O amor mais real que a realidade: realizações em mística e psicanálise
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-30082023-173907/ |
Resumo: | A tese apresenta o percurso investigativo nos temas da realização e do amor, e suas contribuições para o campo psicanalítico. Partimos da ideia de que se a realidade já se apresenta real a todos nós, o amor, em sua potência aberta e desconhecida, vem relevar que essa mesma realidade pode ir mais além do que o sujeito supõe e deseja ser em relação com o mundo o amor destitui impiedosamente os semblantes e as metafísicas da realidade própria, singular, interna, original, individual e final do sujeito. Destacamos assim como o amor não traz apenas uma potencialidade de êxtase e felicidade nas interações eu-tu; é também uma ameaça contra o mais profundo desejo de singularidade e completude do sujeito pós-moderno. Implica no atravessamento das bases fantasmáticas da subjetividade: todo o sistema simbólico e identitário do ser falante. Abertura radical que se desvela, em nós, como o vazio do Outro a condição de passagem para uma nova realidade. Analisamos também como a negação do vazio e a ruptura com o Amável conduzem aos quadros clínicos de desrealização: quando o sujeito é assaltado pela desesperadora irrealidade de si mesmo e do Outro, na medida em que se paralisa diante da miragem do nada, e nada além desse nada (analisado na tese tanto como a negatividade do objeto a lacaniano, quanto como o ser-para-a-morte heideggeriano). A tese adotou a mística não enquanto um objeto de pesquisa, mas como um método voltado à não-dualidade da realização do Outro através de si mesmo, o que aqui se escreveu, subjetivou e objetivou enquanto investigação de verve clínica. O método foi formalizado pelo estudo da topologia toroide, por onde se transcorreram três gêneros de escrita (Testemunho, Teoria e Ensaio) que se entrelaçaram entre si e entre os campos da literatura e poesia (Dostoiévski, Pynchon e Whitman), filosofia (Agamben, Florensky, Heidegger e Badiou) e psicanálise (Freud e Lacan). Desse modo, a mística não se definiu como arte, filosofia, política, psicanálise, e nem mesmo como cultura; embora venha atravessando todos esses campos. Finalmente, destacamos como a potência amorosa pode curar na medida em que cria diferenças na realidade em comum o que chamamos na tese pelo termo de realização da transingularidade. |
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O amor mais real que a realidade: realizações em mística e psicanáliseThe love more real than reality: realizations on mysticism and psychoanalysisAmorLoveMísticaMysticismPsicanálisePsychoanalysisRealRealRealizationRrealizaçãoA tese apresenta o percurso investigativo nos temas da realização e do amor, e suas contribuições para o campo psicanalítico. Partimos da ideia de que se a realidade já se apresenta real a todos nós, o amor, em sua potência aberta e desconhecida, vem relevar que essa mesma realidade pode ir mais além do que o sujeito supõe e deseja ser em relação com o mundo o amor destitui impiedosamente os semblantes e as metafísicas da realidade própria, singular, interna, original, individual e final do sujeito. Destacamos assim como o amor não traz apenas uma potencialidade de êxtase e felicidade nas interações eu-tu; é também uma ameaça contra o mais profundo desejo de singularidade e completude do sujeito pós-moderno. Implica no atravessamento das bases fantasmáticas da subjetividade: todo o sistema simbólico e identitário do ser falante. Abertura radical que se desvela, em nós, como o vazio do Outro a condição de passagem para uma nova realidade. Analisamos também como a negação do vazio e a ruptura com o Amável conduzem aos quadros clínicos de desrealização: quando o sujeito é assaltado pela desesperadora irrealidade de si mesmo e do Outro, na medida em que se paralisa diante da miragem do nada, e nada além desse nada (analisado na tese tanto como a negatividade do objeto a lacaniano, quanto como o ser-para-a-morte heideggeriano). A tese adotou a mística não enquanto um objeto de pesquisa, mas como um método voltado à não-dualidade da realização do Outro através de si mesmo, o que aqui se escreveu, subjetivou e objetivou enquanto investigação de verve clínica. O método foi formalizado pelo estudo da topologia toroide, por onde se transcorreram três gêneros de escrita (Testemunho, Teoria e Ensaio) que se entrelaçaram entre si e entre os campos da literatura e poesia (Dostoiévski, Pynchon e Whitman), filosofia (Agamben, Florensky, Heidegger e Badiou) e psicanálise (Freud e Lacan). Desse modo, a mística não se definiu como arte, filosofia, política, psicanálise, e nem mesmo como cultura; embora venha atravessando todos esses campos. Finalmente, destacamos como a potência amorosa pode curar na medida em que cria diferenças na realidade em comum o que chamamos na tese pelo termo de realização da transingularidade.The thesis presents the investigative journey