Ser ou estar doente? Impacto da dor, da multimorbidade e da complexidade farmacoterápica na qualidade de vida e percepção da doença em pessoas acompanhadas em ambulatório de Clínica Médica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-28102020-180355/ |
Resumo: | INTRODUÇÃO: Ao lidarem com sintomas e rótulos associados a doenças, as pessoas geram representações das doenças em níveis cognitivos e afetivos, que interagem para gerar uma resposta representada pelos comportamentos de saúde. Essa percepção é multifatorial, dinâmica e tem impacto sobre desfechos clínicos. Não há clareza na literatura acerca da percepção de doença em pacientes ambulatoriais com multimorbidade e quais seus determinantes. Assim, o objetivo deste estudo foi compreender a percepção de doença dos pacientes acompanhados em ambulatório de Clínica Médica a partir da descrição de determinantes quantitativos relacionados a dor; complexidade da farmacoterapia; qualidade de vida em suas dimensões física e mental; presença de sintomas depressivos e da análise qualitativa de suas narrativas. MÉTODOS: Metodologia mista sequencial explanatória, buscando identificar o perfil dos pacientes em termos de multimorbidade, presença de dor, sua intensidade e interferência nas atividades, complexidade farmacoterápica, qualidade de vida em suas dimensões física e mental e investigar associações dessas variáveis à percepção da doença na fase quantitativa do estudo. Para a análise qualitativa, a proposição foi aprofundar, sob a perspectiva construtivista, a avaliação das narrativas de doenças a fim de nos aproximarmos por essa via da percepção e seus determinantes. Foram incluídos para a fase quantitativa 100 pacientes com idade entre 18 e 80 anos acompanhados no ambulatório de Clínica Médica do HC-FMUSP. Para a etapa qualitativa, foram incluídos aqueles com Escore de comorbidades de Elixhauser >= 3 e presença de dor. RESULTADOS: Foram incluídos 58 mulheres e 42 homens, com média de idade de 55 ± 13,5 anos. A mediana do total do B-IPQ foi 41 (IQR 30,7-49). A percepção avaliada pelo B-IPQ correlacionou-se com a intensidade e com a interferência da dor. Não houve associação do B-IPQ com os índices de multimorbidade Elixhauser, Charlson e Índice de complexidade funcional. A prevalência de dor foi 65%, com escore de severidade médio de 5,4 ± 1,9 e escore médio de interferência de 5,5 ± 1,9. Para o escore de comorbidades de Elixhauser a mediana foi 3 (IQR 2-4,2), sendo as mais frequentes hipertensão, diabetes e obesidade. Para o índice de complexidade da farmacoterapia, a mediana para todos os pacientes foi 18 (IQR 12-28,2), sendo maior nos pacientes com dor e tendo correlação com os índices de multimorbidade incluídos. Qualidade de vida avaliada pelo SF-12 teve média do escore físico PCS-12 36,9 ± 12,2 e do escore mental MCS-12 46,4 ± 13,5. A mediana de pontuação no inventário de Beck foi 9,5 (IQR 5,2-16,7). Na fase qualitativa, aprofundaram-se os determinantes da percepção e foram observados os padrões mais comuns de experiência da doença: resiliência; vulnerabilidade; disrupção. CONCLUSÕES: A percepção de doença dentre os pacientes acompanhados em ambulatório de Clínica Médica em hospital terciário incluídos no estudo foi negativa, com altos valores no B-IPQ e relacionada à presença de dor. A percepção não se associou nem aos índices de multimorbidade nem à complexidade da farmacoterapia. A percepção observada - tanto na fase quantitativa quanto na qualitativa do estudo - da maior parte dos pacientes foi de ameaça e vulnerabilidade, com grande repercussão emocional. A presença de muitos sintomas somáticos, dentre os quais a dor, interfere na funcionalidade e na qualidade de vida. A vulnerabilidade e a sensação de desamparo frente ao curso da doença foram frequentes. Dor e multimorbidade foram frequentes nesta população e associadas com a complexidade da farmacoterapia |
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Ser ou estar doente? Impacto da dor, da multimorbidade e da complexidade farmacoterápica na qualidade de vida e percepção da doença em pessoas acompanhadas em ambulatório de Clínica MédicaBeing sick or ill? Impact of pain, multimorbidity and medication regimen complexity on quality of life and illness perception at an outpatient clinic of Internal MedicineChronic diseaseDoença crônicaDorDrug therapyInternal MedicineMedicina InternaMedicina narrativaMultimorbidadeMultimorbidityNarrative MedicinePainTratamento farmacológicoINTRODUÇÃO: Ao lidarem com sintomas e rótulos associados a doenças, as pessoas geram representações das doenças em níveis cognitivos e afetivos, que interagem para gerar uma resposta representada pelos comportamentos de saúde. Essa percepção é multifatorial, dinâmica e tem impacto sobre desfechos clínicos. Não há clareza na literatura acerca da percepção de doença em pacientes ambulatoriais com multimorbidade e quais seus determinantes. Assim, o objetivo deste estudo foi compreender a percepção de doença dos pacientes acompanhados em ambulatório de Clínica Médica a partir da descrição de determinantes quantitativos relacionados a dor; complexidade da farmacoterapia; qualidade de vida em suas dimensões física e mental; presença de sintomas depressivos e da análise qualitativa de suas narrativas. MÉTODOS: