Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade pública

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barros, Sergio Paes de
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-30092015-112301/
Resumo: Após a década de 1970, o capitalismo, ao buscar sobreviver a mais uma crise, passou a reestruturar formas de organização da produção com impactos imensos no mundo dos trabalhadores, tanto no trabalho propriamente dito, quanto em suas formas de representação sindical, relações contratuais e, em larga medida, na própria subjetividade dos trabalhadores afetados. Dado este contexto, investigamos a tese de que a Reforma do Estado brasileiro na década de 90, em consonância aos preceitos Neoliberais, ao consolidar flexibilizações como o trabalho terceirizado em prol do fortalecimento da governança teria, inversamente, fragilizado boa parte da população trabalhadora com impactos econômicos, sociais e subjetivos, atuando na deterioração da inserção social, segurança e na própria auto percepção destes trabalhadores. Para empreender esta pesquisa, analisamos e confrontamos duas dimensões deste processo: de um lado, a própria Reforma do Estado, suas leis e discursos e, de outro, a experiência concreta de trabalhadores que vivenciam a condição de terceirização. Para realização do trabalho de campo junto a estes sujeitos, acompanhamos trabalhadores que exercem suas atividades dentro de uma universidade pública, seguindo a metodologia de pesquisa qualitativa com a utilização de múltiplas fontes de informação, como documentos, entrevistas individuais e em grupo, acompanhamento de treinamentos junto aos funcionários e conversas com os servidores públicos que convivem neste mesmo espaço. Concluímos que os trabalhadores terceirizados apresentam-se fragilizados e segregados no ambiente de trabalho. Fragilizados, pois regredidos da classe operária à classe proletária, recebendo o mínimo de subsistência e sem a segurança disponibilizada, mesmo que pequena, a trabalhadores não terceirizados. Segregados no ambiente, pois ao serem assalariados precarizados dividindo o mesmo ambiente com assalariados servidores públicos, são isolados em um grupo que não se reconhece como os demais, buscando em si mesmos as explicações para esta condição, de forma a considerarem-se mais culpados do que vítimas. Para analisar os resultados, recorremos à teoria de R. Castel sobre vulnerabilidade, desfiliação e crise da sociedade salarial para dar conta do processo de precarização e recorremos à M. Foucault, no que diz respeito à teoria sobre a lógica Biopolítica, para a compreensão das políticas neoliberais como uma política que administra mortes, entregando trabalhadores ao deixar morrer enquanto concentra os esforços em fazer viver à entidade mercado
id USP_bad556387150bf9e4acd7fd8d1975ef1
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-30092015-112301
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade públicaBiopolitics, neoliberalism and vulnerability: the outsourced workers at public universitiesBiopolíticaBiopoliticsOutsourcingPolíticapoliticsPrecariousnessPrecarizaçãoPsicologia socialSocial psychologyTerceirizaçãoTrabalhoWorkApós a década de 1970, o capitalismo, ao buscar sobreviver a mais uma crise, passou a reestruturar formas de organização da produção com impactos imensos no mundo dos trabalhadores, tanto no trabalho propriamente dito, quanto em suas formas de representação sindical, relações contratuais e, em larga medida, na própria subjetividade dos trabalhadores afetados. Dado este contexto, investigamos a tese de que a Reforma do Estado brasileiro na década de 90, em consonância aos preceitos Neoliberais, ao consolidar flexibilizações como o trabalho terceirizado em prol do fortalecimento da governança teria, inversamente, fragilizado boa parte da população trabalhadora com impactos econômicos, sociais e subjetivos, atuando na deterioração da inserção social, segurança e na própria auto percepção destes trabalhadores. Para empreender esta pesquisa, analisamos e confrontamos duas dimensões deste processo: de um lado, a própria Reforma do Estado, suas leis e discursos e, de outro, a experiência concreta de trabalhadores que vivenciam a condição de terceirização. Para realização do trabalho de campo junto a estes sujeitos, acompanhamos trabalhadores que exercem suas atividades dentro de uma universidade pública, seguindo a metodologia de pesquisa qualitativa com a utilização de múltiplas fontes de informação, como documentos, entrevistas individuais e em grupo, acompanhamento de treinamentos junto aos funcionários e conversas com os servidores públicos que convivem neste mesmo espaço. Concluímos que os trabalhadores terceirizados apresentam-se fragilizados e segregados no ambiente de trabalho. Fragilizados, pois regredidos da classe operária à classe proletária, recebendo o mínimo de subsistência e sem a segurança disponibilizada, mesmo que pequena, a trabalhadores não terceirizados. Segregados no ambiente, pois ao serem assalariados precarizados dividindo o mesmo ambiente com assalariados servidores públicos, são isolados em um grupo que não se reconhece como os demais, buscando em si mesmos as explicações para esta condição, de forma a considerarem-se mais culpados do que vítimas. Para analisar os resultados, recorremos à teoria de R. Castel sobre vulnerabilidade, desfiliação e crise da sociedade salarial para dar conta do processo de precarização e recorremos à M. Foucault, no que diz respeito à teoria sobre a lógica Biopolítica, para a compreensão das políticas neoliberais como uma política que administra mortes, entregando trabalhadores ao deixar morrer enquanto concentra os esforços em fazer viver à entidade mercadoAfter the 1970s, capitalism, seeking to survive another crisis, began to restructure forms of organizing production with huge impact in the world of workers, both in the work itself, and also in its forms of union representation, contractual relations and to a large extent, the very subjectivity of the affected workers. In this context, we investigate the thesis that the Brazilian State Reform in the 90s, in line with the Neoliberal precepts, as it consolidated flexibilities such as the outsourced work in order to strengthen governance, did actually weaken much of the working