Psicoterapia psicanalítica em ambientes prisionais: uma experiência de cuidado psicológico para presos semi-imputáveis no Estado de São Paulo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-08032016-114615/ |
Resumo: | A presente pesquisa versa sobre o tratamento psicoterápico de orientação psicanalítica para presos semi-imputáveis conduzido em ambiente prisional. Busca-se com esta pesquisa identificar as especificidades do processo psicoterápico em questão visando o desenvolvimento mental de indivíduos semi-imputáveis em cumprimento de medida de segurança detentiva. A partir do reconhecimento da existência de padrão persistente, invasivo e inflexível da dinâmica psíquica dos sujeitos em questão, verifica-se que se o aprisionamento ocorrer sem que, concomitantemente, haja um tratamento psicoterápico eficaz que favoreça o amadurecimento da dinâmica psíquica, o sofrimento do pessoal do sujeito se perpetuará, assim como do contexto à sua volta. No presente trabalho o método de pesquisa utilizado foi o psicanalítico. Verificou-se que a maioria dos presos foi objeto de violência ao longo de sua vida. Essas experiências adversas frequentemente levam o indivíduo a desenvolver uma estrutura narcísica de personalidade como forma de defesa contra as emoções oriundas das experiências de violência. Apesar da aparente proteção que a estrutura narcísica oferece, ela impossibilita o crescimento mental caracterizado pela formação de símbolos, tolerância à frustração e capacidade para pensar, pois impede o contato com sentimentos e emoções. O preso semi-imputável que apresenta transtorno de personalidade fronteiriça utiliza o sistema prisional para evitar o contato com a realidade externa e interna, dinâmica essa que reproduz o funcionamento mental caracterizado pela existência da estrutura narcísica pré-existente ao aprisionamento. A função do psicoterapeuta compreende favorecer a instauração de uma relação de confiança na qual o juízo moral é suspenso, o que favorece a emergência de sentimentos no preso, os quais devem ser legitimados através de interpretação. Em contrapartida, a interpretação dos aspectos destrutivos existentes na organização narcísica de sua personalidade adquirem valor de denúncia, que pode ser associada ao uso defensivo que o preso faz, em fantasia, do aprisionamento. A adoção de uma postura clínica paradoxal entre o mundo interno e a realidade externa do preso, e entre o interior da instituição prisional e a sociedade é fator determinante para o êxito do processo |
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Psicoterapia psicanalítica em ambientes prisionais: uma experiência de cuidado psicológico para presos semi-imputáveis no Estado de São PauloPsychoanalytic psychotherapy in prison settings: an experience of psychological care to prisoners with diminished responsibility in the State of São PauloJustiçaJusticeMental healthPsicanálisePsychoanalysisSaúde mentalA presente pesquisa versa sobre o tratamento psicoterápico de orientação psicanalítica para presos semi-imputáveis conduzido em ambiente prisional. Busca-se com esta pesquisa identificar as especificidades do processo psicoterápico em questão visando o desenvolvimento mental de indivíduos semi-imputáveis em cumprimento de medida de segurança detentiva. A partir do reconhecimento da existência de padrão persistente, invasivo e inflexível da dinâmica psíquica dos sujeitos em questão, verifica-se que se o aprisionamento ocorrer sem que, concomitantemente, haja um tratamento psicoterápico eficaz que favoreça o amadurecimento da dinâmica psíquica, o sofrimento do pessoal do sujeito se perpetuará, assim como do contexto à sua volta. No presente trabalho o método de pesquisa utilizado foi o psicanalítico. Verificou-se que a maioria dos presos foi objeto de violência ao longo de sua vida. Essas experiências adversas frequentemente levam o indivíduo a desenvolver uma estrutura narcísica de personalidade como forma de defesa contra as emoções oriundas das experiências de violência. Apesar da aparente proteção que a estrutura narcísica oferece, ela impossibilita o crescimento mental caracterizado pela formação de símbolos, tolerância à frustração e capacidade para pensar, pois impede o contato com sentimentos e emoções. O preso semi-imputável que apresenta transtorno de personalidade fronteiriça utiliza o sistema prisional para evitar o contato com a realidade externa e interna, dinâmica essa que reproduz o funcionamento mental caracterizado pela existência da estrutura narcísica pré-existente ao aprisionamento. A função do psicoterapeuta compreende favorecer a instauração de uma relação de confiança na qual o juízo moral é suspenso, o que favorece a emergência de sentimentos no preso, os quais devem ser legitimados através de interpretação. Em contrapartida, a interpretação dos aspectos destrutivos existentes na organização narcísica de sua personalidade adquirem valor de denúncia, que pode ser associada ao uso defensivo que o preso faz, em fantasia, do aprisionamento. A adoção de uma postura clínica paradoxal entre o mundo interno e a realidade externa do preso, e entre o interior da instituição prisional e a sociedade é fator determinante para o êxito do processoThe present research focuses on psychotherapeutic treatment on psychoanalytic orientation for prisoners with diminished responsibility in prisons environments. The aim of this research is to identify the specificities of the psychotherapy process that concerned mental development for individuals with diminished responsibility in closed security measure. From the recognition of the existence of persistent, intrusive and inflexible standard of the psychic dynamics in the subject in question, if the lock-in occurs without at the same time be offered an effective psychotherapeutic treatment that favors the ripening of the psychic dynamics, the suffering of the subject is perpetuated, as well as the context. In the present work the research method used was the psychoanalytic. It was found that most of the prisoners has been object of violence throughout his life. These adverse experiences often lead the individual to develop a narcissistic personality structure as a means of defense against the emotions that coming from the experiences of violence. Despite the apparent protection that narcissistic structure offers, it makes the mental growth, characterized by the formation of symbols, frustration tolerance and ability to think, because it prevents contact with feelings and emotions. The prisoner with diminished responsibility which borderline personality disorder uses the prison system to avoid the contact with the external and internal world, dynamic reality which reproduces the mental functioning of narcissistic structure pre-existing to the imprisonment. The function of the therapist understand promote the establishment of a trust relationship in which the moral judgment is suspended, which favors the emergence of feelings in the prisoner, whom must be legitimized through interpretation. On the other hand, the interpretation of destructive aspects in their narcissistic personality organization acquires value of complaint, which can be associated to the use the defensive stuck making imprisonment in fantasy. The adoption of a paradoxical clinic posture between the inner world and the external reality of the prisoner, and between the interior of the prison institution and the society is the determining factor for the success of the processBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMigliavacca, Eva MariaFranco, Fábio Serrão2015-11-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-08032016-114615/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-09-04T21:06:17Zoai:teses.usp.br:tde-08032016-114615Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-09-04T21:06:17Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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