A montanha mágica dos gregos: Nietzsche e o helenismo alemão

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moraes, Rodrigo Juventino Bastos de
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-12042022-115020/
Resumo: O presente trabalho pretende apresentar o helenismo no pensamento do jovem Nietzsche associado ao projeto wagneriano de renovação da cultura alemã no contexto de uma Alemanha recém unificada após a vitória contra os franceses na Guerra Franco-prussiana. Apontar a renovação das cultura nacional associada à herança dos antigos foi procedimento muito utilizado entre pensadores europeus desde a tendência criada pelo Renascimento italiano. Como os alemães da segunda metade do XIX, e ao modo dos clássicos alemães como Winckelmann, Schiller e Goethe, Nietzsche queria apresentar aos alemães uma imagem idealista da Grécia, sua pátria educadora, que fosse edificante para a consciência alemã do presente. O drama musical de Richard Wagner representava o renascimento da tragédia grega de Ésquilo e como tal era também o símbolo de renovação da cultura trágica em solo alemão. Diante desse acontecimento, a Europa tinha na Alemanha a guardiã da cultura contra o \"otimismo infame\" da frívola civilização francesa, a referência espiritual da Europa. Esse conflito entre Cultura e Civilização, produto da influência de Wagner no pensamento do jovem Nietzsche, empresta ao helenismo de Nietzsche, como busquei mostrar neste trabalho, não só os elementos que nos permite compreender o caráter da rusga que travou com a filologia profissional, mas o lugar preciso de sua obra sobre os gregos no contexto de uma Alemanha que, pela força das armas, agora se via formalmente livre da influência política da França. Aqui se expressa também a originalidade de Nietzsche para a tradição do helenismo alemão que discutimos no final desta pesquisa: o filósofo foi o primeiro a projetar a luta entre Cultura e Civilização nas suas elucubrações sobre os gregos e, em razão disso, também o primeiro a ver no insuspeito ideal humanista da Grécia jovial de Winckelmann o sinal de degeneração no helenismo alemão. Aos seus olhos, os alemães tinham produzido uma imagem da Grécia erguida segundo o espírito do liberalismo franco-alexandrino. E caso quisessem recorrer à Grécia como sua pátria educadora, como exemplo de vida e de cultivo que pudesse educar uma \"Deutschtum\" em maturação, era preciso que ela deixasse de ser alexandrina para tornar-se alemã.
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O drama musical de Richard Wagner representava o renascimento da tragédia grega de Ésquilo e como tal era também o símbolo de renovação da cultura trágica em solo alemão. Diante desse acontecimento, a Europa tinha na Alemanha a guardiã da cultura contra o \"otimismo infame\" da frívola civilização francesa, a referência espiritual da Europa. Esse conflito entre Cultura e Civilização, produto da influência de Wagner no pensamento do jovem Nietzsche, empresta ao helenismo de Nietzsche, como busquei mostrar neste trabalho, não só os elementos que nos permite compreender o caráter da rusga que travou com a filologia profissional, mas o lugar preciso de sua obra sobre os gregos no contexto de uma Alemanha que, pela força das armas, agora se via formalmente livre da influência política da França. Aqui se expressa também a originalidade de Nietzsche para a tradição do helenismo alemão que discutimos no final desta pesquisa: o filósofo foi o primeiro a projetar a luta entre Cultura e Civilização nas suas elucubrações sobre os gregos e, em razão disso, também o primeiro a ver no insuspeito ideal humanista da Grécia jovial de Winckelmann o sinal de degeneração no helenismo alemão. Aos seus olhos, os alemães tinham produzido uma imagem da Grécia erguida segundo o espírito do liberalismo franco-alexandrino. E caso quisessem recorrer à Grécia como sua pátria educadora, como exemplo de vida e de cultivo que pudesse educar uma \"Deutschtum\" em maturação, era preciso que ela deixasse de ser alexandrina para tornar-se alemã.The present work intends to present the Hellenism in the thought of the young Nietzsche associated with the Wagnerian project of renewal of German culture in the context of a newly unified Germany after the victory against the French in the Franco-Prussian War. Pointing to the renewal of national cultures associated with the bequest of the ancients was a procedure widely used among European thinkers since the trend created by the Italian Renaissance. How the Germans of the first half of the nineteenth century, and in the manner of German classics such as Winckelmann, Schiller and Goethe, Nietzsche wanted to present to the Germans an idealistic image of Greece, their educating homeland, which would be edifying for the German consciousness of the present. Richard Wagner\'s musical drama represented the rebirth of Aeschylus\' Greek tragedy and as such was also the symbol of the renewal of tragic culture on German soil. Faced with this event, Europe had in Germany the guardian of culture against the \"infamous optimism\" of frivolous French civilization, the spiritual reference of Europe. This conflict between Culture and Civilization, a product of Wagner\'s influence on the young Nietzsche\'s thought, gives to Nietzsche\'s Hellenism, as I have sought to show in this work, not only the elements that allow us to understand the character of the conflict that he waged with professional philology, but the precise place of his work on the Greeks in the context of a Germany which, by force of arms, was now formally freed from the political influence of France. Here, is expressed also, in the tradition of German Hellenism, the Nietzsche\'s originality that we discussed at the end of this research: the philosopher was the first to project the struggle between Cultur and Civilization in a musings on the Greeks and, therefore, also the first to to see in unsuspecting humanist ideal of jovial Greece Winckelmann\'s the sign of degeneration in German Hellenism. In his eyes, the Germans had produced an image of Greece erected from spirit of Franco-Alexandrine liberalism. And if they wanted to turn to Greece as their educating homeland it was necessary for her to stop being an Alexandrian and become German.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBrandão, EduardoMoraes, Rodrigo Juventino Bastos de2021-12-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-12042022-115020/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-04-12T15:01:02Zoai:teses.usp.br:tde-12042022-115020Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-04-12T15:01:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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