Obediência e transgressão sob a perspectiva do adolescente no ambiente escolar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alencastro, Sofia Magalhães Regis de
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-05072013-103419/
Resumo: A escola ocupa um lugar central na sociedade, propondo-se realizar tanto o desenvolvimento cognitivo como afetivo, além de preocupar-se com a formação integral dos alunos, sendo também responsável pela formação moral, transmitindo valores, princípios e normas. Como um espaço privilegiado de trabalho com as relações, oferece oportunidades de autoconhecimento e conhecimento do outro, portanto, exige ações que promovam a construção da atmosfera sociomoral cooperativa e da personalidade moral, o que, no contexto atual, representa um grande desafio. Os comportamentos de transgressão, mesmo quando não violentos, permeariam o cotidiano escolar e expressam a maneira singular do jovem relacionar-se com o mundo. Portanto, é necessário refletir sobre as relações da obediência e da transgressão com a constituição das regras, a organização institucional, os valores da sociedade e a personalidade dos alunos. A presente pesquisa teve como propósito investigar as questões da obediência e da transgressão escolar sob a perspectiva dos jovens, sendo organizada em torno de três eixos: relações do aluno com o ambiente escolar e com os pares; relação do aluno com a autoridade e concepção de projetos de vida. Para isso, foram realizadas observações e entrevistas individuais, com o objetivo de verificar se a perspectiva ética faz parte do projeto de vida dos adolescentes, que razões os jovens identificam para obedecer e transgredir e a presença de motivações para os comportamentos de obediência e transgressão no ambiente escolar. Participaram desta pesquisa 151 alunos, de 10 a 15 anos, ambos os sexos, de escolas públicas e particulares. As questões da obediência e transgressão foram equacionadas na convergência das referências teóricas de Piaget, Arendt, Sennett, Fromm e La Taille, sempre procurando manter uma postura dialógica e de complementaridade, sustentando os conceitos de obediência e transgressão como parte do desenvolvimento da moralidade. Os resultados apontam para a supervalorização do ambiente familiar e da vida privada por parte dos jovens, para uma percepção de si mais relacionada às experiências individuais do que em conexão com outrem, tendo como consequência uma maior dependência, o fortalecimento da heteronomia e o distanciamento da vida pública. Assim como indicam a ausência do professor na mediação e no processo de solução dos conflitos o que leva o jovem à desejar um maior protagonismo do professor, e revelam a frequente prática escolar autoritária centrada no poder dos adultos e no uso de recompensas e punições que está criando dificuldades para o desenvolvimento de uma moralidade autônoma. Além disso, identificamos que o jovem faz uma valorização extrínseca, instrumental e idealizada do papel da escola, sendo necessário que os professores equalizem as exigências feitas aos alunos, sem subestimar ou superestimar suas capacidades, propondo interações sociais e trocas de pontos de vista entre eles, favorecendo a descentração, a cooperação e a reciprocidade. Por fim, e, principalmente, notamos que as atitudes transgressoras dos alunos não são, em sua maior parte, dirigidas ao professor
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Portanto, é necessário refletir sobre as relações da obediência e da transgressão com a constituição das regras, a organização institucional, os valores da sociedade e a personalidade dos alunos. A presente pesquisa teve como propósito investigar as questões da obediência e da transgressão escolar sob a perspectiva dos jovens, sendo organizada em torno de três eixos: relações do aluno com o ambiente escolar e com os pares; relação do aluno com a autoridade e concepção de projetos de vida. Para isso, foram realizadas observações e entrevistas individuais, com o objetivo de verificar se a perspectiva ética faz parte do projeto de vida dos adolescentes, que razões os jovens identificam para obedecer e transgredir e a presença de motivações para os comportamentos de obediência e transgressão no ambiente escolar. Participaram desta pesquisa 151 alunos, de 10 a 15 anos, ambos os sexos, de escolas públicas e particulares. As questões da obediência e transgressão foram equacionadas na convergência das referências teóricas de Piaget, Arendt, Sennett, Fromm e La Taille, sempre procurando manter uma postura dialógica e de complementaridade, sustentando os conceitos de obediência e transgressão como parte do desenvolvimento da moralidade. Os resultados apontam para a supervalorização do ambiente familiar e da vida privada por parte dos jovens, para uma percepção de si mais relacionada às experiências individuais do que em conexão com outrem, tendo como consequência uma maior dependência, o fortalecimento da heteronomia e o distanciamento da vida pública. Assim como indicam a ausência do professor na mediação e no processo de solução dos conflitos o que leva o jovem à desejar um maior protagonismo do professor, e revelam a frequente prática escolar autoritária centrada no poder dos adultos e no uso de recompensas e punições que está criando dificuldades para o desenvolvimento de uma moralidade autônoma. Além disso, identificamos que o jovem faz uma valorização extrínseca, instrumental e idealizada do papel da escola, sendo necessário que os professores equalizem as exigências feitas aos alunos, sem subestimar ou superestimar suas capacidades, propondo interações sociais e trocas de pontos de vista entre eles, favorecendo a descentração, a cooperação e a reciprocidade. Por fim, e, principalmente, notamos que as atitudes transgressoras dos alunos não são, em sua maior parte, dirigidas ao professorThe school plays a central role in our society, as it proposes to be responsible for the students cognitive and affective development as well as their moral education, conveying values, principles and standards. As a privileged place to work with relationships, it provides the opportunity for self-knowledge and knowledge of the others, therefore, it requires actions that promote the construction of a sociomoral cooperative atmosphere and of a moral personality, which, in the present context, represents a major challenge. Transgressive behaviour, even when nonviolent, underlies school daily life and expresses the singular way in which young people relate to the world. Therefore, it is necessary to reflect on how obedience and transgression are connected to the creation of rules, the school organization, society values and students personalities. The present study was designed to investigate the issues of obedience and transgression in the school context from the perspective of young people. It is organized around three areas: how young people relate to the school environment and their peers); how students relate to school authority; and how they view their life projects. 151 male and female students between the ages of 10 and 15 have participated in this study, both from public and private schools. Observations and interviews were conducted in order to check whether an ethical perspective is part of the adolescents life projects, what reasons may lead them to obey or transgress and to what extent school environment contributes to obedient or transgressive behavior. The discussion of the issues of obedience and transgression was based on a theoretical framework that included concepts and ideas from the work of Piaget, Arendt, Sennett, Fromm and La Taille, and looked at the way they relate to and complement each other in order to provide support to the idea that the concepts of obedience and transgression are part of moral development. The results show that young people overestimate the importance of family and private life and that they have a perception of themselves which is more influenced by individual rather than group experience. This results in greater dependency and it strengthens heteronomy and detachment from social life. They also show the teacher is usually absent in the process of mediation and conflict resolution, which makes students wish teachers would play a greater role in this process, and reveal that frequent authoritarian practices centered around adult power and based on punishment and reward make it difficult for students to develop autonomous moral behaviour. In addition, we observed that young people have an extrinsic, instrumental and idealized view of the role of the school, which requires teachers to make appropriate demands on students, without underestimating or overestimating their abilities, and by providing different kinds of social interaction and debate and by encouraging decentration, cooperation and reciprocity). Last but not least, we noticed that students transgressive behavior is mostly directed towards teachersBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPTaille, Yves Joel Jean Marie Rodolphe de LaAlencastro, Sofia Magalhães Regis de2013-04-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-05072013-103419/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:36Zoai:teses.usp.br:tde-05072013-103419Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:36Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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