Profanação de uma imagem do mundo: Mapa de Lopo Homem II, de Adriana Varejão
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/93/93131/tde-15042019-113808/ |
Resumo: | Esta tese defende que a arte pode profanar o real ao produzir suas realidades poéticas. Ou seja: a criação artística detém a potência de destituir regimes de visibilidade, dizibilidade e pensabilidade, dando a eles novos usos e os devolvendo ao domínio dos homens. A principal questão é saber como isso ocorre. Quer dizer: quais são essas operações da arte capazes de desativar mecanismos de subjetivação ao mesmo tempo em que produzem outros? Como isso se realiza e que saberes pode-se recolher daí? Toda esta investigação parte da pintura Mapa de Lopo Homem II, de Adriana Varejão. Seguimos suas pistas na companhia de pensadores da arte, da ciência e da filosofia, com destaque para Georges Didi-Huberman, Giorgio Agamben, Jacques Lacan, Jacques Rancière, Jean Baudrillard e Hal Foster, de maneira a produzir uma teoria crítica que colabore com a interpretação da arte hoje, num viés estético e político. Se parece lugarcomum dizer que a arte produz transformações culturais, o ponto desta tese é ligeiramente diferente: saber como a experiência estética pode transgredir a simbolização, fazendo irromper significados que desconstruam estruturas culturais, atentando contra a idealização da realidade em seus valores morais, econômicos, sociais, intelectuais etc. Interessa a nós o aspecto inesperado da realização artística, seu teor de insurgência, seu flerte com o esquizo. Enfim, queremos olhar para o que pode haver de destrutivo, paradoxal ou desestruturante na elaboração poética promovida pela arte visual e que resistências se levantam contra o processo. Para isso, nos inspiramos no conceito de Real lacaniano. E dizemos que a conformação artística é o mapa que se traça sobre o território numa profanação do real: sistematização ficcional e ilusória, síntese posta como realidade, representação interpretativa necessariamente parcial, insuficiente, faltosa. Que não consegue ser viva como a experiência, mas a revive, recria, interpreta, representa e reapresenta, toma-a para si e formaliza, desenha contornos, acumula camadas, esquematiza estrategicamente conforme seus próprios jogos de poder. |
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Profanação de uma imagem do mundo: Mapa de Lopo Homem II, de Adriana VarejãoProfanation of a world image: Map of Lopo Homem II, by Adriana VarejãoAdriana VarejãoAdriana VarejãoAestheticsArt theory and criticismArte contemporâneaContemporary artEstéticaHistória da arteHistory of artPaintingPinturaTeoria e crítica de arteEsta tese defende que a arte pode profanar o real ao produzir suas realidades poéticas. Ou seja: a criação artística detém a potência de destituir regimes de visibilidade, dizibilidade e pensabilidade, dando a eles novos usos e os devolvendo ao domínio dos homens. A principal questão é saber como isso ocorre. Quer dizer: quais são essas operações da arte capazes de desativar mecanismos de subjetivação ao mesmo tempo em que produzem outros? Como isso se realiza e que saberes pode-se recolher daí? Toda esta investigação parte da pintura Mapa de Lopo Homem II, de Adriana Varejão. Seguimos suas pistas na companhia de pensadores da arte, da ciência e da filosofia, com destaque para Georges Didi-Huberman, Giorgio Agamben, Jacques Lacan, Jacques Rancière, Jean Baudrillard e Hal Foster, de maneira a produzir uma teoria crítica que colabore com a interpretação da arte hoje, num viés estético e político. Se parece lugarcomum dizer que a arte produz transformações culturais, o ponto desta tese é ligeiramente diferente: saber como a experiência estética pode transgredir a simbolização, fazendo irromper significados que desconstruam estruturas culturais, atentando contra a idealização da realidade em seus valores morais, econômicos, sociais, intelectuais etc. Interessa a nós o aspecto inesperado da realização artística, seu teor de insurgência, seu flerte com o esquizo. Enfim, queremos olhar para o que pode haver de destrutivo, paradoxal ou desestruturante na elaboração poética promovida pela arte visual e que resistências se levantam contra o processo. Para isso, nos inspiramos no conceito de Real lacaniano. E dizemos que a conformação artística é o mapa que se traça sobre o território numa profanação do real: sistematização ficcional e ilusória, síntese posta como realidade, representação interpretativa necessariamente parcial, insuficiente, faltosa. Que não consegue ser viva como a experiência, mas a revive, recria, interpreta, representa e reapresenta, toma-a para si e formaliza, desenha contornos, acumula camadas, esquematiza estrategicamente conforme seus próprios jogos