Reforma Eleitoral no Brasil: o caso da Emenda Constitucional 97/2017

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Houang, Andre Parente
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-23082024-131352/
Resumo: O sistema eleitoral brasileiro passou por diversas reformas desde a Constituição de 1988. Entre elas, uma das mais importantes é a Emenda Constitucional 97/2017 (EC 97/2017), que criou uma cláusula de desempenho eleitoral para que os partidos tenham acesso a financiamento público e que proibiu coligações interpartidárias em eleições proporcionais. Essa emenda reverteu uma tendência de décadas no Brasil de fragmentação partidária ao criar regras que favorecem os partidos maiores e que tendem a levar à redução do número efetivo de partidos no Congresso Nacional. Este trabalho investiga a EC 97/2017 como um caso de reforma eleitoral. Inicialmente o estudo desenvolve uma análise da literatura que olha para reformas eleitorais enquanto variáveis dependentes, contrastando essa abordagem com a perspectiva mais tradicional que analisa os efeitos de reformas eleitorais. A literatura existente sobre reforma eleitoral oferece múltiplas explicações sobre porque, como, quando e por quem as regras eleitorais são alteradas dimensões analisadas no primeiro capítulo do estudo. A principal dessas dimensões, e que será o foco da análise sobre a aprovação da EC 97/2017, é a das motivações para reformas eleitorais. No que diz respeito às demais dimensões, o estudo investiga como a literatura internacional sobre reformas eleitorais se relaciona com a experiência brasileira. Conclui-se que para analisar o Brasil, é conveniente adotar um conceito amplo de reforma eleitoral, bem como olhar para o judiciário como um ator relevante em processos de reforma e considerar que as regras eleitorais brasileiras são frequentemente alteradas. Em seguida, o estudo se volta para a experiência de reforma eleitoral no Brasil, com enfoque para as mudanças feitas às regras sobre coligações eleitorais em eleições proporcionais e sobre cláusulas de barreira e de desempenho nas últimas décadas. O trabalho demonstra que essas regras foram sucessivamente alteradas desde a redemocratização, tanto pelo legislativo quanto pelo judiciário. O segundo capítulo do estudo também esclarece os procedimentos para reformas eleitorais no Brasil, em particular aquelas realizadas via emendas constitucionais. Finalmente, o estudo se voltará para o estudo específico da aprovação da EC 97/2017. A questão que norteia essa análise é: por que essa reforma eleitoral ocorreu? O trabalho analisa a EC 97/2017 considerando as explicações da literatura sobre as motivações de atores políticos em realizarem reformas eleitorais, buscando testar quais teorias melhor explicam esse caso. Ao fazê-lo, investiga as posições tomadas e as estratégias utilizadas pelos partidos políticos na tentativa de aprovar ou bloquear a proposta que resultou nesta Emenda Constitucional. A pesquisa conclui que a EC 97/2017 não pode ser explicada unicamente pelo interesse de partidos em maximizarem sua representação política e que uma abordagem múltipla pode ser mais adequada para explicar reformas eleitorais, em linha com os desenvolvimentos mais recentes da literatura sobre o tema.
