Trajetórias de treinadoras de futsal universitário: o contexto da USP de Ribeirão Preto

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pires, Juliana Elói
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-25082021-092717/
Resumo: O processo de inserção da mulher no ambiente esportivo se deu/dá de forma lenta e conflituosa. Entre interdições e barreiras, por meio de lutas históricas, elas foram se inserindo nesse ambiente predominantemente masculino. Ao longo dos anos, as mulheres vêm conquistando espaço e aumentando a representatividade na prática dos esportes. Contudo, no Brasil, há desigualdades de gênero em relação à ocupação de posições de liderança, como de treinadores e treinadoras, sendo este um espaço ainda muito restrito para a participação de mulheres. O objetivo do presente estudo foi investigar as trajetórias esportivas das treinadoras de futsal universitário que atuam ou atuaram nas equipes de estudantes da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto (USP-RP), a partir da perspectiva das próprias treinadoras. Como referencial teórico para análises e discussão utilizou-se a Sociologia Reflexiva de Pierre Bourdieu. O estudo se enquadra em uma abordagem qualitativa de caráter exploratório-analítico. Como instrumento de produção dos dados foi utilizada a entrevista semiestruturada. Os dados das entrevistas foram analisados com base no método Análise Temática Reflexiva. Os principais resultados da pesquisa demonstram que as treinadoras iniciaram suas trajetórias esportivas na infância, envolvendo-se em uma diversidade de experiências esportivas. Todas as participantes se inseriram na prática do futsal, sendo que a iniciação de tal prática se deu, principalmente, no ambiente escolar. A permanência na prática do futsal foi permeada por incentivos de familiares e amigos, e dificuldades, em grande parte, associadas ao exercício da violência simbólica, especialmente relacionada a forma de dominação masculina. A principal via de acesso à posição de treinadora se deu, predominantemente, por meio da participação no processo de treino-teste, mediante a indicação de diretores(as) esportivos(as) das associações atléticas acadêmicas ou treinadores. As dificuldades enfrentadas pelas treinadoras estão ligadas às questões pedagógicas de ensino do futsal, ao contexto heterogêneo no qual configura-se o subcampo do futsal universitário da USP-RP e à condição de ser mulher treinadora em uma modalidade esportiva de reserva masculina. A partir dos resultados produzidos conclui-se que, ao longo de suas trajetórias, as participantes do estudo acumularam capitais valorizados pelo subcampo do futsal conferindo legitimidade ao acesso à posição de treinadora. Contudo, além das dificuldades inerentes à posição, a condição de ser mulher foi compreendida como um fator que tensionou a atuação das treinadoras em equipes compostas por homens. O subcampo esportivo universitário investigado demonstrou transformações positivas em relação à participação de mulheres ocupando posições de tomada de decisão, entretanto a violência simbólica se mostrou como barreira, por vezes não tão explícita, enfrentada pelas treinadoras, evidenciando que as disputas no subcampo esportivo universitário da USP-RP ainda são permeadas pela dominação masculina.
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O objetivo do presente estudo foi investigar as trajetórias esportivas das treinadoras de futsal universitário que atuam ou atuaram nas equipes de estudantes da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto (USP-RP), a partir da perspectiva das próprias treinadoras. Como referencial teórico para análises e discussão utilizou-se a Sociologia Reflexiva de Pierre Bourdieu. O estudo se enquadra em uma abordagem qualitativa de caráter exploratório-analítico. Como instrumento de produção dos dados foi utilizada a entrevista semiestruturada. Os dados das entrevistas foram analisados com base no método Análise Temática Reflexiva. Os principais resultados da pesquisa demonstram que as treinadoras iniciaram suas trajetórias esportivas na infância, envolvendo-se em uma diversidade de experiências esportivas. Todas as participantes se inseriram na prática do futsal, sendo que a iniciação de tal prática se deu, principalmente, no ambiente escolar. A permanência na prática do futsal foi permeada por incentivos de familiares e amigos, e dificuldades, em grande parte, associadas ao exercício da violência simbólica, especialmente relacionada a forma de dominação masculina. A principal via de acesso à posição de treinadora se deu, predominantemente, por meio da participação no processo de treino-teste, mediante a indicação de diretores(as) esportivos(as) das associações atléticas acadêmicas ou treinadores. As dificuldades enfrentadas pelas treinadoras estão ligadas às questões pedagógicas de ensino do futsal, ao contexto heterogêneo no qual configura-se o subcampo do futsal universitário da USP-RP e à condição de ser mulher treinadora em uma modalidade esportiva de reserva masculina. A partir dos resultados produzidos conclui-se que, ao longo de suas trajetórias, as participantes do estudo acumularam capitais valorizados pelo subcampo do futsal conferindo legitimidade ao acesso à posição de treinadora. Contudo, além das dificuldades inerentes à posição, a condição de ser mulher foi compreendida como um fator que tensionou a atuação das treinadoras em equipes compostas por homens. O subcampo esportivo universitário investigado demonstrou transformações positivas em relação à participação de mulheres ocupando posições de tomada de decisão, entretanto a violência simbólica se mostrou como barreira, por vezes não tão explícita, enfrentada pelas treinadoras, evidenciando que as disputas no subcampo esportivo universitário da USP-RP ainda são permeadas pela dominação masculina.The process of women insertion in sport has been occurring slowly and through several conflicts. Between interdictions and barriers, using concessions and negotiations, women have been inserted within this predominantly masculine social space. Over the years, women have been conquering space and increasing their representativeness within sport practice. Nonetheless, in Brazil, there are gender inequalities in terms of occupying leadership positions, such as coaches\' role, and this is still a very restricted space for the women participation. The present study aimed to investigate the trajectories of the women universitary futsal coaches who work or have worked in student teams at the University of São Paulo, Ribeirão Preto campus (USP-RP), from the perspective of themselves. The Reflective Sociology from Pierre Bourdieu was used as a theoretical framework. The study was based on exploratory-analytical qualitative approach. Semi-structured interviews were used as toll for data production. The interview data were analysed based on the Reflective Thematic Analysis method. The main results showed that the coaches started their sports trajectories in childhood, getting involved in a variety of sport experiences. All participants were inserted in futsal, and the initiation of such practice occurred, mainly, at school. Permanence in futsal practice was permeated by incentives from family and friends, and difficulties, mostly, associated with the exercise of symbolic violence mainly related to masculine domination. The main way of access to the role of women coach was predominantly by participation in the training-test processes, through the introducing from sporting directors of academic athletic associations or coaches. The difficulties faced by the women coaches are related to the pedagogical issues of teaching futsal, the heterogeneous context in which the USP-RP universitary futsal subfield is configured, and the condition of being a women coach in a masculine preserve sport. From the results it is possible to conclude that, throughout their trajectories, the participants of the study accumulated capitals valued by the futsal subfield, giving legitimacy as a coach. Nevertheless, apart from the difficulties inherent this role, the condition of being women was understood as a factor that strained the role of coaches in teams made up mainly by men. The universitary sports subfield investigation showed positive changes concerning the participation of women occupying decision-making positions, though symbolic violence proved a barrier, sometimes not so explicit, faced by coaches, showing that social struggles in the university sports field of USP-RP are still permeated by male domination.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMarques, Renato Francisco RodriguesPires, Juliana Elói2021-07-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-25082021-092717/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-08-30T17:46:02Zoai:teses.usp.br:tde-25082021-092717Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-08-30T17:46:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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