de poder.This thesis argues that art can desecrate the Real by producing poetic realities. This means that artistic creation has the power of deposing regimens of the visible, speakable and thinkable, of giving them new uses and of returning them to the realm of men. The main question is knowing how this happens. Which operations of art may deactivate some mechanisms of subjectivation at the same time that they produce others? How does this happen, and what knowledge can be acquired from that process? All this research originates from the painting Map of Lopo Homem II, by Adriana Varejão. We followed the paintings hints in the company of thinkers from the arts, sciences and philosophy fields, with special mention to Georges Didi-Huberman, Giorgio Agamben, Jacques Lacan, Jacques Rancière, Jean Baudrillard and Hal Foster, in order to produce a critical theory that could collaborate with the interpretation of art today, in an aesthetical and political point of view. If it seems commonplace to say that art produces cultural transformations, the point of this thesis is slightly different: it is to learn how the aesthetic experience can transgress symbolization, bursting meanings that deconstruct cultural structures, attacking the idealization of reality in its moral, economic, social, intellectual values, etc. We are interested in the unexpected aspect of artistic achievement, its insurgency content, its flirtation with the schizo. We want to look at what can be destructive, paradoxical or destructuring in the poetic elaboration promoted by visual art and which resistances arise against the process. For this, we are inspired by the Lacanian concept of the Real. And we say that the artistic conformation is the map drawn on the territory in a profanation of the real: fictional and illusory systematization, synthesis put as reality, necessarily partial interpretative representation, insufficient, lacking. That cannot be alive as an experience, but revives it, recreates it, interprets it, represents it and resubmit it, takes and formalizes it, draws contours, accumulates layers and strategically schematizes according to its own power plays.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCastro, Eliane Dias deAlmeida, Eduardo Augusto Alves de2018-10-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/93/93131/tde-15042019-113808/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-06-07T17:58:48Zoai:teses.usp.br:tde-15042019-113808Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-06-07T17:58:48Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Esta tese defende que a arte pode profanar o real ao produzir suas realidades poéticas. Ou seja: a criação artística detém a potência de destituir regimes de visibilidade, dizibilidade e pensabilidade, dando a eles novos usos e os devolvendo ao domínio dos homens. A principal questão é saber como isso ocorre. Quer dizer: quais são essas operações da arte capazes de desativar mecanismos de subjetivação ao mesmo tempo em que produzem outros? Como isso se realiza e que saberes pode-se recolher daí? Toda esta investigação parte da pintura Mapa de Lopo Homem II, de Adriana Varejão. Seguimos suas pistas na companhia de pensadores da arte, da ciência e da filosofia, com destaque para Georges Didi-Huberman, Giorgio Agamben, Jacques Lacan, Jacques Rancière, Jean Baudrillard e Hal Foster, de maneira a produzir uma teoria crítica que colabore com a interpretação da arte hoje, num viés estético e político. Se parece lugarcomum dizer que a arte produz transformações culturais, o ponto desta tese é ligeiramente diferente: saber como a experiência estética pode transgredir a simbolização, fazendo irromper significados que desconstruam estruturas culturais, atentando contra a idealização da realidade em seus valores morais, econômicos, sociais, intelectuais etc. Interessa a nós o aspecto inesperado da realização artística, seu teor de insurgência, seu flerte com o esquizo. Enfim, queremos olhar para o que pode haver de destrutivo, paradoxal ou desestruturante na elaboração poética promovida pela arte visual e que resistências se levantam contra o processo. Para isso, nos inspiramos no conceito de Real lacaniano. E dizemos que a conformação artística é o mapa que se traça sobre o território numa profanação do real: sistematização ficcional e ilusória, síntese posta como realidade, representação interpretativa necessariamente parcial, insuficiente, faltosa. Que não consegue ser viva como a experiência, mas a revive, recria, interpreta, representa e reapresenta, toma-a para si e formaliza, desenha contornos, acumula camadas, esquematiza estrategicamente conforme seus próprios jogos de poder. |
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