“Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Miranda, Camille Cardoso
Data de Publicação: 2018
Outros Autores: Pessoa, Fátima Cristina
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Calidoscópio (Online)
Texto Completo: https://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2018.162.08
Resumo: O contato entre os indígenas e os não indígenas (“brancos”) configura-se em uma relação não amistosa em quase todas as comunidades indígenas existentes no Brasil, o qual trouxe consequências devastadoras, e a figuração do indígena na história desse país foi/é retratada a partir de um olhar exterior e eurocêntrico, construindo uma imagem estereotipada sobre os povos indígenas que habitam este país. Em muitas mídias, o índio sempre foi/é descrito a partir do olhar do não indígena, porém, pouco se reflete sobre o olhar do indígena acerca deste Outro. O presente artigo tem como proposta fazer uma leitura, em perspectiva discursiva, sobre a visão que os indígenas têm sobre o homem branco, um ser que é totalmente estranho, designado como o Outro, o diferente. Para estabelecer essa reflexão, o trabalho tem por objeto as narrativas que explicam a origem e o contato com o homem branco para dois distintos povos: Timbira (Aukê/ Aukeré) e Ikpeng (“Pïrínop meu primeiro contato”). O estudo apoia-se principalmente no referencial teórico proposto por Michel Foucault e em suas contribuições sobre regularidade, formação discursiva, prática discursiva e relações de saber e de poder, buscando reconhecer e compreender, nas condições de exercício da função enunciativa que sustenta o acontecimento discursivo das narrativas indígenas sobre as relações interétnicas, as regularidades – bem como as singularidades – enunciativas que fundam práticas discursivas sobre as relações de alteridade. Portanto, espera-se que este trabalho possa reafirmar a importância das tradições culturais e das línguas indígenas existentes no Brasil, ao favorecer espaços de circulação de saberes desqualificados pela hierarquia dos saberes, mas cuja força de insurreição deve-se continuamente ampliar, sobretudo em um contexto histórico em que predomina a dominação colonialista sobre negros, indígenas, estrangeiros, etc.Palavras-chave: prática discursiva, alteridade, Timbira/Ikpeng, não indígenas.
id Unisinos-3_ffe58f619b4800475338d35a08578e50
oai_identifier_str oai:ojs2.revistas.unisinos.br:article/14650
network_acronym_str Unisinos-3
network_name_str Calidoscópio (Online)
repository_id_str
spelling “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas“Aukê/Aukeré was Mehim who became Cupen”: The view of indigenous people about (the Other) the white man in different discursive practicesO contato entre os indígenas e os não indígenas (“brancos”) configura-se em uma relação não amistosa em quase todas as comunidades indígenas existentes no Brasil, o qual trouxe consequências devastadoras, e a figuração do indígena na história desse país foi/é retratada a partir de um olhar exterior e eurocêntrico, construindo uma imagem estereotipada sobre os povos indígenas que habitam este país. Em muitas mídias, o índio sempre foi/é descrito a partir do olhar do não indígena, porém, pouco se reflete sobre o olhar do indígena acerca deste Outro. O presente artigo tem como proposta fazer uma leitura, em perspectiva discursiva, sobre a visão que os indígenas têm sobre o homem branco, um ser que é totalmente estranho, designado como o Outro, o diferente. Para estabelecer essa reflexão, o trabalho tem por objeto as narrativas que explicam a origem e o contato com o homem branco para dois distintos povos: Timbira (Aukê/ Aukeré) e Ikpeng (“Pïrínop meu primeiro contato”). O estudo apoia-se principalmente no referencial teórico proposto por Michel Foucault e em suas contribuições sobre regularidade, formação discursiva, prática discursiva e relações de saber e de poder, buscando reconhecer e compreender, nas condições de exercício da função enunciativa que sustenta o acontecimento discursivo das narrativas indígenas sobre as relações interétnicas, as regularidades – bem como as singularidades – enunciativas que fundam práticas discursivas sobre as relações de alteridade. Portanto, espera-se que este trabalho possa reafirmar a importância das tradições culturais e das línguas indígenas existentes no Brasil, ao favorecer espaços de circulação de saberes desqualificados pela hierarquia dos saberes, mas cuja força de insurreição deve-se continuamente ampliar, sobretudo em um contexto histórico em que predomina a dominação colonialista sobre negros, indígenas, estrangeiros, etc.Palavras-chave: prática discursiva, alteridade, Timbira/Ikpeng, não indígenas.The contact between indigenous and non-indigenous people (‘white’) has not been a friendly relationship in almost all Brazilian indigenous community, which has brought devastating consequences. Moreover, the presence of indigenous people in the history of this country has been portrayed from an outsider and Eurocentric perspective prompting a stereotyped image. In mass media, the indigenous people have generally been described from a non-indigenous point of view; however, little reflection is made upon the view of indigenous people about this Other. This work aims at displaying, from a discursive view, the indigenous people’s perspective on white people, a complete strange being, known as the Other, the different. To incite this reflection, the current study has as its object the narratives that explain the origin and contact with white men for two distinct communities: Timbira (Aukê/Aukeré) and Ikpeng (“Pïrínop my first contact”). The study is based mainly on the theoretical framework proposed by Michel Foucault and his contributions on regularity, discursive formation, discursive