Metodologia mista sequencial explanatória, buscando identificar o perfil dos pacientes em termos de multimorbidade, presença de dor, sua intensidade e interferência nas atividades, complexidade farmacoterápica, qualidade de vida em suas dimensões física e mental e investigar associações dessas variáveis à percepção da doença na fase quantitativa do estudo. Para a análise qualitativa, a proposição foi aprofundar, sob a perspectiva construtivista, a avaliação das narrativas de doenças a fim de nos aproximarmos por essa via da percepção e seus determinantes. Foram incluídos para a fase quantitativa 100 pacientes com idade entre 18 e 80 anos acompanhados no ambulatório de Clínica Médica do HC-FMUSP. Para a etapa qualitativa, foram incluídos aqueles com Escore de comorbidades de Elixhauser >= 3 e presença de dor. RESULTADOS: Foram incluídos 58 mulheres e 42 homens, com média de idade de 55 ± 13,5 anos. A mediana do total do B-IPQ foi 41 (IQR 30,7-49). A percepção avaliada pelo B-IPQ correlacionou-se com a intensidade e com a interferência da dor. Não houve associação do B-IPQ com os índices de multimorbidade Elixhauser, Charlson e Índice de complexidade funcional. A prevalência de dor foi 65%, com escore de severidade médio de 5,4 ± 1,9 e escore médio de interferência de 5,5 ± 1,9. Para o escore de comorbidades de Elixhauser a mediana foi 3 (IQR 2-4,2), sendo as mais frequentes hipertensão, diabetes e obesidade. Para o índice de complexidade da farmacoterapia, a mediana para todos os pacientes foi 18 (IQR 12-28,2), sendo maior nos pacientes com dor e tendo correlação com os índices de multimorbidade incluídos. Qualidade de vida avaliada pelo SF-12 teve média do escore físico PCS-12 36,9 ± 12,2 e do escore mental MCS-12 46,4 ± 13,5. A mediana de pontuação no inventário de Beck foi 9,5 (IQR 5,2-16,7). Na fase qualitativa, aprofundaram-se os determinantes da percepção e foram observados os padrões mais comuns de experiência da doença: resiliência; vulnerabilidade; disrupção. CONCLUSÕES: A percepção de doença dentre os pacientes acompanhados em ambulatório de Clínica Médica em hospital terciário incluídos no estudo foi negativa, com altos valores no B-IPQ e relacionada à presença de dor. A percepção não se associou nem aos índices de multimorbidade nem à complexidade da farmacoterapia. A percepção observada - tanto na fase quantitativa quanto na qualitativa do estudo - da maior parte dos pacientes foi de ameaça e vulnerabilidade, com grande repercussão emocional. A presença de muitos sintomas somáticos, dentre os quais a dor, interfere na funcionalidade e na qualidade de vida. A vulnerabilidade e a sensação de desamparo frente ao curso da doença foram frequentes. Dor e multimorbidade foram frequentes nesta população e associadas com a complexidade da farmacoterapiaINTRODUCTION: Faced with symptoms and labels associated with diseases, people generate representations of diseases at cognitive and affective levels, which interact to generate a response represented by health behaviors. This perception is multifactorial, dynamic and has an impact on clinical outcomes. It\'s not fully clarified in the literature how the perception is manifested and and what are its determinants. Thus, the aim of this study was to understand illness perception of patients followed up in an outpatient clinic of Internal Medicine guided by the description of quantitative determinants related to pain; complexity of pharmacotherapy; quality of life in its physical and mental dimensions; presence of depressive symptoms and qualitative analysis of their narratives. METHODS: Sequential explanatory mixed methodology, seeking to identify the profile of patients in terms of multimorbidity, presence of pain, its intensity and interference in activities, medication regimen complexity, quality of life in its physical and mental dimensions and to investigate associations of these variables with the perception of the disease in the quantitative phase of the study. For qualitative analysis, the proposition was to deepen, under the constructivist perspective, the evaluation of disease narratives in order to approach this path of perception and its determinants. For the quantitative phase, 100 patients aged between 18 and 80 years followed up at the HC-FMUSP internal medicine outpatient clinic were included. For the qualitative stage, those with an Elixhauser comorbidity score >= 3 and the presence of pain were included. RESULTS: 58 women and 42 men were included, with a mean age of 55 ± 13.5 years. The median of the total B-IPQ was 41 (IQR 30.7-49). The perception assessed by the B-IPQ correlated with the intensity and the interference of pain. There was no association between B-IPQ and the Elixhauser, Charlson and functional complexity index multimorbidity indexes. The prevalence of pain was 65%, with a mean severity score of 5.4 ± 1.9 and a mean interference score of 5.5 ± 1.9. For the Elixhauser comorbidity score, the median was 3 (IQR 2-4.2), with the most frequent being hypertension, diabetes and obesity. For the pharmacotherapy complexity index, the median for all patients was 18 (IQR 12-28.2), being higher in patients with pain and correlating with the included multimorbidity indexes. Quality of life assessed by SF-12 had