Os sentidos da escola pública para os segmentos de classes subalternizadas: possíveis significados do sucesso-fracasso escolar

• Autor(a) principal: Pereira, Wellington de Carvalho
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-17052023-112325/
• topic: Fracasso escolar; Relação com o saber; Relationship with knowledge; School failure; Segmento de classes subalternizadas; Senses of the school; Sentidos da escola; Subaltern classes segment

A presente investigação se debruça sobre um macro tema caro à educação brasileira, que são as desigualdades que se manifestam e se efetivam nos processos de escolarização. Se por um viés, a escola pode ser compreendida como o espaço-tempo da reflexão crítica, por outras diferentes perspectivas, pode-se falar em uma Instituição social que concorre para a manutenção do status quo. É desse embate, que se delineou o tema da presente pesquisa, voltando-se à compreensão dos significados e sentidos que a noção de sucesso-fracasso escolar pode assumir na contemporaneidade para os segmentos de classes subalternizadas. Na exploração do tema central, outros três tópicos também figuram como fundamentais: a relação com o saber, os sentidos da escola e a possibilidade de ressignificação do conceito tradicional de fracasso escolar. Admite-se que significados e sentidos da escola devem ser pensados em correlação com a realidade vivida e, portanto, são os educandos os agentes capazes de explicitar quais são estes sentidos que permeiam a escola. Nessa esteira, um dos motes da pesquisa não é determinar se a escola pública republicana de massas é ou não dotada de sentido para as classes subalternizadas, mas sim, reconhecer quais são os fatores ou características, eventos ou fenômenos, que levam esses segmentos a atribuir sentidos específicos à escola. Nestes termos, o objetivo central da pesquisa é identificar, analisar e compreender os possíveis significados que o fracasso escolar pode assumir para estudantes de segmentos de classes subalternizadas, a partir de considerações sobre a articulação entre práticas escolares e conjuntura social. Finalmente, a pesquisa tem caráter qualitativo-descritivo, fundamentando-se em princípios indutivos, ao partir da pesquisa bibliográfica e pesquisa empírica sobre o concreto em busca de possíveis generalizações. A pesquisa empírica foi desenvolvida ao longo de dois meses, entre junho e julho de 2021, em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental da zona norte da cidade de São Paulo, localizada no distrito da Brasilândia, em um Centro Educacional Unificado CEU, a partir de acompanhamento diário de quatro turmas de nono ano, orientando-se por princípio etnográficos de observação participante, entrevistas em profundidade semiestruturadas e registro em caderno de campo. A cada semana, se revezavam intercaladamente em aulas presenciais e aulas remotas, o que definia uma média de 15 estudantes em cada grupo, mas que considerando as faltas, resultava em uma média de 10 a 12 adolescentes por grupo. Ainda na investigação empírica, considerou-se os princípios etnometodológicos, assim como considerações acerca da fenomenologia da percepção. Para a abordagem de análise, as principais referências foram a psicologia histórico-cultural de Lev Vigotski e a praxiologia ou teoria estrutural-construtivista de Pierre Bourdieu, sempre no horizonte do materialista histórico-dialética de Karl Marx e Friedrich Engels. Destarte, como identificado na pesquisa de campo, um possível resultado encontrado foi que ainda existe entre os estudantes de classes subalternizadas, uma noção de correlação da escolaridade com empregos menos precarizados, evidenciado em discursos como de ingresso nas forças armadas ou da possibilidade de continuar os estudos após a conclusão da educação básica, em cursos técnicos ou superior. Por outra parte, deve- se mencionar que também foi recorrente falas em que reconhece a escolarização como uma obrigatoriedade, o que pode significar pouca identificação do estudante com o processo.