O poema Vila Rica e a historiografia colonial

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cunha, Wellington Soares da
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-04072008-140844/
Resumo: Este trabalho irá propor novas possibilidades de leitura para o poema épico Vila Rica, do poeta mineiro Cláudio Manoel da Costa (1729-1789). Escrito em 1773, não chegou a vir à público durante a vida do autor que, desiludido com a pouca repercussão de suas obras na metrópole portuguesa, não o teria considerado digno de publicação, o que viria a ocorrer somente postumamente em 1839. Ocorre, porém, que Vila Rica é um documento de grande importância para a história do país, visto que faz a representação muito atenta da fundação da capital das Minas, cidade que aí significa a própria pátria. Seu poema épico é, antes de tudo, um dos poucos textos escritos em tempos coloniais que evidenciam perspectivas de análise da formação social, política e econômica da capitania de Minas. Ademais, as edições do Vila Rica são relativamente raras e pouco ensejaram leituras de caráter historiográfico que visassem compreender a obra como documento histórico. Faz-se imprescindível, portanto, à historiografia dos textos coloniais, definir novas possibilidades de leitura deste texto épico, contribuindo para enriquecer a historiografia colonial. Para isso devemos percorrer em análise as partes essenciais que compõem o Vila Rica, desde a Carta Dedicatória e o poema propriamente dito, passando pelo estudo histórico que o fundamenta, bastante revelador das qualidades literárias de Cláudio como historiador, o Fundamento Histórico. Resultado do empenho do poeta em vasculhar documentos e colher relatos sobre Minas, o Fundamento Histórico demonstra a nítida preocupação de fornecer autoridade à história que narra por meio da análise crítica e da escolha criteriosa das fontes. Sendo assim, a escrita da história contida no Fundamento e a utilizada no poema possuem características distintas, que respondem a pretensões específicas, que deveremos analisar. Pensar a maneira como se utiliza a História nestes dois níveis discursivos é tarefa imprescindível para iniciar qualquer consideração acerca do valor historiográfico do poema. E será este o motivo condutor do trabalho. Mostraremos enfim os critérios utilizados pela crítica já feita sobre o poeta e sua obra, que sempre tendeu à sua desvalorização do poema, para mostrar em seguida uma nova possibilidade de análise, comprometida em esboçar o valor historiográfico do poema a partir de sua própria constituição como discurso de gênero histórico. Assim percorreremos duas vias de análise. Em primeiro lugar procuraremos entender o poema como produto de sua época, definindo seus principais níveis de existência, desde a criação, passando pela circulação e leitura do mesmo. Desta análise passaremos a outra, comprometida com o entendimento dos pressupostos aplicados ao épico que o puderam definir como escrito de gênero histórico, reavaliando assim a obra. Discutiremos também a consciência, sempre presente na obra de Cláudio Manuel da Costa, de pertencer a uma nova terra, o que levou à afirmação do seu sentimento nacionalista e da motivação para a Inconfidência feita pelos críticos românticos. Veremos enfim as bases que conduzem este suposto patriotismo, a partir de uma análise dos preceitos poéticos utilizados pelo autor, tendo assim por tarefa perceber até que ponto este patriotismo deve ser entendido como expressão psicológica e individual de uma paixão pela pátria ou como mera aplicação de uma tópica de composição.
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spelling O poema Vila Rica e a historiografia colonialThe epic poem \'Vila Rica\' and the colonial historiographyCláudio Manuel da CostaCláudio Manuel da CostaEpic poetryHistoriografiaHistoriographyMinas GeraisMinas GeraisPoesia épicaVila Rica (poem)Vila Rica (poema)Este trabalho irá propor novas possibilidades de leitura para o poema épico Vila Rica, do poeta mineiro Cláudio Manoel da Costa (1729-1789). Escrito em 1773, não chegou a vir à público durante a vida do autor que, desiludido com a pouca repercussão de suas obras na metrópole portuguesa, não o teria considerado digno de publicação, o que viria a ocorrer somente postumamente em 1839. Ocorre, porém, que Vila Rica é um documento de grande importância para a história do país, visto que faz a representação muito atenta da fundação da capital das Minas, cidade que aí significa a própria pátria. Seu poema épico é, antes de tudo, um dos poucos textos escritos em tempos coloniais que evidenciam perspectivas de análise da formação social, política e econômica da capitania de Minas. Ademais, as edições do Vila Rica são relativamente raras e pouco ensejaram leituras de caráter historiográfico que visassem compreender a obra como documento histórico. Faz-se imprescindível, portanto, à historiografia dos textos coloniais, definir novas possibilidades de leitura deste texto épico, contribuindo para enriquecer a historiografia colonial. Para isso devemos percorrer em análise as partes essenciais que compõem o Vila Rica, desde a Carta Dedicatória e o poema propriamente dito, passando pelo estudo histórico que o fundamenta, bastante revelador das qualidades literárias de Cláudio como historiador, o Fundamento Histórico. Resultado do empenho do poeta em vasculhar documentos e colher relatos sobre Minas, o Fundamento Histórico demonstra a nítida preocupação de fornecer autoridade à história