Malária na gestação na Amazônia Ocidental Brasileira: fatores associados e implicações para a saúde materno-fetal.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42135/tde-25042019-162413/ |
Resumo: | Este trabalho observacional teve como objetivo investigar os fatores associados com o desenvolvimento da malária ao longo da gestação e as implicações da infecção por Plasmodium no momento do parto e da malária clínica ao longo da gestação para o crescimento fetal e para o nível de hemoglobina materna no parto, em uma região de alta endemicidade para a doença, onde há cocirculação de P. falciparum e P. vivax, na Amazônia Brasileira. Ao todo 1.180 gestantes participaram das análises de fatores associados ao desenvolvimento de malária gestacional e 1.140 - as gestantes que tiveram filhos nascidos vivos não gêmeos - participaram das análises da associação entre ocorrência de malária gestacional e os desfechos gestacionais abordados neste estudo. A prevalência de malária clínica antenatal, diagnosticada por microscopia de gota espessa, foi de 8,0%, sendo 74,6% dos casos notificados como P. vivax; a prevalência de infecção por Plasmodium no momento do parto, diagnosticada por qPCR, foi de 7,5% - ao todo 12,5% das gestantes que participaram deste estudo tiveram malária clínica antenatal ou infecção por Plasmodium no parto. A grande maioria (89,9%) das infecções por Plasmodium no parto foram assintomáticas. Morar em área rural foi o principal fator associado à malária gestacional na população deste estudo. No que se refere ao impacto da malária para os desfechos de crescimento fetal e nível de hemoglobina no parto, observou-se que malária antenatal provocou redução média de 0,36 (intervalo de confiança [IC] 95%, - 0,57 - -0,14 p = <0,01) no escore z de peso ao nascer, de 0,31 (IC 95%, - 0,54 - -0,08, p = 0,01) no escore z de comprimento ao nascer, e de 0,34 g/100 mL (IC 95%, -0,62 - -0,05 p = 0,02) na concentração de hemoglobina no momento do parto. Foi observado que um único caso de malária vivax antenatal foi suficiente para afetar negativamente o crescimento fetal e a concentração de hemoglobina materna. Quando foram analisados somente os casos de malária vivax repetidas, o efeito negativo foi ainda mais pronunciado. Entre as 637 amostras de cordão umbilical que tiveram diagnóstico molecular feito, 4 (0,6%) foram positivas para P. vivax e 2 (0,3%) para P. falciparum, totalizando uma prevalência de 0,9% de malária congênita na população de estudo. Apenas um dos casos de malária congênita apresentou sintomas. Foram observadas falhas de notificação no banco de dados do sistema de Informação Epidemiológica (SIVEP Malária), e há indicação de falhas no tratamento de malária na gestação no Brasil. Os resultados deste estudo confirmam que a malária vivax na gestação pode ter implicações graves para a saúde materno-fetal. No âmbito local os resultados deste estudo evidenciam a malária na gestação como problema de saúde pública nas regiões endêmicas do Brasil. |
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Malária na gestação na Amazônia Ocidental Brasileira: fatores associados e implicações para a saúde materno-fetal.Malaria in pregnancy in the Western Brazilian Amazon: associated factors and impact on maternal and fetal health.Plasmodium vivaxPlasmodium vivaxAmazonAmazôniaMalaria in pregnancyMalária na gestaçãoEste trabalho observacional teve como objetivo investigar os fatores associados com o desenvolvimento da malária ao longo da gestação e as implicações da infecção por Plasmodium no momento do parto e da malária clínica ao longo da gestação para o crescimento fetal e para o nível de hemoglobina materna no parto, em uma região de alta endemicidade para a doença, onde há cocirculação de P. falciparum e P. vivax, na Amazônia Brasileira. Ao todo 1.180 gestantes participaram das análises de fatores associados ao desenvolvimento de malária gestacional e 1.140 - as gestantes que tiveram filhos nascidos vivos não gêmeos - participaram das análises da associação entre ocorrência de malária gestacional e os desfechos gestacionais abordados neste estudo. A prevalência de malária clínica antenatal, diagnosticada por microscopia de gota espessa, foi de 8,0%, sendo 74,6% dos casos notificados como P. vivax; a prevalência de infecção por Plasmodium no momento do parto, diagnosticada por qPCR, foi de 7,5% - ao todo 12,5% das gestantes que participaram deste estudo tiveram malária clínica antenatal ou infecção por Plasmodium no parto. A grande maioria (89,9%) das infecções por Plasmodium no parto foram assintomáticas. Morar em área rural foi o principal fator associado à malária gestacional na população deste estudo. No que se refere ao impacto da malária para os desfechos de crescimento fetal e nível de hemoglobina no parto, observou-se que malária antenatal provocou redução média de 0,36 (intervalo de confiança [IC] 95%, - 0,57 - -0,14 p = <0,01) no escore z de peso ao nascer, de 0,31 (IC 95%, - 0,54 - -0,08, p = 0,01) no escore z de comprimento ao nascer, e de 0,34 g/100 mL (IC 95%, -0,62 - -0,05 p = 0,02) na concentração de hemoglobina no momento do parto. Foi observado que um único caso de malária vivax antenatal foi suficiente para afetar negativamente o crescimento fetal e a concentração de hemoglobina materna. Quando foram analisados somente os casos de malária vivax repetidas, o efeito negativo foi ainda mais pronunciado. Entre as 637 amostras de cordão umbilical que tiveram diagnóstico molecular feito, 4 (0,6%) foram positivas para P. vivax e 2 (0,3%) para P. falciparum, totalizando uma prevalência de 0,9% de malária congênita na população de estudo. Apenas um dos casos de malária congênita apresentou sintomas. Foram observadas falhas de notificação no banco de