesma configuração do sítio experimental e metodologia da Etapa 1, mas ocultamos os elementos com bacias opacas, de modo que as únicas informações a respeito da posição dos elementos nos vértices seriam as placas com padrões gráficos. Os resultados desta etapa mostraram que os indivíduos não associaram os padrões gráficos com os elementos de quebra durante as Etapas 1 e 1B deste estudo. Acreditamos que os macacos podem não ter realizado a associação na Etapa 1, porque os elementos estavam visíveis, ou seja, não havia a necessidade da associação; a qual seria vantajosa, apenas, na Etapa 1B, mas ela também não ocorreu ao longo desta etapa, talvez pelo tempo reduzido de exposição dos macacos ao problema, somado ao desinteresse dos indivíduos - possivelmente, devido à falta do estímulo visual dos elementosThe use of tools to crack nuts requires the gathering of three elements: the nut; the hammer, a loose rock or tree trunk, that the animal can lift and carry; and the anvil, a rigid and immovable surface. This study gives continuity to research with a group of semi-wild tufted capuchin monkeys (Sapajus sp.) from the Tietê Ecological Park. We divided this study in two main phases (#1 and #2), and a parallel phase (1B). In Phase 1, we examined if the monkeys exhibit a pattern in the sequential organization of the nut-cracking behavior. We provided and placed the three nut-cracking elements (nut, hammer and anvil) in a triangle: separated, equidistant and visible; each one paired with a plaque with different graphic sings. Thus, to crack the nut the individuals had to visit the triangle vertices and gather the movable elements (nut and hammer) at the anvil. Our results show that the monkeys have a well-defined pattern to perform the nut-cracking sequence: the nut is the first element to be collected, followed by the hammer, and then by the transport of both to the anvil. This is one of the shortest paths and the one with the lowest cost of hammer transportation. In Phase 2, we examined if the hammer being collected in second place is a mechanism to optimize the tool transportation or if it is just a byproduct of the priorization of the nut collection. We provided two hammers, of same weight, and placed them at different distances of the nut anvil, this way the cost of the hammer transportation (energy and risk of injury) would be higher or lower depending on the choice of hammer. The results show that, in fact, choosing the hammer that was closer to the anvil and the sequence that the elements were collected reduces the costs of hammer transportation. In Phase 1B, we examined, through the sequential organization of the nut-cracking behavior, if the monkeys were able to associate different graphic patterns with the nut-cracking elements. We used the same experimental configuration and methodology of Phase 1, but we hid the elements in the vertices underneath opaque bowls, so the only information about the location of the elements were the plaques with graphic signs. Our results show that the individuals did not associate the graphic patterns with the respective nut-cracking elements neither in Phase 1 nor in Phase 1B. We believe that the monkeys did not learn the association in Phase 1 because the elements were visible, so there was no need for the association - which would be advantageous only on Phase 1B - but it didnt occur during this phase either, perhaps because of the reduced time the monkeys were exposed to the problem, added to the disinterest of the individuals possibly due to the lack of the elements visual stimuliBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPOttoni, Eduardo BenedictoCorat, Clara de Souza2013-06-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-28082013-161049/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:36Zoai:teses.usp.br:tde-28082013-161049Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:36Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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