an average of the physical score PCS-12 36.9 ± 12.2 and the mental score MCS-12 46.4 ± 13.5. The median score on Beck\'s inventory was 9.5 (IQR 5.2-16.7). In the qualitative phase, the determinants of perception were deepened and the most common patterns of disease experience observed were as follow: resilience; vulnerability; disruption CONCLUSIONS: Illness perception among patients followed at an internal medicine outpatient clinic in a tertiary hospital included in the study was negative, with high values in the B-IPQ and related to the presence of pain. The perception was not associated with either multimorbidity rates or the complexity of pharmacotherapy; Perception - both in the quantitative and qualitative phase of the study - of most patients was of threat and vulnerability, with great emotional repercussion. The presence of many somatic symptoms, including pain, interferes with functionality and quality of life. The vulnerability and the feeling of helplessness in the face of the disease course were frequent; Pain and multimorbidity were frequent in this population and associated with the complexity of pharmacotherapyBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMartins, Milton de ArrudaFavarato, Maria Helena Sampaio2020-06-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-28102020-180355/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-10-28T23:41:02Zoai:teses.usp.br:tde-28102020-180355Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-10-28T23:41:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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INTRODUÇÃO: Ao lidarem com sintomas e rótulos associados a doenças, as pessoas geram representações das doenças em níveis cognitivos e afetivos, que interagem para gerar uma resposta representada pelos comportamentos de saúde. Essa percepção é multifatorial, dinâmica e tem impacto sobre desfechos clínicos. Não há clareza na literatura acerca da percepção de doença em pacientes ambulatoriais com multimorbidade e quais seus determinantes. Assim, o objetivo deste estudo foi compreender a percepção de doença dos pacientes acompanhados em ambulatório de Clínica Médica a partir da descrição de determinantes quantitativos relacionados a dor; complexidade da farmacoterapia; qualidade de vida em suas dimensões física e mental; presença de sintomas depressivos e da análise qualitativa de suas narrativas. MÉTODOS: Metodologia mista sequencial explanatória, buscando identificar o perfil dos pacientes em termos de multimorbidade, presença de dor, sua intensidade e interferência nas atividades, complexidade farmacoterápica, qualidade de vida em suas dimensões física e mental e investigar associações dessas variáveis à percepção da doença na fase quantitativa do estudo. Para a análise qualitativa, a proposição foi aprofundar, sob a perspectiva construtivista, a avaliação das narrativas de doenças a fim de nos aproximarmos por essa via da percepção e seus determinantes. Foram incluídos para a fase quantitativa 100 pacientes com idade entre 18 e 80 anos acompanhados no ambulatório de Clínica Médica do HC-FMUSP. Para a etapa qualitativa, foram incluídos aqueles com Escore de comorbidades de Elixhauser >= 3 e presença de dor. RESULTADOS: Foram incluídos 58 mulheres e 42 homens, com média de idade de 55 ± 13,5 anos. A mediana do total do B-IPQ foi 41 (IQR 30,7-49). A percepção avaliada pelo B-IPQ correlacionou-se com a intensidade e com a interferência da dor. Não houve associação do B-IPQ com os índices de multimorbidade Elixhauser, Charlson e Índice de complexidade funcional. A prevalência de dor foi 65%, com escore de severidade médio de 5,4 ± 1,9 e escore médio de interferência de 5,5 ± 1,9. Para o escore de comorbidades de Elixhauser a mediana foi 3 (IQR 2-4,2), sendo as mais frequentes hipertensão, diabetes e obesidade. Para o índice de complexidade da farmacoterapia, a mediana para todos os pacientes foi 18 (IQR 12-28,2), sendo maior nos pacientes com dor e tendo correlação com os índices de multimorbidade incluídos. Qualidade de vida avaliada pelo SF-12 teve média do escore físico PCS-12 36,9 ± 12,2 e do escore mental MCS-12 46,4 ± 13,5. A mediana de pontuação no inventário de Beck foi 9,5 (IQR 5,2-16,7). Na fase qualitativa, aprofundaram-se os determinantes da percepção e foram observados os padrões mais comuns de experiência da doença: resiliência; vulnerabilidade; disrupção. CONCLUSÕES: A percepção de doença dentre os pacientes acompanhados em ambulatório de Clínica Médica em hospital terciário incluídos no estudo foi negativa, com altos valores no B-IPQ e relacionada à presença de dor. A percepção não se associou nem aos índices de multimorbidade nem à complexidade da farmacoterapia. A percepção observada - tanto na fase quantitativa quanto na qualitativa do estudo - da maior parte dos pacientes foi de ameaça e vulnerabilidade, com grande repercussão emocional. A presença de muitos sintomas somáticos, dentre os quais a dor, interfere na funcionalidade e na qualidade de vida. A vulnerabilidade e a sensação de desamparo frente ao curso da doença foram frequentes. Dor e multimorbidade foram frequentes nesta população e associadas com a complexidade da farmacoterapia |
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