Demanda de alimentos no brasil

• Autor(a) principal: Sobral, Gilvan
• Data de Publicação: 1973
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-153705/
• topic: ALIMENTOS; BRASIL; DEMANDA

O problema de alimentação adequada da população é preocupaçao de toda a humnanidade, e os estudos de demanda de alimentos estão entre os que podem contribuir, junto aos órgãos governamentais, para a elaboração de políticas econômicas visando ao bem estar social. Nesta pesquisa, objetivou-se a apresentação de um quadro analítico do nível alimentar da população brasileira e a estimação de coeficientes de elasticidade da demanda para cinco importantes gêneros alimentícios: arroz, batatinha, feijão, carne e leite. O período do estudo foi o de 1950 a 1970. O quadro geral do nível alimentar e as indicações propiciadas pelos coeficientes de elasticidade poderão fornecer subsídios para tomada de decisões de política econômica em relação à demanda de alimentos no Brasil. Formularam-se hipóteses de que o consumo de cada produto estaria diretamente relacionado com os níveis de renda e de salário mínimo auferidos pela população e inversamente relacionado com o preço do produto. Supôs-se, também, que o incremento do grau de urbanização do país implicaria em um maior consumo de alimentos protéicos (carne e leite) e em um menor consumo de alimentos energéticos (arroz, batatinha, feijão). Admitiu-se, finalmente, que outras variáveis influenciariam o consumo de cada produto. Todo um capítulo do trabalho foi dedicado a uma análise do estágio do consumo de alimentos no Brasil, sendo feita uma revisão das conclusões obtidas com os principais inquéritos alimentares e outros estudos realizados no país. Concluiu-se que o nível alimentar do povo brasileiro persiste com graves deficiências, sendo a subnutrição uma das causas e consequências do subdesenvolvimento. Uma revisão da literatura foi elaborada, concentrando-se nas pesquisas realizadas, no Brasil, em relação aos produtos estudados; foram tecidos alguns comentários sobre a contribuição dessas pesquisas junto aos órgãos governamentais e privados, inferindo-se que os estudos são dispersivos e, provavelmente, não se ajustam às prioridades do país. Para a condução da pesquisa, o modelo econômico foi a teoria da demanda; o material estatístico consistiu em séries temporais de dados secundários, a nível de Brasil, obtidos de diversas fontes. Na análise estatística, utilizaram-se cinco formas funcionais alternativas, a saber: a) função bilogarítmica (Modelo I); b) função semilogarítmica (Modelo II); c) função logarítmica inversa (Modelo III); d) função linear utilizando primeira diferenças (Modelo IV); e) função bilogarítmica empregando as razões entre as observações consecutivas das variáveis (Modelo V). O ajustamento dos modelos processou-se por meio da análise de regressão múltipla, pelo método dos mínimos quadrados normais. Na seleção das equações de demanda, contou-se com a ajuda do programa de regressão “step-wise” e levou-se em consideração os testes “t”, “F” e de Durbin-Watson. Os resultados mais satisfatórios foram os obtidos através das funções bilogarítmica, semilogarítmica e logarítmica inversa. Para cada produto, foram escolhidas duas equações, para análise e cálculo de coeficientes de elasticidade. Estes foram estimados em relação às observações nos anos de 1950, 1960, 1970 e à média de todas as observações. Com base nos coeficientes calculados (a partir da equação considerada como mais adequada), para a média das observações no período analisado, inferiram-se resultados de natureza econômica, em relação a cada um dos produtos. As principais limitações observadas na investigação foram a falta de segurança dos dados estatísticos empregados e problemas de interpretação de alguns coeficientes de elasticidade (em consequência de multicolinearidade entre variáveis importantes nos modelos). Como sugestão para novas pesquisas, preferiu-se aconselhar, como primeiro passo, um entrosamento efetivo entre as entidades interessadas em estudos de demanda de alimentos, para um posterior equacionamento dos trabalhos a serem realizados.