A filosofia de Emmanuel Lévinas como fundamento para a teoria e a prática do cuidado humanizado do enfermeiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, Débora Vieira de
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-12082010-142430/
Resumo: O termo humanização tem sido freqüente na prática assistencial, na formação dos profissionais da saúde e nas políticas públicas. Entretanto, não percebemos o apoio do conceito do termo humanização (quando ele existe) em uma teoria ou filosofia, o que dificulta a discussão da temática da humanização em nível científico. Partimos, neste trabalho, do seguinte conceito de humanização: encontro de subjetividades no e pelo ato de cuidar. Considerando que há uma necessidade urgente em tratar a humanização cientificamente, os objetivos desta pesquisa foram: eleger um referencial filosófico que possa sustentar a teoria e a prática do cuidado humanizado; refletir sobre o conceito de humanização proposto neste estudo à luz do referencial teórico escolhido; definir categorias filosóficas que subjazem as relações de cuidado de enfermagem; construir uma articulação entre o recorte filosófico escolhido e os saberes da enfermagem. O referencial escolhido foi a filosofia de Emmanuel Lévinas. Esta escolha baseou-se na finalidade da enfermagem, na complexidade que envolve o saber e o fazer desta profissão e, também, na necessidade de incluir um referencial apropriado sobre humanização na formação do profissional enfermeiro. O método utilizado para a leitura das obras foi a hermenêutica. Após a leitura destas obras elegemos as categorias que subjazem as relações de cuidado entre um eu enfermeiro e um outro, discorremos sobre elas e, por fim, articulamos estes conteúdos filosóficos com os saberes da enfermagem. Em seguida, consolidamos a fundamentação da humanização ancorando-a em uma realidade factual do profissional enfermeiro. As leituras nos mostraram que a relação que o eu estabelece com o mundo é fundamental para que se perceba como um ser separado que pode buscar aquilo que lhe falta. Entretanto, ao se deparar com outrem, este apresenta-se como rosto que traz o rastro do infinito, o qual impede a sua objetivação. Dessa forma, o outro apresenta-se em posição de altura relativamente ao eu enfermeiro, o que produz uma assimetria na relação eu-outro e desperta um desejo no eu. Este desejo não parte de uma necessidade do desejante, mas é despertado pelo desejado. A relação entre estes seres transcendentes se dá através da linguagem, a qual permite que o eu e o outro permaneçam separados e em relação. Nesta relação evidencia-se a separação do tempo do eu enfermeiro com o tempo do outro. E, como no mundo o eu está diante de vários outros, é necessário que ele responda a cada um deles com justiça. É nesta resposta que o eu torna-se uma subjetividade que é responsabilidade até a substituição. Esta responsabilidade infinita do eu, põe em questão a sua liberdade. Dessa forma, a relação humanizada com base na filosofia de Lévinas pressupõe uma assimétrica na qual a responsabilidade do eu é sempre voltada para o outro, a sua liberdade é livre apenas para ser para o outro. Portanto, o conceito de cuidado humanizado aqui proposto deve conter esta assimetria. Assim, substituímos o conceito inicialmente formulado por relação eu-outro no e pelo ato de cuidar.
