Classificação da função motora grossa e habilidade manual de crianças com paralisia cerebral: diferentes perspectivas entre pais e terapeutas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Daniela Baleroni Rodrigues
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-15042013-115717/
Resumo: O Gross Motor Function System Expanded and Revised (GMFCS E & R) e o Manual Ability Classification System (MACS) têm sido amplamente utilizados na pesquisa e na prática clínica como complemento ao diagnóstico da paralisia cerebral (PC). Ambos consistem em cinco níveis, sendo que o nível V indica maior limitação funcional. O objetivo deste estudo foi realizar o processo de tradução e adaptação transcultural do GMFCS E & R e MACS, avaliar a confiabilidade inter-avaliadores (entre terapeutas e entre terapeutas e pais) e intra-avaliadores (terapeutas) acerca dos sistemas de classificação (GMFCS E & R e MACS) e verificar a influência de fatores relacionados à criança (tipo de PC) e aos pais (escolaridade, renda, ocupação e idade) na confiabilidade entre terapeutas e pais. Participaram 100 crianças com PC, que eram acompanhadas pelo serviço de neurologia ou de reabilitação de um hospital terciário no interior paulista na faixa etária entre 4 a 18 anos, e seus pais. Para a aplicação dos sistemas de classificação realização da tradução e adaptação transcultural do GMFCS E & R, seguiram-se seis estágios: tradução, síntese das traduções, retrotradução para língua de origem, comitê de análise, submissão aos autores e pré-teste. A coleta de dados foi feita por dois terapeutas com diferentes níveis de experiência na área de neuropediatria. Os terapeutas classificaram a função motora grossa da criança (GMFCS E & R) através da observação direta (controle de cabeça, tronco, transferências, mobilidade) e os pais responderam ao GMFCS Family Report Questionnaire, onde deveriam selecionar uma opção, dentre cinco, correspondente ao nível motor da criança. Quanto à habilidade manual (MACS), os terapeutas observaram a criança manipulando objetos (brinquedos, alimentação, vestuário) e obtiveram informações dos pais. Os pais realizaram a classificação da habilidade manual da criança com base na leitura do folheto explicativo do MACS. Foram realizadas filmagens das observações das crianças para avaliação da confiabilidade intra-avaliadores (terapeutas), após um mês da avaliação inicial. Utilizou-se o coeficiente Kappa (k) para avaliação da confiabilidade inter-avaliadores (entre terapeutas e entre terapeutas e pais) e intra-avaliadores (terapeutas) acerca do GMFCS E & R e MACS e o teste do qui-quadrado (x2) para verificar a associação entre os fatores relacionados à criança e aos pais. Após realizados os seis estágios referentes à tradução e adaptação transcultural do GMFCS E & R e MACS, as versões em português foram aprovadas pelos autores. Em relação à confiabilidade inter-avaliadores (AV1 e AV2), obteve-se concordância quase perfeita para o GMFCS E & R e MACS (K = 0,902 e 0,90 respectivamente), assim como intra-avaliadores, obtendo-se concordância quase perfeita para ambos avaliadores acerca do GMFCS E & R (k=1,00) e MACS (K= 0,958 para AV1 e K= 0,833 para AV2). Em relação à confiabilidade entre terapeutas e pais, esta foi substancial para GMFCS E & R (K = 0,716) e considerável para MACS (K =0, 368). Em relação ao GMFCS E & R, verificou-se que o porcentual de discordâncias no grupo de pais que não trabalha fora é significativamente superior ao porcentual de discordância de quem trabalha fora (x 2 =4,79; p= 0,03), quando comparada à classificação do terapeuta. Maior freqüência de pais classificaram as crianças como severamente limitada, comparada à classificação do terapeuta (x 2 =4,26; p= 0,04). Em relação ao MACS, verificou-se que as discordâncias entre terapeutas e pais foram significativamente superiores nas crianças de 4 a 6 e 6 a 12 anos do que em relação às crianças de 12 a 18 anos (p=0,05), assim como pais na faixa etária de 20 a 30 anos discordaram significativamente mais do terapeuta (p=0,04). É importante considerar a influência de fatores ambientais no desempenho típico da criança com PC em relação à função motora grossa e habilidade manual. Portanto, embora terapeutas e pais apresentem diferentes perspectivas em relação a tais aspectos, por julgarem diferentes contextos como referência (pais consideram o desempenho em casa, escola, ambientes externos; o terapeuta, o ambiente clínico), os dois pontos de vista necessitam ser apreciados conjuntamente. Conclui-se que as versões traduzidas para o português Brasil do GMFCS E & R, GMFCS Family Report Questionnaire são confiáveis para classificar crianças com PC por pais e terapeutas.
