Adoção: vivências de parentalidade de adultos adotados
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-12112013-164520/ |
Resumo: | No Brasil, assim como em vários países do mundo, a adoção é reconhecida histórica, social, jurídica e psicologicamente como um modo a partir do qual se pode dar a constituição familiar e uma forma de inserção da criança em família substituta, especialmente aquela criança que, por uma série de motivos, se encontra impossibilitada de conviver com sua família de origem. Muito se tem produzido cientificamente sobre a temática da adoção, sobretudo nas áreas da Psicologia, Psicanálise, Psiquiatria e Direito. Contudo, verificamos uma escassez de pesquisas que abordam o universo da adoção na perspectiva do adulto adotado. Com o objetivo de dar voz a este público e compreender como se dá o exercício de parentalidade daquele que no passado foi abandonado ou entregue em adoção, vinculamo-nos à pesquisa qualitativa fenomenológica enquanto metodologia e à psicanálise winnicottiana enquanto referencial teórico interpretativo. Os depoimentos de nossos colaboradores foram obtidos a partir da entrevista fenomenológica e, para serem incluídos em nosso processo de análise, os depoimentos colhidos tiveram que se apresentar como portadores dessas características: ser significante, pertinente, relevante, referente, provocante, suficiente. Por não corresponderem a essas exigências do discurso fenomenológico, das doze entrevistas realizadas somente oito foram aproveitadas e, desta forma, cinco mulheres e três homens se constituíram como nossos colaboradores. Os depoimentos foram integralmente transcritos e analisados conforme os passos da proposta metodológica escolhida, ou seja: leitura e re-leitura global de todos os discursos; discriminação das unidades de significado; transformação em linguagem psicológica e elaboração das categorias; e síntese das unidades de significado. Para a compreensão dos depoimentos, estabelecemos parceria com a psicanálise winnicottiana, cujos conceitos e teorias iluminaram nosso processo de análise compreensiva e interpretativa das categorias e subcategorias, a saber: 1) a relação com a família biológica; 2) a relação com a família adotiva; 3) a experiência de saber-se ou sentir-se \"abandonado\"; 4) adoção: o céu ?; 4.1) significados da adoção; 4.2) o segredo na adoção e o impacto da revelação; 5) exercício de parentalidade. Os resultados apontam para o fato de que nossos colaboradores, sentindo-se subjetivamente marcados pela experiência do abandono, da rejeição e da adoção - nem sempre administrada de forma adequada pelos adotantes, sobretudo no que diz respeito à questão \"segredo X revelação\" em torno da história de vida e origem do adotado - atuam em seus relacionamentos interpessoais, conjugalidades e exercício de parentalidade, apresentando-se como pessoas altruístas, abnegadas e significativamente sensíveis ao sofrimento ou demandas de atenção vindas daqueles com os quais convivem, esforçando-se para atendê-los e, desta forma, evitando-lhes a experiência da frustração, ao passo que assim, também evitam que estes (que podem ser amigos, parceiros, pais, filhos, etc.) os rejeitem ou discriminem afetivamente. No exercício de parentalidade demonstram-se extremamente zelosos e amorosos, e, por isso, freqüentemente correndo o risco da superproteção. Por elegerem a parentalidade como prioridade dentro da estrutura familiar que construíram a partir de seus relacionamentos afetivo-sexuais (casamento, por exemplo), vivenciam dificuldades no aspecto da conjugalidade, pois se dirigem mais quantitativa e qualitativamente aos filhos do que a seus parceiros(as). |
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Adoção: vivências de parentalidade de adultos adotadosAdoption: parenthood experiences in adopted adults.AdoçãoAdoptionFenomenologiaParentalidadeParenthoodPhenomenologyPsicanálisePsychoanalysisWinnicott.Winnicott.No Brasil, assim como em vários países do mundo, a adoção é reconhecida histórica, social, jurídica e psicologicamente como um modo a partir do qual se pode dar a constituição familiar e uma forma de inserção da criança em família substituta, especialmente aquela criança que, por uma série de motivos, se encontra impossibilitada de conviver com sua família de origem. Muito se tem produzido cientificamente sobre a temática da adoção, sobretudo nas áreas da Psicologia, Psicanálise, Psiquiatria e Direito. Contudo, verificamos uma escassez de pesquisas que abordam o universo da adoção na perspectiva do adulto adotado. Com o objetivo de dar voz a este público e compreender como se dá o exercício de parentalidade daquele que no passado foi abandonado ou entregue em adoção, vinculamo-nos à pesquisa qualitativa fenomenológica enquanto metodologia e à psicanálise winnicottiana enquanto referencial teórico interpretativo. Os depoimentos de nossos colaboradores foram obtidos a partir da entrevista fenomenológica e, para serem incluídos em nosso processo de análise, os depoimentos colhidos tiveram que se apresentar como portadores dessas características: ser significante, pertinente, relevante, referente, provocante, suficiente. Por não corresponderem a essas exigências do discurso fenomenológico, das doze entrevistas realizadas somente oito foram aproveitadas e, desta forma, cinco mulheres e três homens se constituíram como nossos colaboradores. Os depoimentos foram integralmente transcritos e analisados conforme os passos da proposta metodológica escolhida, ou seja: leitura e re-leitura global de todos os discursos; discriminação das unidades de significado; transformação em linguagem psicológica e elaboração das categorias; e síntese das unidades de significado. Para a