Sentenças bitransitivas do português do Brasil revisitas à luz da teoria de núcleos funcionais aplicativos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paula Roberta Gabbai Armelin
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.8.2011.tde-04052011-142215
Resumo: Este trabalho revisita as sentenças bitransitivas do Português do Brasil (PB) a partir de dois aspectos que consideramos ser fundamentais para descrever e explicar a bitransitividade nessa língua: (a) a possibilidade de alternância entre as preposições a e para na introdução do elemento indireto e (b) a possibilidade de alternância na ordem dos complementos do predicado verbal. Nesse mesmo sentido, surgem como questão os dados do dialeto falado no português da Zona da Mata Mineira (PBM), já atestado e investigado em Scher (1996), em que verificamos a possibilidade de omissão da preposição, mas uma manutenção da possibilidade de alternância da ordem dos complementos verbais. Para dar conta do primeiro aspecto em questão, apoiamo-nos na proposta de núcleos funcionais Aplicativos introdutores de argumento nos moldes de Pylkkänen (2002). A escolha teórica se justifica pelo fato de a presença da preposição a gerar sentenças não-ambíguas em que uma relação semântica de transferência de posse, representada por um Aplicativo Baixo, nos termos de Pylkkänen (2002), é estabelecida entre os dois complementos verbais. A escolha da preposição para, por outro lado, gera sentenças ambíguas entre essa mesma relação de transferência de posse e o estabelecimento de uma espécie de beneficiário do evento, esse último representado por um Aplicativo Alto, também nos termos de Pylkkänen (2002). A partir daí, propomos que os argumentos de um verbo bitransitivo são inseridos via uma projeção funcional que licencia ambos os elementos e estabelece a relação semântica adequada entre eles. Para o PB, a nossa proposta é a de que a preposição seja a realização fonológica do núcleo da projeção Aplicativa. Mais especificamente para a variante do PBM, a nossa análise é a de que o mesmo núcleo Aplicativo esteja presente, sem a realização fonológica da preposição, mas com a mesma constituição de traços formais das sentenças do PB. A hipótese que daí se segue é que uma operação morfológica, sem consequências sintáticas, seja responsável pela ausência dessa preposição. Um modelo teórico separacionista, em que a sintaxe trabalha com traços formais e não fonológicos e em que a inserção de fonologia acontece depois de operações sintáticas e morfológicas, tal como a Morfologia Distribuída (Halle & Marantz, 1993), surge, então, como perspectiva de análise. Para dar conta da possibilidade de alternância na ordem dos complementos em sentenças bitransitivas do PB e do PBM, propomos, então, que aspectos informacionais sejam responsáveis pelo licenciamento dessas estruturas. Sugerimos, com Scher (1996), que a ordem VPPNP, no PB e, possivelmente, VNPNP, no PBM, em entonação normal, revela o caráter de Tópico do elemento colocado entre o verbo e o objeto direto e, assim, finalizamos nossa proposta apoiadas em Armelin (2009), em especial, no quadro teórico do modelo cartográfico, nos moldes de Rizzi (1997) e Belletti (2002). Esses autores, explodindo respectivamente CP e a periferia de VP, encontram aí crucialmente posições informacionais de Foco e Tópico. A nossa proposta, nesse sentido, é a de que o aspecto informacional, a saber, a movimentação de um elemento para a posição de especificador da projeção de Tópico, será responsável pelo licenciamento da ordem VPPNP nos dados do PB.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis Sentenças bitransitivas do português do Brasil revisitas à luz da teoria de núcleos funcionais aplicativos Ditransitive sentences of Portuguese in Brazil Revisited in the Light of the Theory of Functional Core Applications 2011-02-03Ana Paula ScherCarlos MiotoEsmeralda Vailati NegraoPaula Roberta Gabbai ArmelinUniversidade de São PauloLingüísticaUSPBR Aplicativos Applicatives Argument Structure Bitransitividade Ditransitivity Estrutura Argumental Preposição Preposition Topicalização Topicalization. Este trabalho revisita as sentenças bitransitivas do Português do Brasil (PB) a partir de dois aspectos que consideramos ser fundamentais para descrever e explicar a bitransitividade nessa língua: (a) a possibilidade de alternância entre as preposições a e para na introdução do elemento indireto e (b) a possibilidade de alternância na ordem dos complementos do predicado verbal. Nesse mesmo sentido, surgem como questão os dados do dialeto falado no português da Zona da Mata Mineira (PBM), já atestado e investigado em Scher (1996), em que verificamos a possibilidade de omissão da preposição, mas uma manutenção da possibilidade de alternância da ordem dos complementos verbais. Para dar conta do primeiro aspecto em questão, apoiamo-nos na proposta de núcleos funcionais Aplicativos introdutores de argumento nos moldes de Pylkkänen (2002). A escolha teórica se justifica pelo fato de a presença da preposição a gerar sentenças não-ambíguas em que uma relação semântica de transferência de posse, representada por um Aplicativo Baixo, nos termos de Pylkkänen (2002), é