Compreensão fenomenológica de um programa de promoção de saúde mental: o grupo comunitário de saúde mental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Prado, Ana Paula Craveiro
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-15062022-071725/
Resumo: O Grupo Comunitário de Saúde Mental (GCSM), desenvolvido desde 1997, configura-se como uma modalidade aberta de promoção e de cuidado à saúde mental, que se efetiva por meio de um trabalho grupal de atenção e de elaboração das experiências vividas pelos participantes no cotidiano. Este estudo teve como objetivo compreender o Grupo Comunitário de Saúde Mental, por meio de análise das sessões grupais, fundamentada pela Fenomenologia Clássica. Buscou-se, mais especificamente, compreender os elementos presentes nas sessões que dão sustentação à atividade proposta, o processo grupal e o potencial terapêutico da prática. Para tal, foi adotada abordagem qualitativa em pesquisa, a partir da fundamentação epistemológica e metodológica da Fenomenologia Clássica. O corpus da pesquisa foi composto por seis sessões grupais, gravadas em áudio e transcritas na íntegra. Cada sessão foi analisada individualmente, buscando apreender a atualização da modalidade, conforme singularmente desvelada em cada uma delas. Em um segundo momento, a partir da análise do conjunto, em movimento de cruzamento intencional entre as sessões, delinearam-se duas unidades de sentido que abarcaram elementos essenciais e fundantes da modalidade. \"A compreensão de \'experiência\' no contexto do Grupo Comunitário de Saúde Mental\" apreende a noção de \"experiência\" que inspira e motiva a atividade, conforme atualizada intersubjetivamente nas sessões. As experiências vividas se desvelaram como mobilizações de si mesmo a partir de um acontecimento, reconhecidas por via de um dispor-se atento ao cotidiano, que é favorecido pela atividade. A dimensão pré-reflexiva, sensível e afetiva das experiências fomentou o desenvolvimento das sessões no campo da experiência vivida, preservando o potencial vivencial das mesmas. O grupo promove o reconhecimento de sentidos ao vivido, favorecendo a ampliação das possibilidades de significação do mesmo, juntamente com a apreensão de si em ato. Desse modo, fomenta-se um conhecimento sobre si, sobre o outro e sobre a realidade investido subjetivamente. A unidade \"A intersubjetividade no Grupo Comunitário de Saúde Mental\" aborda o sentido da intersubjetividade constituída nas sessões grupais. No GCSM, os gestos de abertura da própria experiência ao outro, bem como de envolvimento com a experiência do outro, se configuraram como disponibilidades essenciais para a atualização do processo grupal e foram mediadas pela vivência empática compreendida fenomenologicamente. O ambiente intersubjetivo foi constituído a partir do coenvolvimento afetivo e pessoal entre os participantes e vivido pelo grupo em termos de proximidade, de intimidade e de pertença a uma vivência comunitária. As relações intersubjetivas assim configuradas amplificaram as possibilidades de reconhecimento e de elaboração das experiências vividas e compartilhadas, escopo da modalidade. Este estudo contribui com a prática e a literatura científica de grupos e de cuidado à saúde mental, a partir de um estudo empírico-fenomenológico, que apreende uma modalidade grupal a partir de seu próprio processo nas sessões grupais, possibilitando sua descrição e compreensão, aprofundadas pela interlocução com o corpo teórico-filosófico da Fenomenologia Clássica.
