Análise compreensiva de uma nova modalidade de trabalho em saúde: o Grupo Comunitário de Saúde Mental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rocha, Rita Martins Godoy
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-08122015-161052/
Resumo: Compartilhamos um momento histórico em que Reformas Psiquiátrica e Sanitária mobilizam novos paradigmas de atenção e serviços em saúde. A cidadania, a horizontalidade das relações e o estímulo ao protagonismo dos diferentes agentes aparecem como premissas importantes nos trabalhos. Nesse contexto, o atendimento em grupo representou uma resposta viável por destacar a participação coletiva e reconhecer as trocas interativas como facilitadoras ao processo de saúde e doença. O presente estudo, em consonância a tais premissas, teve por objetivo compreender, por meio da perspectiva dos participantes, um grupo de promoção à saúde e de atenção à experiência cotidiana que tem se desenvolvido há quatorze anos em um serviço de referência em saúde mental na cidade de Ribeirão Preto: o Grupo Comunitário de Saúde Mental (GCSM). Trata-se de uma atividade que se singulariza por propor o cuidado com a participação de profissionais, usuários e familiares sem a distinção de papéis, ou seja, todos fazem uso e se beneficiam do grupo, questionando a histórica diferenciação de profissional/coordenador, aquele que ajuda e usuário/familiar, o que recebe a ajuda. O corpus da pesquisa foi constituído por nove entrevistas abertas em profundidade e pela observação participante ao longo de dois anos e seis meses, com base na Fenomenologia, especialmente de Edmund Husserl. A análise estruturou-se em dois momentos pautados na intencionalidade fenomenológica. No primeiro, destacamos a descrição do fenômeno em que foram apresentadas as nove entrevistas e a observação participante, de maneira a dar visibilidade às vivências e singularidades das experiências sobre o GCSM, sem o destaque de repetições, respeitando a ordem cronológica das exposições, de forma que o interlocutor compartilhe do significado intencionado pela pessoa sobre o vivenciado no grupo. Posteriormente, na análise compreensiva, foram identificadas quatro unidades de sentido por meio da atenção às tendências compartilhadas sobre o GCSM, a saber: 1) grupo e seu contexto generativo que demarcou uma historicidade e uma generatividade para a compreensão e desenvolvimento da proposta; 2) grupo vivido como potencial terapêutico o qual destacou os aspectos estruturais, de composição, os delineamentos técnicos e metodológicos significados sobre o GCSM entre os participantes, em que a experiência vivida aparece como uma via de promoção do cuidado; 3) grupo como espaço de paradoxos que, por sua vez, apresentou as dificuldades e dilemas encontrados na participação, em especial, pela característica simétrica da composição grupal e 4) grupo como uma vivência estética, que ressaltou o uso de elementos artísticos e culturais no processo de atenção à experiência cotidiana. A consolidação dessa proposta de estudo possibilitou a construção de um recorte compreensivo em que o GCSM é significado como uma forma de trabalho exitosa, pelo aprimoramento da proposta de atenção à experiência, diferente do foco tradicional nas hermenêuticas clínicas, convivendo, ao mesmo tempo, com um contexto paradoxal que impele a novas disposições de seus participantes e idealizadores. A pesquisa permitiu colaborar com o entendimento sobre o modo pelo qual as pessoas que sofrem, adoecem e trabalham em contextos de saúde mental vivenciam o cuidado em um grupo simétrico, além de demarcar uma maneira alternativa de cuidado pela via da experiência fenomenológica, representando uma modalidade potencialmente aberta a outros espaços de cuidado em saúde mental
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O presente estudo, em consonância a tais premissas, teve por objetivo compreender, por meio da perspectiva dos participantes, um grupo de promoção à saúde e de atenção à experiência cotidiana que tem se desenvolvido há quatorze anos em um serviço de referência em saúde mental na cidade de Ribeirão Preto: o Grupo Comunitário de Saúde Mental (GCSM). Trata-se de uma atividade que se singulariza por propor o cuidado com a participação de profissionais, usuários e familiares sem a distinção de papéis, ou seja, todos fazem uso e se beneficiam do grupo, questionando a histórica diferenciação de profissional/coordenador, aquele que ajuda e usuário/familiar, o que recebe a ajuda. O corpus da pesquisa foi constituído por nove entrevistas abertas em profundidade e pela observação participante ao longo de dois anos e seis meses, com base na Fenomenologia, especialmente de Edmund Husserl. A análise estruturou-se em dois momentos pautados na intencionalidade fenomenológica. No primeiro, destacamos a descrição do fenômeno em que foram apresentadas as nove entrevistas e a observação participante, de maneira a dar visibilidade às vivências e singularidades das experiências sobre o GCSM, sem o destaque de repetições, respeitando a ordem cronológica das exposições, de forma que o interlocutor compartilhe do significado intencionado pela pessoa sobre o vivenciado no grupo. Posteriormente, na análise compreensiva, foram identificadas quatro unidades de sentido por meio da atenção às tendências compartilhadas sobre o