A transformação de um gênero: dos contos de fadas às animações contemporâneas da Walt Disney Pictures e da Pixar Animation Studios

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Louzada Ferreira de Morais, Guilherme Augusto
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: Rosa de Amorim, Inessa
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Letras
Texto Completo: https://periodicos.utfpr.edu.br/rl/article/view/15289
Resumo: Os contos de fadas fazem parte do que Todorov (1975) entende por maravilhoso, um gênero literário em que os acontecimentos sobrenaturais – presença de fadas, varinhas de condões, encantamentos etc. – não causam surpresa nem nas personagens nem no leitor implícito. Marinho (2009) estende as reflexões e postulações de Todorov ao afirmar que o maravilhoso pode ser entendido igualmente como um gênero narrativo, no sentido de ser caracterizado por um modo específico de narrar, podendo se manifestar tanto na literatura como no cinema. A narratividade do maravilhoso foi teorizada por Vladimir Propp (2010), estudioso russo que identificou, nas ações dos personagens, funções que formam o esqueleto da narrativa. Em síntese, um dano é realizado por um antagonista, o herói parte em uma jornada, resolve o problema inicial, retorna ao lar e, geralmente, se casa com uma princesa, o que resulta no emblemático “final feliz”. Com isso em mente, acreditamos ser possível analisar animações contemporâneas, como aquelas produzidas pela Walt Disney Pictures e pela Pixar Animation Studios, com base nas postulações proppianas. É sabido que a companhia estadunidense, no decurso do século XX, adaptou inúmeros contos de fadas, como Snow White and the Seven Dwarfs, de 1937, inspirada no conto “Branca de Neve”, dos irmãos Grimm. Mais recentemente, a empresa passou a criar novas histórias, ainda muito próximas dos contos de magia. Assim, amparados em pesquisas sobre contos de fadas e adaptações, nosso objetivo é demonstrar como certas animações, como Ralph Breaks the Internet (2018), transformam o gênero do maravilhoso levando-o às telas do cinema, não somente por apresentarem o sobrenatural aceito, mas por utilizarem, também, a narratividade sob a qual os contos de fadas são construídos. Além disso, buscamos mostrar se e como o contexto social pode ter motivado a criação dessas animações contemporâneas, que, a nosso ver, ora se aproximam, ora se distanciam, dos contos de fadas tradicionais, como aqueles escritos pelos irmãos Grimm. Enfim, pretendemos com esse texto contribuir para o universo de estudos cujo foco são os contos de magia e sua presença atualizada no cinema contemporâneo.
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