que narra por meio da análise crítica e da escolha criteriosa das fontes. Sendo assim, a escrita da história contida no Fundamento e a utilizada no poema possuem características distintas, que respondem a pretensões específicas, que deveremos analisar. Pensar a maneira como se utiliza a História nestes dois níveis discursivos é tarefa imprescindível para iniciar qualquer consideração acerca do valor historiográfico do poema. E será este o motivo condutor do trabalho. Mostraremos enfim os critérios utilizados pela crítica já feita sobre o poeta e sua obra, que sempre tendeu à sua desvalorização do poema, para mostrar em seguida uma nova possibilidade de análise, comprometida em esboçar o valor historiográfico do poema a partir de sua própria constituição como discurso de gênero histórico. Assim percorreremos duas vias de análise. Em primeiro lugar procuraremos entender o poema como produto de sua época, definindo seus principais níveis de existência, desde a criação, passando pela circulação e leitura do mesmo. Desta análise passaremos a outra, comprometida com o entendimento dos pressupostos aplicados ao épico que o puderam definir como escrito de gênero histórico, reavaliando assim a obra. Discutiremos também a consciência, sempre presente na obra de Cláudio Manuel da Costa, de pertencer a uma nova terra, o que levou à afirmação do seu sentimento nacionalista e da motivação para a Inconfidência feita pelos críticos românticos. Veremos enfim as bases que conduzem este suposto patriotismo, a partir de uma análise dos preceitos poéticos utilizados pelo autor, tendo assim por tarefa perceber até que ponto este patriotismo deve ser entendido como expressão psicológica e individual de uma paixão pela pátria ou como mera aplicação de uma tópica de composição.This work offers a new approach to the epic poem Vila Rica, by Minas Geraisborn poet Cláudio Manoel da Costa (1729-1789). Written in 1773, it was not published during the life of the author who, disenchanted with the poor repercussion of his works in the Portuguese metropolis, did not consider it worth of publication, which would only occur posthumously in 1839. Nevertheless, Vila Rica is a very important document for the history of the country, since it offers a rather accurate representation of the foundation of the Minas capital, a city that in this context means the country itself. His epic poem is, above all, one of the few documents written in colonial times that focus on the analysis of the social, political and economical formation of the captaincy of Minas. Furthermore, the editions of Vila Rica are relatively rare and little instigate historiographic studies that aim at perceiving the work as a historical document. It is imperative then, to the historiography of the colonial texts, to define new reading approaches to this epic text, contributing to enrich the colonial historiography. For that we must analyze the essential parts that make up Vila Rica, from Carta Dedicatória (Dedicatory Letter) and the poem itself, through the historic study that substantiates it, very revealing of Cláudio\'s literary talent as a historian, Fundamento Histórico (Historic Foundation). A result from the poet\'s application to search through documents and gather accounts on Minas, Fundamento Histórico clearly evinces the concern to provide authority to the story it narrates through critical analysis and a discerning choice of sources. That way, the history account in Fundamento and the one utilized in the poem have distinct characteristics, which aim at specific objectives, which we will analyze. To study the way he utilizes History in these two discursive levels is an indispensable task to approach any consideration as to the poem\'s historiographical value. And this will be the main motive of the work. We will show the criteria used by the critics on the poet and his work, which always tended to the depreciation of the poem, to later demonstrate a new possible analysis, one committed to sketch the poem\'s historiographic value from its own constitution as a historical discourse. We will therefore cover two lines of analysis. First we will try to understand the poem as a product of its own time, defining its main levels of existence, from its creation through its circulation and reading. From that we will proceed to the next one, committed to understanding the plans applied to the epic that could define it as a historical text, thus revaluating the work. We will also discuss the conscience, always present in Cláudio Manuel da Costa\'s work, that he belonged to a new land, which led to the affirmation of his nationalist feelings and the motivation for the Inconfidência (Disloyalty) made by the romantic critics. Finally, we will see the bases that direct this presumed patriotism, from an analysis of the poetic principles utilized by the author, aiming at perceiving how much this patriotism should be understood as a psychological and individual expression of a passion for his country or as a mere application of an argument for composition.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPHansen, Joao AdolfoCunha, Wellington Soares da2008-03-05info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-04072008-140844/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:56Zoai:teses.usp.br:tde-04072008-140844Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:56Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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