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O objetivo deste estudo foi realizar o processo de tradução e adaptação transcultural do GMFCS E & R e MACS, avaliar a confiabilidade inter-avaliadores (entre terapeutas e entre terapeutas e pais) e intra-avaliadores (terapeutas) acerca dos sistemas de classificação (GMFCS E & R e MACS) e verificar a influência de fatores relacionados à criança (tipo de PC) e aos pais (escolaridade, renda, ocupação e idade) na confiabilidade entre terapeutas e pais. Participaram 100 crianças com PC, que eram acompanhadas pelo serviço de neurologia ou de reabilitação de um hospital terciário no interior paulista na faixa etária entre 4 a 18 anos, e seus pais. Para a aplicação dos sistemas de classificação realização da tradução e adaptação transcultural do GMFCS E & R, seguiram-se seis estágios: tradução, síntese das traduções, retrotradução para língua de origem, comitê de análise, submissão aos autores e pré-teste. A coleta de dados foi feita por dois terapeutas com diferentes níveis de experiência na área de neuropediatria. Os terapeutas classificaram a função motora grossa da criança (GMFCS E & R) através da observação direta (controle de cabeça, tronco, transferências, mobilidade) e os pais responderam ao GMFCS Family Report Questionnaire, onde deveriam selecionar uma opção, dentre cinco, correspondente ao nível motor da criança. Quanto à habilidade manual (MACS), os terapeutas observaram a criança manipulando objetos (brinquedos, alimentação, vestuário) e obtiveram informações dos pais. Os pais realizaram a classificação da habilidade manual da criança com base na leitura do folheto explicativo do MACS. Foram realizadas filmagens das observações das crianças para avaliação da confiabilidade intra-avaliadores (terapeutas), após um mês da avaliação inicial. Utilizou-se o coeficiente Kappa (k) para avaliação da confiabilidade inter-avaliadores (entre terapeutas e entre terapeutas e pais) e intra-avaliadores (terapeutas) acerca do GMFCS E & R e MACS e o teste do qui-quadrado (x2) para verificar a associação entre os fatores relacionados à criança e aos pais. Após realizados os seis estágios referentes à tradução e adaptação transcultural do GMFCS E & R e MACS, as versões em português foram aprovadas pelos autores. Em relação à confiabilidade inter-avaliadores (AV1 e AV2), obteve-se concordância quase perfeita para o GMFCS E & R e MACS (K = 0,902 e 0,90 respectivamente), assim como intra-avaliadores, obtendo-se concordância quase perfeita para ambos avaliadores acerca do GMFCS E & R (k=1,00) e MACS (K= 0,958 para AV1 e K= 0,833 para AV2). Em relação à confiabilidade entre terapeutas e pais, esta foi substancial para GMFCS E & R (K = 0,716) e considerável para MACS (K =0, 368). Em relação ao GMFCS E & R, verificou-se que o porcentual de discordâncias no grupo de pais que não trabalha fora é significativamente superior ao porcentual de discordância de quem trabalha fora (x 2 =4,79; p= 0,03), quando comparada à classificação do terapeuta. Maior freqüência de pais classificaram as crianças como severamente limitada, comparada à classificação do terapeuta (x 2 =4,26; p= 0,04). Em relação ao MACS, verificou-se que as discordâncias entre terapeutas e pais foram significativamente superiores nas crianças de 4 a 6 e 6 a 12 anos do que em relação às crianças de 12 a 18 anos (p=0,05), assim como pais na faixa etária de 20 a 30 anos discordaram significativamente mais do terapeuta (p=0,04). É importante considerar a influência de fatores ambientais no desempenho típico da criança com PC em relação à função motora grossa e habilidade manual. Portanto, embora terapeutas e pais apresentem diferentes perspectivas em relação a tais aspectos, por julgarem diferentes contextos como referência (pais consideram o desempenho em casa, escola, ambientes externos; o terapeuta, o ambiente clínico), os dois pontos de vista necessitam ser apreciados conjuntamente. Conclui-se que as versões traduzidas para o português Brasil do GMFCS E & R, GMFCS Family Report Questionnaire são confiáveis para classificar crianças