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spelling A filosofia de Emmanuel Lévinas como fundamento para a teoria e a prática do cuidado humanizado do enfermeiroThe philosophy of Emmanuel Lévinas as a fundament for the theory and practice of the nurse humanization careAssistência centrada no pacienteCuidados de enfermagemEthicsÉticaHumanização da assistênciaHumanization of assistanceNurse-patient relationsNursing carePatient-centered careRelações enfermeiro-pacienteO termo humanização tem sido freqüente na prática assistencial, na formação dos profissionais da saúde e nas políticas públicas. Entretanto, não percebemos o apoio do conceito do termo humanização (quando ele existe) em uma teoria ou filosofia, o que dificulta a discussão da temática da humanização em nível científico. Partimos, neste trabalho, do seguinte conceito de humanização: encontro de subjetividades no e pelo ato de cuidar. Considerando que há uma necessidade urgente em tratar a humanização cientificamente, os objetivos desta pesquisa foram: eleger um referencial filosófico que possa sustentar a teoria e a prática do cuidado humanizado; refletir sobre o conceito de humanização proposto neste estudo à luz do referencial teórico escolhido; definir categorias filosóficas que subjazem as relações de cuidado de enfermagem; construir uma articulação entre o recorte filosófico escolhido e os saberes da enfermagem. O referencial escolhido foi a filosofia de Emmanuel Lévinas. Esta escolha baseou-se na finalidade da enfermagem, na complexidade que envolve o saber e o fazer desta profissão e, também, na necessidade de incluir um referencial apropriado sobre humanização na formação do profissional enfermeiro. O método utilizado para a leitura das obras foi a hermenêutica. Após a leitura destas obras elegemos as categorias que subjazem as relações de cuidado entre um eu enfermeiro e um outro, discorremos sobre elas e, por fim, articulamos estes conteúdos filosóficos com os saberes da enfermagem. Em seguida, consolidamos a fundamentação da humanização ancorando-a em uma realidade factual do profissional enfermeiro. As leituras nos mostraram que a relação que o eu estabelece com o mundo é fundamental para que se perceba como um ser separado que pode buscar aquilo que lhe falta. Entretanto, ao se deparar com outrem, este apresenta-se como rosto que traz o rastro do infinito, o qual impede a sua objetivação. Dessa forma, o outro apresenta-se em posição de altura relativamente ao eu enfermeiro, o que produz uma assimetria na relação eu-outro e desperta um desejo no eu. Este desejo não parte de uma necessidade do desejante, mas é despertado pelo desejado. A relação entre estes seres transcendentes se dá através da linguagem, a qual permite que o eu e o outro permaneçam separados e em relação. Nesta relação evidencia-se a separação do tempo do eu enfermeiro com o tempo do outro. E, como no mundo o eu está diante de vários outros, é necessário que ele responda a cada um deles com justiça. É nesta resposta que o eu torna-se uma subjetividade que é responsabilidade até a substituição. Esta responsabilidade infinita do eu, põe em questão a sua liberdade. Dessa forma, a relação humanizada com base na filosofia de Lévinas pressupõe uma assimétrica na qual a responsabilidade do eu é sempre voltada para o outro, a sua liberdade é livre apenas para ser para o outro. Portanto, o conceito de cuidado humanizado aqui proposto deve conter esta assimetria. Assim, substituímos o conceito inicialmente formulado por relação eu-outro no e pelo ato de cuidar.The term humanization has been frequent in the assistance practice, in the graduation of the health professionals and public politics. However we don´t perceive the support of the humanization concept (when it exists) in a theory or philosophy what makes even more difficult the discussion of the humanization themes in a scientific level. In this research, we part from the humanization concept: a meeting of the subjectivities in and by the act of the care. Considering that is a urgent necessity in threatening humanization scientifically, the goals of this research were: elect one philosophic reference that can support the theory and practice of the humanizated care; a reflection about the humanization concept proposed in this study as a light of the referential theory choose; define philosophic categories that can support the relations of the nurse care; construct a articulation between a philosophic cutting out that has been choose and the nurse knows. The referential choose was an Emmanuel Lévinas philosophy. This choice was based in the nursing finality and the complexity that involves the knows and makes of this profession and the necessity to include a referential appropriated in humanization used in the graduation of the nurse professional. The method used in the reading of these works was the hermeneutics. After the reading of these researches we elected the categories to support the relations of the care between a I-nurse and a I- other we discuss about them and in the end we articulated about these philosophical contents with the knows of the nursing. After that we consolidated the fundament of the humanization anchoring in a factual reality of the nurse professional. The readings showed us that the relation that the I establish with the world is very important to show how a not complete human can search what it is losing. However when meets with another human this presents as a face that brings the trail of the infinity that impossibility the objective of all. This way the other shows in an I-nurse high position that produce a asymmetry in the relation I-other and awakens a desire in the I. This desire don´t go from a necessity of the desiring but is awakened by the desired person. The relation between this humans transcendence happens using the language that permits that the I and the other can stay related separated. In this relation it is evident the separation between the time of the I-nurse and the other. And because in the world the I is distant from the others it is necessary that it responds to each one with justice. It is in this response that the I turns into a subjectivity that is responsible until the substitution. This infinity responsibility of the I put in question it owns liberty. In this way the humanizated relation based in the Levinas´s philosophy presupposes one asymmetrical in which the responsibility of the I is always related to the other and its liberty is free only if is for the other. So the concept of the humanizated care proposed in this research should contain this asymmetrical way. So we substitute the initial formulated concept for relation I-other in and by the care act.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPChaves, Eliane CorreaAlmeida, Débora Vieira de2010-06-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-12082010-142430/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:09Zoai:teses.usp.br:tde-12082010-142430Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:09Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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