compreensão dos depoimentos, estabelecemos parceria com a psicanálise winnicottiana, cujos conceitos e teorias iluminaram nosso processo de análise compreensiva e interpretativa das categorias e subcategorias, a saber: 1) a relação com a família biológica; 2) a relação com a família adotiva; 3) a experiência de saber-se ou sentir-se \"abandonado\"; 4) adoção: o céu ?; 4.1) significados da adoção; 4.2) o segredo na adoção e o impacto da revelação; 5) exercício de parentalidade. Os resultados apontam para o fato de que nossos colaboradores, sentindo-se subjetivamente marcados pela experiência do abandono, da rejeição e da adoção - nem sempre administrada de forma adequada pelos adotantes, sobretudo no que diz respeito à questão \"segredo X revelação\" em torno da história de vida e origem do adotado - atuam em seus relacionamentos interpessoais, conjugalidades e exercício de parentalidade, apresentando-se como pessoas altruístas, abnegadas e significativamente sensíveis ao sofrimento ou demandas de atenção vindas daqueles com os quais convivem, esforçando-se para atendê-los e, desta forma, evitando-lhes a experiência da frustração, ao passo que assim, também evitam que estes (que podem ser amigos, parceiros, pais, filhos, etc.) os rejeitem ou discriminem afetivamente. No exercício de parentalidade demonstram-se extremamente zelosos e amorosos, e, por isso, freqüentemente correndo o risco da superproteção. Por elegerem a parentalidade como prioridade dentro da estrutura familiar que construíram a partir de seus relacionamentos afetivo-sexuais (casamento, por exemplo), vivenciam dificuldades no aspecto da conjugalidade, pois se dirigem mais quantitativa e qualitativamente aos filhos do que a seus parceiros(as).In Brazil, as well as in several other countries, adoption is historically, socially, legally and psychologically recognized as a way from which the constitution of a family can be originated, and as a way of insertion of a child in a substitute family, especially for a child that, for a number of reasons, finds him/herself unable to live together with his/her family of origin. A lot has been scientifically produced about the theme of adoption, above all in the areas of Psychology, Psychoanalysis, Psychiatry and Law. However, a lack of researches that approach the universe of adoption from the perspective of the adopted adult can be observed. Aiming to give voice to this public and to understand how the exercise of parenthood develops for those who were abandoned in the past or delivered to adoption, this research is linked to phenomenological qualitative research in its methods, and to the winnicottian psychoanalysis in its interpretative theoretical reference. The testimonials of our participants were obtained from a phenomenological interview, and, in order to be included in our analysis process, the chosen ones had to contain the following characteristics: meaningfulness, pertinence, relevance, reference, provocativeness, sufficiency. Because there was not any correspondence to the requirements of the phenomenological discourse, only eight out of the twelve interviews realized were considered, and, this way, five women and three men became the participants of this study. The testimonials were fully transcript and analyzed according to steps of the chosen methodological proposal, which means: global reading and re-reading of all the speeches; discrimination of the units of meaning; alteration to psychological language and elaboration of the categories; and synthesis of the units of meaning. For comprehension of the testimonials, a partnership with the winnicottian psychoanalysis was established, which subsided concepts and theories that guided our process of comprehensive and interpretative analysis of the categories and subcategories, as follows: 1) the relationship with the biological family; 2) the relationship with the adoptive family; 3) the experience of finding and feeling him/herself \"abandoned\"; 4) adoption: is it paradise?; 4.1) the meaning of adoption; 4.2) the secret of adoption and the impact of the revelation; 5) the exercise of parenthood. The results point to the fact that the participants, feeling themselves subjectively affected by the experience of abandonment, rejection and adoption - not always managed in an adequate way by the adopters on what concerns the \"secret versus revelation\" issue, especially about the story of life and origin of the adopted - act in their interpersonal relationships, conjugalities and exercise of parenthood, presenting themselves as unselfish, abnegated and deeply sensitive people to the suffering or attention demand from those whom they live with, striving to satisfy them, and, this way, avoiding the experience of frustration, thus, also avoiding that these people (that can be friends, partners, parents, children, etc.) reject or discriminate them affectively. In the exercise of their parenthood, they demonstrate to be extremely careful and loving, and, thus, often risking to be overprotective. Electing parenthood as a priority in the family structure that was built based on their affectivesexual relationships (marriage, for instance), they experience difficulties in the conjugality aspect, since they are more quantitatively and qualitatively driven to their children than to their partners.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBruns, Maria Alves de ToledoCamargo, Mario Lazaro2010-08-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-12112013-164520/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:02Zoai:teses.usp.br:tde-12112013-164520Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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