dados do sistema de Informação Epidemiológica (SIVEP Malária), e há indicação de falhas no tratamento de malária na gestação no Brasil. Os resultados deste estudo confirmam que a malária vivax na gestação pode ter implicações graves para a saúde materno-fetal. No âmbito local os resultados deste estudo evidenciam a malária na gestação como problema de saúde pública nas regiões endêmicas do Brasil.The main objectives of this observational study were to investigate the associations between malaria in pregnancy (MiP) and sociodemographic and biological variables of mothers and estimate its impact on birth weight and length and maternal hemoglobin in 1,180 women from Juruá Valley, the main malaria hotspot in Brazil. Antenatal malaria episodes, 74.6% of them due to Plasmodium vivax, were microscopically diagnosed in 8.0% of the women and were associated with an average reduction in birth weight z-scores of 0.36 (95% confidence interval [CI] -0.57 - -0.14 p = <0.01) and in birth length z-scores of 0.31 (CI 95%, - 0.54 - -0.08, p = 0.01), compared with malaria-free pregnancies. Affected mothers had a mean decrease in hemoglobin concentration at delivery of 0.34 g/100 mL (CI 95%, -0.62 - -0.05 p = 0.02). Although repeated antenatal vivax infections were associated with poorer birth outcomes, even a single vivax malaria episode was associated with a significant reduction in birth weight and length and maternal hemoglobin. Overall, 7.5% women had the parasites DNA found in peripheral blood at delivery. Most (83.1%) of these 89 perinatal infections were due to P. vivax and only 7.9% of them progressed to symptomatic disease after delivery. P. vivax and P. falciparum DNA was found in 0.6% and 0.3% of 637 cord blood samples examined, respectively, but only one newborn developed clinical neonatal malaria. Living in rural areas was the main factor associated with gestational malaria in the study population. Moreover, we found further evidence that health-care providers often fail to comply with the countrys malaria treatment guidelines for pregnant women in Brazil. We retrospectively found that Primaquine was prescribed for more than half of the antenatal P. vivax infections diagnosed during the study, not only in the first trimester (when the pregnancy status might be unknown) but also in infections correctly reported as MiP. Our results further challenge the notion that vivax malaria is relatively benign during pregnancy and call for better strategies for its prevention.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFerreira, Marcelo UrbanoCintra, Anaclara Pincelli2018-07-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42135/tde-25042019-162413/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-06-23T15:58:40Zoai:teses.usp.br:tde-25042019-162413Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-06-23T15:58:40Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Este trabalho observacional teve como objetivo investigar os fatores associados com o desenvolvimento da malária ao longo da gestação e as implicações da infecção por Plasmodium no momento do parto e da malária clínica ao longo da gestação para o crescimento fetal e para o nível de hemoglobina materna no parto, em uma região de alta endemicidade para a doença, onde há cocirculação de P. falciparum e P. vivax, na Amazônia Brasileira. Ao todo 1.180 gestantes participaram das análises de fatores associados ao desenvolvimento de malária gestacional e 1.140 - as gestantes que tiveram filhos nascidos vivos não gêmeos - participaram das análises da associação entre ocorrência de malária gestacional e os desfechos gestacionais abordados neste estudo. A prevalência de malária clínica antenatal, diagnosticada por microscopia de gota espessa, foi de 8,0%, sendo 74,6% dos casos notificados como P. vivax; a prevalência de infecção por Plasmodium no momento do parto, diagnosticada por qPCR, foi de 7,5% - ao todo 12,5% das gestantes que participaram deste estudo tiveram malária clínica antenatal ou infecção por Plasmodium no parto. A grande maioria (89,9%) das infecções por Plasmodium no parto foram assintomáticas. Morar em área rural foi o principal fator associado à malária gestacional na população deste estudo. No que se refere ao impacto da malária para os desfechos de crescimento fetal e nível de hemoglobina no parto, observou-se que malária antenatal provocou redução média de 0,36 (intervalo de confiança [IC] 95%, - 0,57 - -0,14 p = <0,01) no escore z de peso ao nascer, de 0,31 (IC 95%, - 0,54 - -0,08, p = 0,01) no escore z de comprimento ao nascer, e de 0,34 g/100 mL (IC 95%, -0,62 - -0,05 p = 0,02) na concentração de hemoglobina no momento do parto. Foi observado que um único caso de malária vivax antenatal foi suficiente para afetar negativamente o crescimento fetal e a concentração de hemoglobina materna. Quando foram analisados somente os casos de malária vivax repetidas, o efeito negativo foi ainda mais pronunciado. Entre as 637 amostras de cordão umbilical que tiveram diagnóstico molecular feito, 4 (0,6%) foram positivas para P. vivax e 2 (0,3%) para P. falciparum, totalizando uma prevalência de 0,9% de malária congênita na população de estudo. Apenas um dos casos de malária congênita apresentou sintomas. Foram observadas falhas de notificação no banco de dados do sistema de Informação Epidemiológica (SIVEP Malária), e há indicação de falhas no tratamento de malária na gestação no Brasil. Os resultados deste estudo confirmam que a malária vivax na gestação pode ter implicações graves para a saúde materno-fetal. No âmbito local os resultados deste estudo evidenciam a malária na gestação como problema de saúde pública nas regiões endêmicas do Brasil. |
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