practices and hierarchy of knowledge, and power, aiming at recognizing and understanding regularities, in terms of performing enunciative functions, which sustain the discourse event in indigenous narratives in interethnic relations; it also examines the regularities as well as the formulated singularities which underlie the varied practices about the relation of the otherness. Hence, it is expected that this work can reaffirm the importance of preserving existing cultural traditions and indigenous languages in Brazil, as well as promote spaces of circulation of knowledge underestimated by the hierarchy of knowledge, but whose resurrection potential should continuously expand, mainly within a historical context in which the colonialist domination predominates over black people, indigenous people, foreigners, etc.Keywords: discursive practices, otherness, Timbira/Ikpeng, non indigenous people.Unisinos2018-10-26info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2018.162.08Calidoscópio; Vol. 16 No. 2 (2018): May/August; 261-272Calidoscópio; v. 16 n. 2 (2018): Maio/Agosto; 261-2722177-6202reponame:Calidoscópio (Online)instname:Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)instacron:Unisinosporhttps://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2018.162.08/60746453Miranda, Camille CardosoPessoa, Fátima Cristinainfo:eu-repo/semantics/openAccess2018-10-29T14:45:51Zoai:ojs2.revistas.unisinos.br:article/14650Revistahttps://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopioPUBhttps://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/oaicmira@unisinos.br || cmira@unisinos.br2177-62022177-6202opendoar:2018-10-29T14:45:51Calidoscópio (Online) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)false
dc.title.none.fl_str_mv “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
“Aukê/Aukeré was Mehim who became Cupen”: The view of indigenous people about (the Other) the white man in different discursive practices
title “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
spellingShingle “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
Miranda, Camille Cardoso
title_short “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
title_full “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
title_fullStr “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
title_full_unstemmed “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
title_sort “Aukê/Aukeré era Mehin, que virou Cupen”: O olhar do indígena sobre (O outro) o homem branco em diferentes práticas discursivas
author Miranda, Camille Cardoso
author_facet Miranda, Camille Cardoso
Pessoa, Fátima Cristina
author_role author
author2 Pessoa, Fátima Cristina
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Miranda, Camille Cardoso
Pessoa, Fátima Cristina
description O contato entre os indígenas e os não indígenas (“brancos”) configura-se em uma relação não amistosa em quase todas as comunidades indígenas existentes no Brasil, o qual trouxe consequências devastadoras, e a figuração do indígena na história desse país foi/é retratada a partir de um olhar exterior e eurocêntrico, construindo uma imagem estereotipada sobre os povos indígenas que habitam este país. Em muitas mídias, o índio sempre foi/é descrito a partir do olhar do não indígena, porém, pouco se reflete sobre o olhar do indígena acerca deste Outro. O presente artigo tem como proposta fazer uma leitura, em perspectiva discursiva, sobre a visão que os indígenas têm sobre o homem branco, um ser que é totalmente estranho, designado como o Outro, o diferente. Para estabelecer essa reflexão, o trabalho tem por objeto as narrativas que explicam a origem e o contato com o homem branco para dois distintos povos: Timbira (Aukê/ Aukeré) e Ikpeng (“Pïrínop meu primeiro contato”). O estudo apoia-se principalmente no referencial teórico proposto por Michel Foucault e em suas contribuições sobre regularidade, formação discursiva, prática discursiva e relações de saber e de poder, buscando reconhecer e compreender, nas condições de exercício da função enunciativa que sustenta o acontecimento discursivo das narrativas indígenas sobre as relações interétnicas, as regularidades – bem como as singularidades – enunciativas que fundam práticas discursivas sobre as relações de alteridade. Portanto, espera-se que este trabalho possa reafirmar a importância das tradições culturais e das línguas indígenas existentes no Brasil, ao favorecer espaços de circulação de saberes desqualificados pela hierarquia dos saberes, mas cuja força de insurreição deve-se continuamente ampliar, sobretudo em um contexto histórico em que predomina a dominação colonialista sobre negros, indígenas, estrangeiros, etc.Palavras-chave: prática discursiva, alteridade, Timbira/Ikpeng, não indígenas.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-10-26
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2018.162.08
url https://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2018.162.08
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2018.162.08/60746453
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Unisinos
publisher.none.fl_str_mv Unisinos
dc.source.none.fl_str_mv Calidoscópio; Vol. 16 No. 2 (2018): May/August; 261-272
Calidoscópio; v. 16 n. 2 (2018): Maio/Agosto; 261-272
2177-6202
reponame:Calidoscópio (Online)
instname:Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
instacron:Unisinos
instname_str Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
instacron_str Unisinos
institution Unisinos
reponame_str Calidoscópio (Online)
collection Calidoscópio (Online)
repository.name.fl_str_mv Calidoscópio (Online) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
repository.mail.fl_str_mv cmira@unisinos.br || cmira@unisinos.br
_version_ 1792203887227174912