Garotas indisciplinadas numa escola de ensino médio: um estudo sob o enfoque de gênero

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Lilian Piorkowsky dos
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-25072007-164949/
Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo compreender os significados da indisciplina escolar e das punições dela decorrentes sob a perspectiva de alunas consideradas indisciplinadas pelo(a)s profissionais, em uma escola pública de Ensino Médio do município de São Paulo. O estudo utilizou metodologia qualitativa e os seguintes instrumentos de pesquisa: análise dos documentos da escola, observações nos diferentes espaços escolares, entrevistas semiestruturadas com diversos profissionais da escola e com jovens. Partiu-se do pressuposto de que as muitas e distintas formas de disciplinamento eram uma das maneiras pelas quais a escola participava da construção das relações de gênero, ao mesmo tempo em que as relações de gênero eram constitutivas das concepções de disciplina e indisciplina ali dominantes. Como resultado, podemos apontar que havia uma multiplicidade de compreensões sobre a indisciplina escolar e sobre as regras que tinham validade efetiva: foi possível notar a presença de percepções diferenciadas entre educadores(as) e jovens no que tange à definição de quem seria indisciplinado ou não; as moças consideradas pelos profissionais como indisciplinadas nem sempre se viam dessa forma. Além disso, ao mesmo tempo em que os sujeitos naturalizavam os comportamentos atribuídos a rapazes e moças, estudantes e profissionais da escola também abordavam e avaliavam esses comportamentos de formas mais flexíveis e múltiplas, além de perceberem mudanças, procurando entendê-las. De forma específica, as jovens alunas apresentavam sentimentos ambíguos, marcados tanto pela percepção da escola como uma \"prisão\", como pela impressão de se sentirem mais livres na escola do que em casa. No último capítulo, as análises centraram-se nas percepções de injustiça das alunas consideradas indisciplinadas: havia tratamentos e punições diferenciados para elas e para os rapazes e também em relação a outras moças, em diferentes ambientes da escola, inclusive nas aulas de Educação Física. Esses tratamentos diferenciados ocorriam tanto pelo desconhecimento e confusão nas normas, como devido à visibilidade que adquiriam as moças tidas como indisciplinadas - já que não se adequavam a um modelo predominante de feminilidade aceito pelo(a)s profissionais e criavam diferentes formas de ser femininas na instituição escolar.
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Partiu-se do pressuposto de que as muitas e distintas formas de disciplinamento eram uma das maneiras pelas quais a escola participava da construção das relações de gênero, ao mesmo tempo em que as relações de gênero eram constitutivas das concepções de disciplina e indisciplina ali dominantes. Como resultado, podemos apontar que havia uma multiplicidade de compreensões sobre a indisciplina escolar e sobre as regras que tinham validade efetiva: foi possível notar a presença de percepções diferenciadas entre educadores(as) e jovens no que tange à definição de quem seria indisciplinado ou não; as moças consideradas pelos profissionais como indisciplinadas nem sempre se viam dessa forma. Além disso, ao mesmo tempo em que os sujeitos naturalizavam os comportamentos atribuídos a rapazes e moças, estudantes e profissionais da escola também abordavam e avaliavam esses comportamentos de formas mais flexíveis e múltiplas, além de perceberem mudanças, procurando entendê-las. De forma específica, as jovens alunas apresentavam sentimentos ambíguos, marcados tanto pela percepção da escola como uma \"prisão\", como pela impressão de se sentirem mais livres na escola do que em casa. No último capítulo, as análises centraram-se nas percepções de injustiça das alunas consideradas indisciplinadas: havia tratamentos e punições diferenciados para elas e para os rapazes e também em relação a outras moças, em diferentes ambientes da escola, inclusive nas aulas de Educação Física. Esses tratamentos diferenciados ocorriam tanto pelo desconhecimento e confusão nas normas, como devido à visibilidade que adquiriam as moças tidas como indisciplinadas - já que não se adequavam a um modelo predominante de feminilidade aceito pelo(a)s profissionais e criavam diferentes formas de ser femininas na instituição escolar.This research intended to comprehend both the meanings of indiscipline at school and the consequential punishments based on the students\' perspective. It focuses on female students who were considered bad-behaved girls by the school staff, in a public high school in São Paulo. The study was based on a qualitative methodology and the following steps were taken: school documents analysis, observation of students in different places within the school, interviews with several school professionals and students. We believed that the many different ways of disciplining students at school worked as a form of building gender relations, while these gender relations were also part of the dominant conceptions of discipline and indiscipline. As a result, we found that there were multiple meanings of school indiscipline and of the rules that worked effectively: we could notice that teachers and students had different perceptions about the meaning of being badbehaved; girls who where considered bad-behaved were unlikely to define themselves the same way. Moreover, students and staff tended to consider boys\' and girls\' behaviors as natural attributions. However, they were also able to: evaluate these behaviors in more flexible and multiple ways, notice changes and try to understand them. Additionally, girls expressed ambiguous feelings about school, perceiving it as both a \"prison\" and a place where they were freer than at home. In the last chapter, the analyses were focused in the bad-behaved girls\' perception of injustice: bad-behaved boys and girls received different punishments and were treated differently among themselves and also in relation to other girls, in different places within the school, even during Physical Education classes. These different treatments happened due to lack of knowledge and precise laws as well as to the attention bad-behaved girls would catch - not only did they not fit to the dominant female pattern accepted by the school professionals, but they also created different forms of being feminine at school.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarvalho, Marilia Pinto deSantos, Lilian Piorkowsky dos2007-04-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-25072007-164949/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:51Zoai:teses.usp.br:tde-25072007-164949Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:51Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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