into the themes of realization and love, and their contributions to the psychoanalytic field. We start from the idea that if reality already presents itself as real to all of us, love, in its open and unknown potential, reveals that this same reality can go beyond what the subject supposes and desires to be in relation to the world - love ruthlessly crosses over the appearances and metaphysics of the subject\'s own reality, as singular, internal, original, individual, and final. We highlight how love not only brings a potential for ecstasy and happiness in the I-thou interactions, but it is also a threat against the deepest desire for singularity and completeness of the postmodern subject. It implies the crossing of the phantasmatic bases of subjectivity: the entire symbolic and identitary system of the speaking being. Radical openness that reveals itself in us as the emptiness of the Other - the condition of passage to a \"new reality\". We also analyze how the denial of emptiness and the rupture with the Loveable lead to the clinical symptoms of derealization: when the subject is assaulted by the desperate unreality of oneself and of the Other, as they are paralyzed before the mirage of nothingness, and nothing beyond that nothingness (analyzed in the thesis as both the negativity of the Lacanian object a and the Heideggerian beingtowards- death). The thesis adopted mysticism not as an object of research, but as a method aimed at the non-duality of the realization of the Other through oneself, which was subjectivized and objectified here as a clinical investigation. The method was formalized by the study of toroidal topology, through which three genres of writing (Testimony, Theory, and Essay) flowed, interweaving with each other and with the fields of literature and poetry (Dostoevsky, Pynchon, and Whitman), philosophy (Agamben, Florensky, Heidegger, and Badiou), and psychoanalysis (Freud and Lacan). Thus, mysticism was not defined as art, philosophy, politics, psychoanalysis, or even culture, although it has been crossing all these fields. Finally, we highlight how the potentiality of love can heal to the extent that it creates differences in common reality - what we call in the thesis the realization of transingularity.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSafra, GilbertoSouza, Elton Augusto Pinotti e2023-05-22info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-30082023-173907/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-08-30T20:52:02Zoai:teses.usp.br:tde-30082023-173907Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-08-30T20:52:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A tese apresenta o percurso investigativo nos temas da realização e do amor, e suas contribuições para o campo psicanalítico. Partimos da ideia de que se a realidade já se apresenta real a todos nós, o amor, em sua potência aberta e desconhecida, vem relevar que essa mesma realidade pode ir mais além do que o sujeito supõe e deseja ser em relação com o mundo o amor destitui impiedosamente os semblantes e as metafísicas da realidade própria, singular, interna, original, individual e final do sujeito. Destacamos assim como o amor não traz apenas uma potencialidade de êxtase e felicidade nas interações eu-tu; é também uma ameaça contra o mais profundo desejo de singularidade e completude do sujeito pós-moderno. Implica no atravessamento das bases fantasmáticas da subjetividade: todo o sistema simbólico e identitário do ser falante. Abertura radical que se desvela, em nós, como o vazio do Outro a condição de passagem para uma nova realidade. Analisamos também como a negação do vazio e a ruptura com o Amável conduzem aos quadros clínicos de desrealização: quando o sujeito é assaltado pela desesperadora irrealidade de si mesmo e do Outro, na medida em que se paralisa diante da miragem do nada, e nada além desse nada (analisado na tese tanto como a negatividade do objeto a lacaniano, quanto como o ser-para-a-morte heideggeriano). A tese adotou a mística não enquanto um objeto de pesquisa, mas como um método voltado à não-dualidade da realização do Outro através de si mesmo, o que aqui se escreveu, subjetivou e objetivou enquanto investigação de verve clínica. O método foi formalizado pelo estudo da topologia toroide, por onde se transcorreram três gêneros de escrita (Testemunho, Teoria e Ensaio) que se entrelaçaram entre si e entre os campos da literatura e poesia (Dostoiévski, Pynchon e Whitman), filosofia (Agamben, Florensky, Heidegger e Badiou) e psicanálise (Freud e Lacan). Desse modo, a mística não se definiu como arte, filosofia, política, psicanálise, e nem mesmo como cultura; embora venha atravessando todos esses campos. Finalmente, destacamos como a potência amorosa pode curar na medida em que cria diferenças na realidade em comum o que chamamos na tese pelo termo de realização da transingularidade. |
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