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Inicialmente o estudo desenvolve uma análise da literatura que olha para reformas eleitorais enquanto variáveis dependentes, contrastando essa abordagem com a perspectiva mais tradicional que analisa os efeitos de reformas eleitorais. A literatura existente sobre reforma eleitoral oferece múltiplas explicações sobre porque, como, quando e por quem as regras eleitorais são alteradas dimensões analisadas no primeiro capítulo do estudo. A principal dessas dimensões, e que será o foco da análise sobre a aprovação da EC 97/2017, é a das motivações para reformas eleitorais. No que diz respeito às demais dimensões, o estudo investiga como a literatura internacional sobre reformas eleitorais se relaciona com a experiência brasileira. Conclui-se que para analisar o Brasil, é conveniente adotar um conceito amplo de reforma eleitoral, bem como olhar para o judiciário como um ator relevante em processos de reforma e considerar que as regras eleitorais brasileiras são frequentemente alteradas. Em seguida, o estudo se volta para a experiência de reforma eleitoral no Brasil, com enfoque para as mudanças feitas às regras sobre coligações eleitorais em eleições proporcionais e sobre cláusulas de barreira e de desempenho nas últimas décadas. O trabalho demonstra que essas regras foram sucessivamente alteradas desde a redemocratização, tanto pelo legislativo quanto pelo judiciário. O segundo capítulo do estudo também esclarece os procedimentos para reformas eleitorais no Brasil, em particular aquelas realizadas via emendas constitucionais. Finalmente, o estudo se voltará para o estudo específico da aprovação da EC 97/2017. A questão que norteia essa análise é: por que essa reforma eleitoral ocorreu? O trabalho analisa a EC 97/2017 considerando as explicações da literatura sobre as motivações de atores políticos em realizarem reformas eleitorais, buscando testar quais teorias melhor explicam esse caso. Ao fazê-lo, investiga as posições tomadas e as estratégias utilizadas pelos partidos políticos na tentativa de aprovar ou bloquear a proposta que resultou nesta Emenda Constitucional. A pesquisa conclui que a EC 97/2017 não pode ser explicada unicamente pelo interesse de partidos em maximizarem sua representação política e que uma abordagem múltipla pode ser mais adequada para explicar reformas eleitorais, em linha com os desenvolvimentos mais recentes da literatura sobre o tema.The Brazilian electoral system has gone through multiple reforms since the 1988 Constitution. Among these, one of the most important is Constitutional Amendment 97/2017 (EC 97/2017), which created an electoral threshold performance rule for parties to have access to public funding and which prohibited inter-party coalitions in proportional elections. This amendment reverted a decades long tendency in Brazil of party fragmentation by creating rules that favored larger parties and that in the long run will likely lead to the reduction of the effective number of parties in the Brazilian National Congress. This paper investigates EC 97/2017 as a case of electoral reform. Initially, the study analyzes the literature that looks at electoral reforms as dependent variables, contrasting this approach with the more traditional perspective that analyzes the effects of electoral reforms. The existing literature on electoral reform offers multiple explanations for why, how, when and by whom electoral rules are changed - dimensions analyzed in the first chapter of the study. The most important of these dimensions, which will be the focus of the examination of the passing of EC 97/2017, is the one that looks at the motives behind electoral reforms. Concerning the other dimensions, the study investigates how the international literature on electoral reforms relates to the Brazilian experience. It concludes that to analyze Brazil, it is convenient to adopt a broad concept of electoral reform, as well as to look at the judiciary as a relevant actor in reform processes and to consider that Brazilian electoral rules are frequently changed. The study then turns to the experience of electoral reform in Brazil, with a focus on the changes made to the rules on electoral coalitions in proportional elections and on threshold rules in recent decades. The work shows that these rules have been successively changed since redemocratization, both by the legislative and judicial branches. The second chapter of the study also explains the procedures for electoral reforms in Brazil, in particular those carried out via constitutional amendments. Finally, the study will turn to the specific study of the passing of EC 97/2017. The question guiding this analysis is: why did this electoral reform take place? The paper analyzes EC 97/2017 considering the explanations in the literature on the motivations of political actors in carrying out electoral reforms, seeking to test which theories best explain this case. In doing so, it investigates the positions taken and strategies used by political parties in attempts to pass or obstruct the proposal that resulted in this Constitutional Amendment. The research concludes that EC 97/2017 cannot be explained solely by the interest of parties in maximizing their political representation and that an approach that looks at multiple motivations may be more appropriate to explain electoral reforms, in line with the most recent developments in the literature on the subject.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSpeck, Bruno WilhelmHouang, Andre Parente2024-03-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-23082024-131352/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-23T16:20:02Zoai:teses.usp.br:tde-23082024-131352Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-23T16:20:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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