population with economic, social and subjective impact, decreasing social inclusion, safety and the very own self perception of these workers. In order to do this research, we analyzed and compared two dimensions of this process: on the one hand, the very State Reform, its laws and its details and on the other, the concrete experience of workers who experienced outsourcing. In order to carry out the field work with these subjects, we followed workers who performed activities within a public university, using a qualitative research methodology with the use of multiple information sources, such as documents, individual and group interviews, training follow-ups with employees and conversations with civil servants who worked in the same environment. We concluded that the outsourced workers have been weakened and segregated in the workplace. Weakened because they regressed from a working class to a proletarian class and because they now receive minimum subsistence and have no employment stability provided, however small, different from those who are not outsourced workers. They are segregated in the workplace, because they are precarious employees sharing the same workplace with civil servants, they are isolated in a group that is not recognized and are trying to find in themselves an explanations for this condition considering themselves more as the guilty ones than as the victims. To analyze the results, we used R. Castels theory of the vulnerability and disaffiliation and the crisis of the wage society to handle this precarious process and we also resorted to M. Foucault, with regard to the theory of Biopolitics logic to understand neoliberal policies as a policy that manages deaths, letting workers \"die\" while focusing efforts in making the market entity \"live\"Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSato, LenyBarros, Sergio Paes de2015-06-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-30092015-112301/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:58Zoai:teses.usp.br:tde-30092015-112301Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade pública
Biopolitics, neoliberalism and vulnerability: the outsourced workers at public universities
title Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade pública
spellingShingle Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade pública
Barros, Sergio Paes de
Biopolítica
Biopolitics
Outsourcing
Política
politics
Precariousness
Precarização
Psicologia social
Social psychology
Terceirização
Trabalho
Work
title_short Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade pública
title_full Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade pública
title_fullStr Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade pública
title_full_unstemmed Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade pública
title_sort Biopolítica, neoliberalismo e vulnerabilidade: os trabalhadores terceirizados na universidade pública
author Barros, Sergio Paes de
author_facet Barros, Sergio Paes de
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Sato, Leny
dc.contributor.author.fl_str_mv Barros, Sergio Paes de
dc.subject.por.fl_str_mv Biopolítica
Biopolitics
Outsourcing
Política
politics
Precariousness
Precarização
Psicologia social
Social psychology
Terceirização
Trabalho
Work
topic Biopolítica
Biopolitics
Outsourcing
Política
politics
Precariousness
Precarização
Psicologia social
Social psychology
Terceirização
Trabalho
Work
description Após a década de 1970, o capitalismo, ao buscar sobreviver a mais uma crise, passou a reestruturar formas de organização da produção com impactos imensos no mundo dos trabalhadores, tanto no trabalho propriamente dito, quanto em suas formas de representação sindical, relações contratuais e, em larga medida, na própria subjetividade dos trabalhadores afetados. Dado este contexto, investigamos a tese de que a Reforma do Estado brasileiro na década de 90, em consonância aos preceitos Neoliberais, ao consolidar flexibilizações como o trabalho terceirizado em prol do fortalecimento da governança teria, inversamente, fragilizado boa parte da população trabalhadora com impactos econômicos, sociais e subjetivos, atuando na deterioração da inserção social, segurança e na própria auto percepção destes trabalhadores. Para empreender esta pesquisa, analisamos e confrontamos duas dimensões deste processo: de um lado, a própria Reforma do Estado, suas leis e discursos e, de outro, a experiência concreta de trabalhadores que vivenciam a condição de terceirização. Para realização do trabalho de campo junto a estes sujeitos, acompanhamos trabalhadores que exercem suas atividades dentro de uma universidade pública, seguindo a metodologia de pesquisa qualitativa com a utilização de múltiplas fontes de informação, como documentos, entrevistas individuais e em grupo, acompanhamento de treinamentos junto aos funcionários e conversas com os servidores públicos que convivem neste mesmo espaço. Concluímos que os trabalhadores terceirizados apresentam-se fragilizados e segregados no ambiente de trabalho. Fragilizados, pois regredidos da classe operária à classe proletária, recebendo o mínimo de subsistência e sem a segurança disponibilizada, mesmo que pequena, a trabalhadores não terceirizados. Segregados no ambiente, pois ao serem assalariados precarizados dividindo o mesmo ambiente com assalariados servidores públicos, são isolados em um grupo que não se reconhece como os demais, buscando em si mesmos as explicações para esta condição, de forma a considerarem-se mais culpados do que vítimas. Para analisar os resultados, recorremos à teoria de R. Castel sobre vulnerabilidade, desfiliação e crise da sociedade salarial para dar conta do processo de precarização e recorremos à M. Foucault, no que diz respeito à teoria sobre a lógica Biopolítica, para a compreensão das políticas neoliberais como uma política que administra mortes, entregando trabalhadores ao deixar morrer enquanto concentra os esforços em fazer viver à entidade mercado
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015-06-08
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-30092015-112301/
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-30092015-112301/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1809091208188788736