Reformas educacionais na perspectiva de docentes: o programa São Paulo Faz Escola

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maldonado, Luís Renato Silva
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-25032014-153539/
Resumo: Esta pesquisa pretendeu analisar a perspectiva de professores diante de uma etapa do longo processo reformista da educação pública paulista que se desenvolve desde meados da década de 90. Em 2008, foi implantado pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, o SPfe (São Paulo faz escola), programa que objetivou criar uma base curricular comum para toda a rede de ensino estadual. Afora a proposta curricular, o programa incorporou a adoção de uma política de bonificação financeira atrelada ao uso de um material didático próprio; o reposicionamento da função do coordenador pedagógico como gestor das mudanças propostas; a responsabilização dos professores pelos resultados do processo de ensino e, como desdobramento, a reestruturação da carreira docente e a criação de cursos de formação específica baseados nos conteúdos e metodologias do SPfe. A pergunta de pesquisa proposta foi: como o magistério interpreta as recentes reformas na educação paulista, no âmbito do Programa São Paulo faz escola? A pergunta tinha o objetivo de identificar as mudanças percebidas pela categoria em sua prática, especificamente no que se refere à autonomia no fazer docente diante da imposição do uso de um currículo determinado e de um material didático estruturado. A hipótese de pesquisa é a de que os professores interpretariam as reformas relacionadas ao SPfe como mudanças que retiram a sua autonomia de trabalho, uma vez que o currículo imposto pelo sistema de ensino apostilado, assim como o seu vínculo com avaliações discentes, docentes e processos de formação exerceriam controle na condução do processo pedagógico interferindo, assim, no mandato docente. Para responder a pergunta, fez-se observação e entrevista semiestruturada com oito professores da Escola Prof. Andronico de Mello. De início, os materiais prescritos foram praticamente ignorados, mas, uma grande parcela dos professores da escola passou a fazer algum tipo de uso do material. A reforma curricular, em si, não se mostrou instrumento suficientemente capaz de incluir os materiais didáticos do programa nas práticas docentes. Os professores não se convenceram dos benefícios que os materiais poderiam trazer às suas práticas. Para que isto ocorresse, foram demandados dispositivos complementares que pouco a pouco levaram o professor ao seu uso. O primeiro e mais significativo destes foi o bônus docente, relacionando o conteúdo dos materiais do programa às avaliações discentes (Saresp) e docentes (Avaliação de mérito) com vistas ao incremento salarial. O segundo dispositivo vinculou à formação oferecida aos docentes ingressantes os princípios, metodologias e conteúdos da nova base curricular num processo de (con)formação docente relativa ao programa. Por fim, a escola pesquisada tem um corpo docente com sólida formação e pouca flutuação, uma cultura voltada ao comprometimento e à autonomia, mas, a penetração das diretrizes curriculares do programa está ocorrendo paulatinamente, minando a resistência docente. Isto sugere que em contextos menos estruturados este processo avança a passos mais largos e pode estar rumando à consolidação de um sistema de controle e fragmentação do fazer docente.
