Empreendedorismo institucional: um estudo de caso sobre o polo gastronômico de Santa Felicidade, Curitiba, PR, Brasil

• Autor(a) principal: Vieira, Danielle Ferraz
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UTFPR (da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (RIUT))
• Texto Completo: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/26658
• topic: CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::ADMINISTRACAO::ADMINISTRACAO DE EMPRESAS; Empreendedorismo; Gastronomia - Santa Felicidade (Curitiba, PR); Desenvolvimento organizacional; Turismo e gastronomia; Entrepreneurship; Gastronomy - Santa Felicidade (Curitiba, PR); Organizational change; Tourism and gastronomy; Administração

O campo organizacional é resultado de interações ao longo do tempo entre organizações, indivíduos e o próprio contexto onde está inserido. Os fundamentos da nova teoria institucional permitem essa leitura e, nesse sentido, considerando a temática do empreendedorismo institucional, o objetivo desta pesquisa foi compreender como as ações de empreendedorismo institucional influenciaram na formação do campo organizacional do Polo Gastronômico no Bairro Santa Felicidade, na Cidade de Curitiba, Capital do Paraná, Brasil. Para atingir este propósito, foi adotada a estratégia de pesquisa qualitativa, por meio do método de estudo de caso, cujo objeto analisado é o setor turístico-gastronômico do referido Bairro. A análise ocorreu através de recorte seccional com aproximação longitudinal no período entre os anos de 1920 a 2020. As técnicas de coleta de dados foram: pesquisa documental; e entrevistas semiestruturadas, aplicadas aos fundadores, proprietários e representantes das organizações que compuseram a amostra. Os dados foram analisados utilizando a técnica de análise de conteúdo temática, conforme Bardin (2011). No intuito de estabelecer aproximação com o campo empírico, inicialmente foi empreendida a pesquisa documental. Os dados iniciais foram então tensionados com a teoria, resultando nas categorias analíticas: empreendedorismo institucional (DIMAGGIO, 1988) no nível da ação; instituições (GREENWOOD et al., 2008) no nível do contexto institucional; e campo organizacional (DIMAGGIO; POWELL, 2005; SCOTT, 1994). Posteriormente, após coleta de dados primários, as categorias foram subdivididas considerando: os eventos precipitantes (GREENWOOD; SUDDABY; HININGS, 2002); as ações de empreendedorismo institucional (DORADO, 2013); práticas sociais suportadas por elementos de natureza cultural-cognitiva, normativa e regulativa (SCOTT, 2008); os atores sociais relevantes (DIMAGGIO; POWELL, 2005); e os diferentes estágios do campo organizacional (HARDY; MAGUIRE, 2008). De acordo com os achados, considera-se que as ações de empreendedorismo institucional desempenhadas pelos atores sociais identificados neste campo (tanto indivíduos; grupos e organizações), resultaram em inúmeras práticas sociais. Dentre essas, algumas se tornaram perenes, atingindo o nível de instituição. Com isso, ocorreram mudanças de ordem institucional culminando tanto na criação como manutenção de instituições. Embora a difusão institucional tenha sido amplamente realizada de forma bottom-up, foram ainda identificadas práticas sociais decorrentes de pressões de natureza topdown. Assim, conclui-se que: as ações de empreendedorismo institucional permitiram a criação de estabelecimentos voltados à gastronomia, através de práticas sociais que foram amplamente difundidas no setor. O campo organizacional, inicialmente voltado à produção agrícola, foi reconfigurado à medida que as novas práticas se institucionalizaram. Atualmente, é um campo organizacional maduro e legitimado que se tornou Polo Gastronômico e destino turístico, procurado em razão de seus restaurantes, adegas e lojas de artesanato em vime. À vista disso, a principal contribuição teórica desse estudo foi além de corroborar com o desenvolvimento da teoria sobre empreendendorismo institucional, demostrar que as instituições se estabelecem de forma gradativa, conforme previsto por Mahoney e Thelen (2010). Em termos de contribuição prática verificou-se a institucionalização do Polo Gastronômico de Santa Felicidade, similar ao que ocorre em outros clusters.