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Para tal, foi adotada abordagem qualitativa em pesquisa, a partir da fundamentação epistemológica e metodológica da Fenomenologia Clássica. O corpus da pesquisa foi composto por seis sessões grupais, gravadas em áudio e transcritas na íntegra. Cada sessão foi analisada individualmente, buscando apreender a atualização da modalidade, conforme singularmente desvelada em cada uma delas. Em um segundo momento, a partir da análise do conjunto, em movimento de cruzamento intencional entre as sessões, delinearam-se duas unidades de sentido que abarcaram elementos essenciais e fundantes da modalidade. \"A compreensão de \'experiência\' no contexto do Grupo Comunitário de Saúde Mental\" apreende a noção de \"experiência\" que inspira e motiva a atividade, conforme atualizada intersubjetivamente nas sessões. As experiências vividas se desvelaram como mobilizações de si mesmo a partir de um acontecimento, reconhecidas por via de um dispor-se atento ao cotidiano, que é favorecido pela atividade. A dimensão pré-reflexiva, sensível e afetiva das experiências fomentou o desenvolvimento das sessões no campo da experiência vivida, preservando o potencial vivencial das mesmas. O grupo promove o reconhecimento de sentidos ao vivido, favorecendo a ampliação das possibilidades de significação do mesmo, juntamente com a apreensão de si em ato. Desse modo, fomenta-se um conhecimento sobre si, sobre o outro e sobre a realidade investido subjetivamente. A unidade \"A intersubjetividade no Grupo Comunitário de Saúde Mental\" aborda o sentido da intersubjetividade constituída nas sessões grupais. No GCSM, os gestos de abertura da própria experiência ao outro, bem como de envolvimento com a experiência do outro, se configuraram como disponibilidades essenciais para a atualização do processo grupal e foram mediadas pela vivência empática compreendida fenomenologicamente. O ambiente intersubjetivo foi constituído a partir do coenvolvimento afetivo e pessoal entre os participantes e vivido pelo grupo em termos de proximidade, de intimidade e de pertença a uma vivência comunitária. As relações intersubjetivas assim configuradas amplificaram as possibilidades de reconhecimento e de elaboração das experiências vividas e compartilhadas, escopo da modalidade. Este estudo contribui com a prática e a literatura científica de grupos e de cuidado à saúde mental, a partir de um estudo empírico-fenomenológico, que apreende uma modalidade grupal a partir de seu próprio processo nas sessões grupais, possibilitando sua descrição e compreensão, aprofundadas pela interlocução com o corpo teórico-filosófico da Fenomenologia Clássica.The Community Mental Health Group (CMHG), developed since 1997, is a mental health care group practice open to the community, which proposes a collective work of attention and reflexion on the participants\' quotidian lived experiences. This study aimed to comprehend the Community Mental Health Group, throughout the group sessions analysis, inspired by the Classic Phenomenology. It aimed, more specifically, to comprehend the group sessions elements that sustain the activity, the group process and the practice\'s therapeutic potential. To do so, a qualitative research approach was used, based on the methodological and epistemological perspective offered by Classic Phenomenology. Six group sessions audio recorded and fully transcribed were analysed. Each session was analysed individually, aiming to apprehend the practice realization according to its particular presentation in each one of them. Secondly, after the sessions set\'s analysis and crossing among them, it was identified two meaning units that reunite essential elements of this group practice. \"The comprehension of \'experience\' within the Community Mental Health Group\'s context\" embraces the understanding of \"experience\" that inspires and motivates the activity. The lived experiences were comprehended as mobilizations lived by the self, elicited by a lived happening, recognized through an attentive availability, stimulated by the activity. The pre-reflexive, sensitive and affective lived experiences\' dimension fostered the sessions\' development within the lived experience\'s scope, preserving its experiential potential. The group promotes the apprehension and acknowledgment of meanings within the lived experience, enlarging its meanings\' possibilities, along with the apprehension of oneself in act. The group fosters a knowledge of oneself, the other and the reality, subjectively invested. The unity \"The intersubjectivity within the Community Mental Health Group\" deepens the meaning of the intersubjectivity constituted within the group sessions. The gestures of opening up its own experiences by telling them to the group, and of getting involved with the others\' experiences were essential to the group process constitution and were mediated by empathy, as phenomenologically understood. The intersubjective ambience was constituted by the affectionate and personal co-involvement among group members and experienced by the group by means of proximity, intimacy and belonging to a community experience. These relations enlarged the lived experiences\' meaning acknowledgment and elaboration, which is the modality\'s scope. This study contributes to the practice as well as to the scientific literature on groups and on mental health care, from a phenomenological empiric investigation, that apprehended a group intervention from its own group processes\' perspectives, enabling its description and comprehension, deepened by the dialogue with the theoretical and philosophical perspective offered by Classical Phenomenology.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCardoso, Carmen LuciaPrado, Ana Paula Craveiro2022-04-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-15062022-071725/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-06-15T15:21:12Zoai:teses.usp.br:tde-15062022-071725Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-06-15T15:21:12Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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