GCSM, a saber: 1) grupo e seu contexto generativo que demarcou uma historicidade e uma generatividade para a compreensão e desenvolvimento da proposta; 2) grupo vivido como potencial terapêutico o qual destacou os aspectos estruturais, de composição, os delineamentos técnicos e metodológicos significados sobre o GCSM entre os participantes, em que a experiência vivida aparece como uma via de promoção do cuidado; 3) grupo como espaço de paradoxos que, por sua vez, apresentou as dificuldades e dilemas encontrados na participação, em especial, pela característica simétrica da composição grupal e 4) grupo como uma vivência estética, que ressaltou o uso de elementos artísticos e culturais no processo de atenção à experiência cotidiana. A consolidação dessa proposta de estudo possibilitou a construção de um recorte compreensivo em que o GCSM é significado como uma forma de trabalho exitosa, pelo aprimoramento da proposta de atenção à experiência, diferente do foco tradicional nas hermenêuticas clínicas, convivendo, ao mesmo tempo, com um contexto paradoxal que impele a novas disposições de seus participantes e idealizadores. A pesquisa permitiu colaborar com o entendimento sobre o modo pelo qual as pessoas que sofrem, adoecem e trabalham em contextos de saúde mental vivenciam o cuidado em um grupo simétrico, além de demarcar uma maneira alternativa de cuidado pela via da experiência fenomenológica, representando uma modalidade potencialmente aberta a outros espaços de cuidado em saúde mentalWe share a historical moment, in which Psychiatric and Sanitary Reforms still mobilize new paradigms of care and services in health. Citizenship, the horizontality of relations and the encouragement to the role of different actors appear as important premises in the works. In this context, the group service represented a viable answer as it highlights the collective participation and recognizes the interactive exchanges as facilitators to the health and disease process. This study, in line with such assumptions, aimed to understand, through the participants perspectives, a group of health promotion and attention to everyday experience that has been developed for fourteen years, thus becoming a reference service in mental health in Ribeirão Preto: The Mental Health Community Group (GCSM). It is a distinguishing activity that proposes care with the participation of professionals, users and members of the family, without distinction of roles, i.e., all of them make use of the group and benefit from it, by questioning the historical differentiation of professional / coordinator, the one who helps, and the user / family, the one receiving aid. This research corpus consists of nine in depth open interviews and participant observation carried out over two years and six months, based on phenomenology, especially by Edmund Husserl. The analysis was structured in two guided moments, based on the phenomenological intentionality. In the first part, it focuses on the phenomenon description, in which the nine interviews and participant observation were presented, in order to give visibility to the practices and peculiarities of experiences on the GCSM, without the highlight of repetitions, respecting the chronological order of expositions, so that the interlocutor may share the intended meaning experienced by the person in the group. Later, in the comprehensive analysis, four units of meaning were identified through attention to trends shared on GCSM, namely: 1) \"group and its generative context\" which defined both a historicity and a generativity to the proposal knowledge and development ; 2) \"group lived as a therapeutic potential\", which highlighted the structural and compositional aspects, as well as the technical and methodological designs about GCSM among participants, in which the lived experience appears as a means of promoting care; 3) \"group as a space of paradoxes \" which, in turn, presented the difficulties and dilemmas found in participation, in particular, because of the symmetric feature of group composition and 4) \"group as an aesthetic experience\", which emphasized the use of artistic and cultural elements in the process of attention to everyday experience. The consolidation of this proposed study enabled the construction of a comprehensive corpus in that the GCSM is meant as a way of successful work by improving attention to the experience, different from the traditional focus on clinical hermeneutics, concomitant with a paradoxical context that drives to new purposes of its participants and creators. The research collaborated with the understanding of how people who suffer, become ill and work in mental health settings experience care in a symmetric group; it also defined an alternative way of care by means of phenomenological experience, representing a potentially open modality to other mental health care spacesBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCardoso, Carmen LuciaRocha, Rita Martins Godoy2015-11-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-08122015-161052/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-17T17:23:38Zoai:teses.usp.br:tde-08122015-161052Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-17T17:23:38Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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