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Afora a proposta curricular, o programa incorporou a adoção de uma política de bonificação financeira atrelada ao uso de um material didático próprio; o reposicionamento da função do coordenador pedagógico como gestor das mudanças propostas; a responsabilização dos professores pelos resultados do processo de ensino e, como desdobramento, a reestruturação da carreira docente e a criação de cursos de formação específica baseados nos conteúdos e metodologias do SPfe. A pergunta de pesquisa proposta foi: como o magistério interpreta as recentes reformas na educação paulista, no âmbito do Programa São Paulo faz escola? A pergunta tinha o objetivo de identificar as mudanças percebidas pela categoria em sua prática, especificamente no que se refere à autonomia no fazer docente diante da imposição do uso de um currículo determinado e de um material didático estruturado. A hipótese de pesquisa é a de que os professores interpretariam as reformas relacionadas ao SPfe como mudanças que retiram a sua autonomia de trabalho, uma vez que o currículo imposto pelo sistema de ensino apostilado, assim como o seu vínculo com avaliações discentes, docentes e processos de formação exerceriam controle na condução do processo pedagógico interferindo, assim, no mandato docente. Para responder a pergunta, fez-se observação e entrevista semiestruturada com oito professores da Escola Prof. Andronico de Mello. De início, os materiais prescritos foram praticamente ignorados, mas, uma grande parcela dos professores da escola passou a fazer algum tipo de uso do material. A reforma curricular, em si, não se mostrou instrumento suficientemente capaz de incluir os materiais didáticos do programa nas práticas docentes. Os professores não se convenceram dos benefícios que os materiais poderiam trazer às suas práticas. Para que isto ocorresse, foram demandados dispositivos complementares que pouco a pouco levaram o professor ao seu uso. O primeiro e mais significativo destes foi o bônus docente, relacionando o conteúdo dos materiais do programa às avaliações discentes (Saresp) e docentes (Avaliação de mérito) com vistas ao incremento salarial. O segundo dispositivo vinculou à formação oferecida aos docentes ingressantes os princípios, metodologias e conteúdos da nova base curricular num processo de (con)formação docente relativa ao programa. Por fim, a escola pesquisada tem um corpo docente com sólida formação e pouca flutuação, uma cultura voltada ao comprometimento e à autonomia, mas, a penetração das diretrizes curriculares do programa está ocorrendo paulatinamente, minando a resistência docente. Isto sugere que em contextos menos estruturados este processo avança a passos mais largos e pode estar rumando à consolidação de um sistema de controle e fragmentação do fazer docente.This research intended to analyze the teacher´s perspective regarding the long reformist process of the Public Education of the state of São Paulo, in Brazil, which has been taking place since the middle of the 90´s. In 2008, the SEE (Department of Education of São Paulo State) implemented the SPfe (São Paulo faz escola), a program which intended to create a common base curriculum for the entire state´s educational system. Besides the proposal of the curriculum, the program also proposed the adoption of a policy of financial bonus linked to the acceptance and usage of the former; the replacement of the pedagogic coordinator function to manage those changes; making responsible the teachers for the consequences of the teaching process and, as a result, the restructuring of the teaching career and the creation of courses for specific formation based on the contents and methodologies of the SPfe. The question of this research was how the professorship has interpreted those recent reforms in the educational system of São Paulo state, known as São Paulo faz escola? The research had the objective of identifying the changes noticed by the professorship in their practice, specifically regarding their autonomy while teaching before the imposition of a pre-determined curriculum and its correspondent didactic material. The research hypothesis is that teachers interpret reform as SPfe how changes that derive their operating autonomy, since the curriculum imposed by the learnship system, as well as its link with evaluations learners, teachers and processes training have controlled the conduct of the educational process interfering thus the mandate teaching. To answer this question, through empirical research and semi-structured interviews, I interviewed eight teachers of E.E Prof. Andronico de Mello. I concluded that if at the beginning that pedagogical material was rather ignored by the teachers, currently a great number of teachers of that school, somehow employs it in their jobs. That is due to the fact that the curricular reform itself has not proven enough to be adopted as didactic material of the program on the teaching practice. Teachers were not convinced of the benefits that didactic material could bring to their teaching practice. The insertion of those didactic materials into the teaching practices was used driven by some complementary devices that slowly influenced teachers in using them. The first and most important one was the bonus. In other words, correlate the content of that material to the evaluation of students (Saresp) and teachers (evaluation of merit). The second device, linked to the formation of teachers for the new comers through the reinforcing of principles, methodologies and contents of the new curriculum in a process of (con) formation of teachers. Last, I could infer that if that specific school which has a stable group of teachers with a solid formation, besides their culture concerned with commitment and autonomy, the insertion of those curricular guidelines of this new program can be undermining the teachers resistance; we can conjecture that in some other less structured and organized schools, this process advances faster and can be going towards the consolidation of a system of control and fragmentation of the teaching practices.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGhanem Junior, Elie George GuimaraesMaldonado, Luís Renato Silva2013-05-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-25032014-153539/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:47Zoai:teses.usp.br:tde-25032014-153539Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:47Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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