estabelecida entre os dois complementos verbais. A escolha da preposição para, por outro lado, gera sentenças ambíguas entre essa mesma relação de transferência de posse e o estabelecimento de uma espécie de beneficiário do evento, esse último representado por um Aplicativo Alto, também nos termos de Pylkkänen (2002). A partir daí, propomos que os argumentos de um verbo bitransitivo são inseridos via uma projeção funcional que licencia ambos os elementos e estabelece a relação semântica adequada entre eles. Para o PB, a nossa proposta é a de que a preposição seja a realização fonológica do núcleo da projeção Aplicativa. Mais especificamente para a variante do PBM, a nossa análise é a de que o mesmo núcleo Aplicativo esteja presente, sem a realização fonológica da preposição, mas com a mesma constituição de traços formais das sentenças do PB. A hipótese que daí se segue é que uma operação morfológica, sem consequências sintáticas, seja responsável pela ausência dessa preposição. Um modelo teórico separacionista, em que a sintaxe trabalha com traços formais e não fonológicos e em que a inserção de fonologia acontece depois de operações sintáticas e morfológicas, tal como a Morfologia Distribuída (Halle & Marantz, 1993), surge, então, como perspectiva de análise. Para dar conta da possibilidade de alternância na ordem dos complementos em sentenças bitransitivas do PB e do PBM, propomos, então, que aspectos informacionais sejam responsáveis pelo licenciamento dessas estruturas. Sugerimos, com Scher (1996), que a ordem VPPNP, no PB e, possivelmente, VNPNP, no PBM, em entonação normal, revela o caráter de Tópico do elemento colocado entre o verbo e o objeto direto e, assim, finalizamos nossa proposta apoiadas em Armelin (2009), em especial, no quadro teórico do modelo cartográfico, nos moldes de Rizzi (1997) e Belletti (2002). Esses autores, explodindo respectivamente CP e a periferia de VP, encontram aí crucialmente posições informacionais de Foco e Tópico. A nossa proposta, nesse sentido, é a de que o aspecto informacional, a saber, a movimentação de um elemento para a posição de especificador da projeção de Tópico, será responsável pelo licenciamento da ordem VPPNP nos dados do PB. This work revisits ditransitive sentences in Brazilian Portuguese (BP) guided by two fundamental aspects on the description and explanation of the ditransitivity in this language: (a) the possibility of the alternation between the prepositions a (to) and para (for) in the introduction of the indirect element and (b) the possibility of alternation in the order of the verbal predicate complements. In this sense, the data of a Brazilian dialect spoken at the Zona da Mata Mineira (PBM), attested and investigated in Scher (1996), emerge as a question. In this dialect it is possible to omit the preposition even if the possibility of verbal complements order alternation is maintained. The investigation of the first aspect is based in the theory of functional Applicative heads proposed by Pylkkänen (2002). This theoretical choice is justified by the fact that the a (to) preposition creates non ambiguous sentences in which a semantic relation of possession transference, represented by a Low Applicative (Pylkkänen, 2002), is established between the two complements of a ditransitive predicate. The presence of the para (for) preposition, creates ambiguous sentences between the possession transference relation and the establishment of an event beneficiary, this last one represented, in Pylkkänen (2002), by a High Applicative. This work proposes that the arguments of a ditransitive predicate is inserted by a functional projection that licenses both elements and performs the right semantic relation between then. For the PB, its proposed that the preposition is the head of such functional projection. Specifically for the PBM data, this work proposes that the very same functional projection is present, without the phonological realization of the preposition, but with the same morphosyntactic traces constitution. A morphological operation, without syntactic consequences, is responsible for the absence of this preposition The investigation of the possible alternation in the order of the complements in the PB and PBM ditransitive sentences is based on informational aspects. It is suggested, with Scher (1996), that de VPPNP order revels the Topic function of the element located between the verb and the direct object. The structre proposed to this word order is based in the cartographic model, specifically in Rizzi (1997) and Belletti (2002). These authors, exploding CP and the periphery of VP respectively, propose the existence of informational positions, like Focus and Topic. Our hypothesis, then, is that the movement of an element to the Topic specifier position is responsible for the grammaticality of the order VPPNP in BP data. https://doi.org/10.11606/D.8.2011.tde-04052011-142215info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:11:02Zoai:teses.usp.br:tde-04052011-142215Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:06:15.898833Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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