com PC por pais e terapeutas.The Gross Motor Function System Expanded and Revised (GMFCS E & R) and Manual Ability Classification System (MACS) has been widely used in research and clinical practice to complement the diagnosis of cerebral palsy (CP). Both consist of five levels where the level V indicates greater functional limitation. The aim of this study was to carry out the process of translation and cultural adaptation of the GMFCS E & R and MACS, evaluate the inter-rater reliability (between therapists and between therapists and parents) and intra-rater (therapists) about rating systems and verify the influence of factors related to the child (type PC) and parents (education, income, occupation and age) in reliability between therapists and parents. Participants 100 children with CP who were accompanied by the department of neurology and rehabilitation of a tertiary hospital in São Paulo aged 4-18 years and their parents. To perform the translation and cultural adaptation of the GMFCS E & MACS, followed by six stages: translation, synthesis of translations, back translation for source language, analysis committee, submission to the authors and pretest. Data collection was done by two therapists with different levels of experience in neuropediatric.Therapists rated the child\'s gross motor function (GMFCS & E) through direct observation (head control, trunk, transfers, mobility) and parents responded to GMFCS Family Report Questionnaire, which should select an option Among five, corresponding to the child\'s motor. As for manual ability (MACS), therapists observed the child handling objects (toys, food and clothing) and obtained information from parents. Parents held the classification of manual ability of the child based on reading the brochure MACS. Were filmed observations of children to assess intra-rater reliability (therapists), one month after the initial evaluations. To assess the reliability used the kappa coefficient (k) and the chi-square (x2) to determine the association between factors related to the child and parents, the reliability between therapists and parents. Performed after the six stages related to translation and cultural adaptation of the GMFCS E & R and MACS, the Portuguese versions were approved by the authors. Regarding inter-rater reliability (AV1 and AV2), we obtained almost perfect agreement for the GMFCS E & R and MACS (K = 0.902 and 0.90 respectively) as well as intra-rater, yielding almost perfect agreement for both evaluators about the GMFCS E & R(k = 1.00) and MACS (K = 0.958 for AV1 and AV2 for K = 0.833). Regarding reliability between therapists and parents, this was substantial for GMFCS E & R (K = 0.716) and to considerable MACS (K = 0, 368). Regarding the GMFCS E & R, it was found that the percentage of disagreements in the group of parents who do not work out is significantly higher than the percentage of those working outside of disagreement (x 2 = 4.79, p = 0.03), compared to ratings of therapist. Parents classify children as more severely limited than therapists (x 2 = 4.26, p = 0.04). It is important to consider the influence of environmental factors on the performance of children with PC in relation to gross motor function and manual ability. Therefore, parents and therapists have different perspectives regarding such aspects, judging by different contexts as reference (parents consider performance at home, school, outdoors, therapist, the clinical setting), the two points of view need to be assessed together. We conclude that the translated versions for Portuguese - Brazil\'s GMFCS E & R, GMFCS Family Report Questionnaire are reliable to classify children with CP by parents and therapists.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPfeifer, Luzia IaraSilva, Daniela Baleroni Rodrigues2013-03-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-15042013-115717/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:35Zoai:teses.usp.br:tde-15042013-115717Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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