Ao arbítrio de Ananke : por uma revisão do conceito de autodeterminação no direito penal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rodrigo José Fuziger
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.2.2018.tde-30102020-142848
Resumo: A presente tese investigará a noção de autodeterminação do sujeito como elemento de sustentação da culpabilidade no Direito penal. A hipótese a ser verificada sugere que o livrearbítrio, verdadeiro alicerce do jus puniendi estatal, é um conceito que não parece apto a fornecer qualquer auxílio na tarefa de (des)legitimar o Direito penal, uma vez que sua comprovação e refutação exorbita o âmbito daquilo que é humanamente cognoscível. Nesse sentido, tem-se por hipótese que o livre-arbítrio funciona como uma presunção essencial à cultura humana, de modo que ele não pode ser afastado sem uma total descaracterização do que se entende como o ser humano e sua sociedade. Diferentemente do inverificável livre-arbítrio e tendo em vista um conceito que pode ser instrumentalizado na tarefa de adequação do Direito penal a uma conformação mínima, propõe-se a adoção da noção de autodeterminação, como um conceito dotado de gradações, uma vez que o sujeito pode ter seu âmbito de autodeterminação restringido em razão de condicionantes físicas, biológicas, sociais. Assim, o indivíduo não é absolutamente livre em suas deliberações e atos, eis que eles dependem das circunstâncias que o permeiam, ou seja, ele é um \"ator situado\" em um cenário de condicionantes. Interessa ao recorte da pesquisa a influência das ingerências do Estado sobre o sujeito, sendo certo que, em algumas hipóteses de delitos, é legítima a aplicação da ideia de \"coculpabilidade\", diminuindo a reprovabilidade do indivíduo que cometeu um injusto penal, em virtude de omissões estatais na oferta de bens sociais. Tal medida visa a uma diminuição do cenário de seletividade penal contra as classes subalternas, bem como uma aplicação que melhor se adeque ao princípio da proporcionalidade e a uma perspectiva de Direito penal mínimo
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis Ao arbítrio de Ananke : por uma revisão do conceito de autodeterminação no direito penal By Ananke\'s Will: For a review of the concept of self-determination in criminal law 2018-02-28Ana Elisa Liberatore Silva BecharaMarcos Cesar AlvarezAna Isabel Pérez CepedaAlvino Augusto de SaSergio Salomão ShecairaIgnacio Berdugo Gómez de la TorreRodrigo José FuzigerUniversidade de São PauloDireitoUSPBR Autodeterminação Coculpability Criminal selectivity Culpabilidade Culpability Direito penal Free will Livre arbítrio Self-determination A presente tese investigará a noção de autodeterminação do sujeito como elemento de sustentação da culpabilidade no Direito penal. A hipótese a ser verificada sugere que o livrearbítrio, verdadeiro alicerce do jus puniendi estatal, é um conceito que não parece apto a fornecer qualquer auxílio na tarefa de (des)legitimar o Direito penal, uma vez que sua comprovação e refutação exorbita o âmbito daquilo que é humanamente cognoscível. Nesse sentido, tem-se por hipótese que o livre-arbítrio funciona como uma presunção essencial à cultura humana, de modo que ele não pode ser afastado sem uma total descaracterização do que se entende como o ser humano e sua sociedade. Diferentemente do inverificável livre-arbítrio e tendo em vista um conceito que pode ser instrumentalizado na tarefa de adequação do Direito penal a uma conformação mínima, propõe-se a adoção da noção de autodeterminação, como um conceito dotado de gradações, uma vez que o sujeito pode ter seu âmbito de autodeterminação restringido em razão de condicionantes físicas, biológicas, sociais. Assim, o indivíduo não é absolutamente livre em suas deliberações e atos, eis que eles dependem das circunstâncias que o permeiam, ou seja, ele é um \"ator situado\" em um cenário de condicionantes. Interessa ao recorte da pesquisa a influência das ingerências do Estado sobre o sujeito, sendo certo que, em algumas hipóteses de delitos, é legítima a aplicação da ideia de \"coculpabilidade\", diminuindo a reprovabilidade do indivíduo que cometeu um injusto penal, em virtude de omissões estatais na oferta de bens sociais. Tal medida visa a uma diminuição do cenário de seletividade penal contra as classes subalternas, bem como uma aplicação que melhor se adeque ao princípio da proporcionalidade e a uma perspectiva de Direito penal mínimo The present thesis will investigate the notion of self-determination of the subject as a guiding element in criminal law. The hypothesis to be verified suggests that free will, a foundation of the jus puniendi, is a concept that is not able to provide any assistance in the task of legitimize the criminal law, since its proof or refutation exorbit what is humanly knowable. In this sense, it is hypothesized that free will functions as a presumption, which is essential to human culture, so that it can not be removed without a total decharacterization of what is understood as the human being and his society. Unlike the free will, it\'s proposed the use of a concept that can be instrumented in the mission of adapting criminal law to a minimum range: the selfdetermination, as a concept endowed with gradations, since the subject may have its scope of self-determination restricted due to physical, biological, and social constraints. Thus, the individual is not absolutely free in his deliberations and acts, behold, they depend on the circumstances that pervade him, so, he is an \"actor situated\" in a setting of constraints. The influence of State interference on the subject is of interest to the research approach, since in some hypotheses it is legitimate to apply the idea of \"coculpability\", reducing the reproachability of the individual who committed a crime, due to omissions in the supply of social goods. This measure aims at reducing the scenario of criminal selectivity against the subaltern classes, as well as an application that best fits the principle of proportionality and a minimal criminal law perspective https://doi.org/10.11606/T.2.2018.tde-30102020-142848info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T20:27:47Zoai:teses.usp.br:tde-30102020-142848Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T13:33:14.806537Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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