Educação fisica e esporte escolar: poder, identidade e diferença

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nunes, Mario Luiz Ferrari
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-21062007-160843/
Resumo: O atual debate sobre identidade e a diferença está associado ao processo de transformação social. Nesta perspectiva, a identidade é construída à medida que os sistemas de significação e representação cultural se ampliam permitindo ao sujeito localizar-se de diferentes formas na sociedade. Por outro lado, a discussão educacional é como o currículo influencia nas identidades de forma a reproduzir as relações de poder. Diante deste quadro, realizamos uma pesquisa com objetivo de investigar quais posições os sujeitos assumem diante das práticas discursivas da Educação Física e como estas podem contribuir para a constituição de identidades e a enunciação da diferença. A fundamentação teórica baseou-se nas análises produzidas no campo dos Estudos Culturais, priorizando as reflexões sobre a identidade cultural e as discussões sobre o currículo. Relacionamos estas temáticas com as práticas curriculares da Educação Física a partir das críticas de alguns autores da área que embasam suas obras nas Ciências Humanas. O método de pesquisa empregado foi a coleta de história de vida divulgado por Poirier et.all. (1999). Foram realizadas entrevistas com pessoas escolarizadas e buscou-se subsídio, em suas histórias de vida, para estabelecer relações entre as atividades vividas nas aulas e a construção da identidade. Como resultado, pudemos inferir que, além da afirmação das identidades hegemonicas, cada sujeito atribuiu às suas práticas significados diferentes, e que a luta pela validação de suas formas de ser confrontaram-se com relações de poder, privilégios e desigualdades construídos na cultura escolar. Consideramos que, dentro dos pressupostos das teorias educacionais atuais, a busca pelo rendimento e a superação - característicos de abordagens tecnicistas - facilita apenas aqueles que já trazem determinados saberes validados socialmente, deixando lentamente à margem do conhecimento os que não se apresentam de forma hegemônica. Além disso, percebemos que as proposições das abordagens críticas não colocam em cheque as questões que permeiam a sociedade multicultural em que vivemos. Pois, nesta pesquisa, pudemos inferir que o aumento de manifestações culturais nas aulas, sua contextualização histórica e valorização da pluralidade cultural não constituem condições suficientes para os grupos subordinados lutarem para serem representados no jogo do poder cultural. Perante nossas análises, inferimos que as relações culturais entre grupos dominantes e subordinados implicam na construção de repertórios de resistências, e, estes ocorrem em um campo de luta pela significação. As práticas culturais de transgressão e resistência presentes no currículo da Educação Física desestabilizam, porém, não conseguem deslocar a ordem hierárquica que regula qualquer domínio cultural, e que se expressa nas aulas deste componente por meio da proficiência, do saber fazer mais próximo das representações dominantes das técnicas esportivas. Diante deste quadro, supomos também que, é própria configuração e especificidade da Educação Física que contribui para construção de relações assimétricas de poder no interior da suas aulas e que estas se ampliam para outras esferas da cultura escolar.
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A fundamentação teórica baseou-se nas análises produzidas no campo dos Estudos Culturais, priorizando as reflexões sobre a identidade cultural e as discussões sobre o currículo. Relacionamos estas temáticas com as práticas curriculares da Educação Física a partir das críticas de alguns autores da área que embasam suas obras nas Ciências Humanas. O método de pesquisa empregado foi a coleta de história de vida divulgado por Poirier et.all. (1999). Foram realizadas entrevistas com pessoas escolarizadas e buscou-se subsídio, em suas histórias de vida, para estabelecer relações entre as atividades vividas nas aulas e a construção da identidade. Como resultado, pudemos inferir que, além da afirmação das identidades hegemonicas, cada sujeito atribuiu às suas práticas significados diferentes, e que a luta pela validação de suas formas de ser confrontaram-se com relações de poder, privilégios e desigualdades construídos na cultura escolar. Consideramos que, dentro dos pressupostos das teorias educacionais atuais, a busca pelo rendimento e a superação - característicos de abordagens tecnicistas - facilita apenas aqueles que já trazem determinados saberes validados socialmente, deixando lentamente à margem do conhecimento os que não se apresentam de forma hegemônica. Além disso, percebemos que as proposições das abordagens críticas não colocam em cheque as questões que permeiam a sociedade multicultural em que vivemos. Pois, nesta pesquisa, pudemos inferir que o aumento de manifestações culturais nas aulas, sua contextualização histórica e valorização da pluralidade cultural não constituem condições suficientes para os grupos subordinados lutarem para serem representados no jogo do poder cultural. Perante nossas análises, inferimos que as relações culturais entre grupos dominantes e subordinados implicam na construção de repertórios de resistências, e, estes ocorrem em um campo de luta pela significação. As práticas culturais de transgressão e resistência presentes no currículo da Educação Física desestabilizam, porém, não conseguem deslocar a ordem hierárquica que regula qualquer domínio cultural, e que se expressa nas aulas deste componente por meio da proficiência, do saber fazer mais próximo das representações dominantes das técnicas esportivas. Diante deste quadro, supomos também que, é própria configuração e especificidade da Educação Física que contribui para construção de relações assimétricas de poder no interior da suas aulas e que estas se ampliam para outras esferas da cultura escolar.The present debate about identity and difference is associated to the process of social transformation. By this perspective the identity is constructed as the systems of meaning and cultural representation broaden, allowing the subject to locate himself in different forms in society. On the other hand, the educational discussion is how the curriculum influences the identities in such a way to reproduce the relationships of power. Facing this we developed a research with the objective of investigating which positions the individuals take in the presence of the discursive practices of Physical Education e how can these contribute to the constitution of identities and the enunciation of the difference. The theoretical ground was based on the analyses produced in the field of Cultural Studies, prioritizing the reflection about the cultural identity and the discussions of the curriculum. We related these themes with the curricular practices of Physical Education from the starting point of critics of some authors of the area that based their work in the Human Science. The method used in the research was the compilation of life history told by Poirier et. all. (1999). Interviews were done with educated people and subsidy were searched, in their life history, to establish relationship between the lived activities in the classroom and the construction of identity. As a result we were able to infer that beside the affirmation of hegemonic identities, each individual gave different meanings to the practices, and the struggle for validation of its forms of being, confronted with the relationship of power, privileges and inequalities constructed in the Scholar Culture. We considered, in the presumptions of the present educational theories, the search results and overcome - characteristic of the technical approach - facilitate only those that already bring determined knowledge socially valid, leaving slowly on the boarder of knowledge those that do not present themselves in a hegemonic form. Furthermore, we perceive that the propositions of the critical approaches do not confront the questions that consent with the multicultural society in which we live. In this research we could infer that the increase of the cultural manifestations in the classrooms, its historical context and the value of culture plurality do not constitute sufficient conditions for the subordinate groups to stand up to be represented in the game of cultural power. By our analyses we inferred that the cultural relationships between dominant and subordinate groups imply in the construction of repertories of resistance, these occur in a field of struggle for meaning. The cultural practices of transgression and resistance present in the curriculum of Physical Education tremble, although they are not able to dislocate the hierarchic order that regulates any cultural domain, and that express itself in the classrooms of this component through proficiency, through the knowledge of doing best the dominant representation of sport techniques. Facing this, we also suppose that the Physical Education configuration and specificity contribute to the construction of asymmetrical relationship of power inside the classrooms and these broaden to other spheres of scholar culture.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRúbio, KatiaNunes, Mario Luiz Ferrari2006-08-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-21062007-160843/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:51Zoai:teses.usp.br:tde-21062007-160843Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:51Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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