Barreiras de acesso à atenção ao aborto inseguro pelas mulheres negras: evidências do racismo institucional no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Goes, Emanuelle Freitas
Data de Publicação: 2018
Outros Autores: Menezes, Greice Maria de Souza, Aquino, Estela Maria Motta Lima Leão de, Araújo, Thália Velho Barreto de, Alves, Maria Teresa, Alves, Sandra Valongueiro, Almeida, Maria da Conceição Chagas de
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/38456
Resumo: Mulheres enfrentam dificuldades para ter acesso aos cuidados pós-aborto. Na hierarquização de prioridades para atendimento, operam mecanismos de discriminação que condenam mulheres em situação de abortamento. Negras e com menor status socioeconômico realizam mais abortos de forma insegura e necessitam de internação hospitalar para completar a interrupção da gravidez ou tratar complicações associadas. Identificar os fatores associados às barreiras institucionais no acesso aos serviços de saúde das mulheres com abortamento segundo raça/cor. Inquérito com 2.640 usuárias internadas em hospitais públicos de Salvador, Recife e São Luís. Analisou-se diferenças das co-variáveis segundo raça/cor (branca, parda e preta), sendo testadas quanto à significância estatística por meio do teste χ2 de Pearson (p-valor 0,05). Na análise de regressão considerou-se como categorias referentes: “raça/cor branca” e “sem barreiras”. Inicialmente foram incluídas aquelas que podem expressar critérios técnicos de prioridade no atendimento (tempo da gravidez quando ocorreu o aborto, condições de chegada), posteriormente as características sociodemográficas e por último, o tipo de aborto declarado. A maioria das mulheres era constituída de pardas (53,3%) e pretas (35,7%), mas estas últimas tinham menor escolaridade e declararam mais ter provocado o aborto (31,1%), o qual ocorreu com mais de 12 semanas (15,4%). As mulheres pretas enfrentaram mais dificuldades institucionais (27,7% vs 19,5% brancas e 18,7% pardas), tais como esperar para ser atendida e conseguir um leito. Na regressão logística, ter se declarado de cor preta manteve-se associada à dificuldade de internação (OR 1,6; IC95% 1,1 - 2,1) mesmo quando ajustada por co-variáveis que poderiam influir na hierarquização de prioridades. A associação entre ser de cor preta e barreiras institucionais permaneceu, mesmo após ajustes no modelo de regressão. O racismo institucional limita o acesso aos serviços de saúde e cuidados oportunos para mulheres pretas, atua como mecanismo performativo, legitimando e gerando condutas excludentes. Os resultados apontam a intersecção entre discriminação racial e estigma do aborto, naquilo que foi denominado de estigma interseccional
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Negras e com menor status socioeconômico realizam mais abortos de forma insegura e necessitam de internação hospitalar para completar a interrupção da gravidez ou tratar complicações associadas. Identificar os fatores associados às barreiras institucionais no acesso aos serviços de saúde das mulheres com abortamento segundo raça/cor. Inquérito com 2.640 usuárias internadas em hospitais públicos de Salvador, Recife e São Luís. Analisou-se diferenças das co-variáveis segundo raça/cor (branca, parda e preta), sendo testadas quanto à significância estatística por meio do teste χ2 de Pearson (p-valor 0,05). Na análise de regressão considerou-se como categorias referentes: “raça/cor branca” e “sem barreiras”. Inicialmente foram incluídas aquelas que podem expressar critérios técnicos de prioridade no atendimento (tempo da gravidez quando ocorreu o aborto, condições de chegada), posteriormente as características sociodemográficas e por último, o tipo de aborto declarado. A maioria das mulheres era constituída de pardas (53,3%) e pretas (35,7%), mas estas últimas tinham menor escolaridade e declararam mais ter provocado o aborto (31,1%), o qual ocorreu com mais de 12 semanas (15,4%). As mulheres pretas enfrentaram mais dificuldades institucionais (27,7% vs 19,5% brancas e 18,7% pardas), tais como esperar para ser atendida e conseguir um leito. Na regressão logística, ter se declarado de cor preta manteve-se associada à dificuldade de internação (OR 1,6; IC95% 1,1 - 2,1) mesmo quando ajustada por co-variáveis que poderiam influir na hierarquização de prioridades. A associação entre ser de cor preta e barreiras institucionais permaneceu, mesmo após ajustes no modelo de regressão. O racismo institucional limita o acesso aos serviços de saúde e cuidados oportunos para mulheres pretas, atua como mecanismo performativo, legitimando e gerando condutas excludentes. Os resultados apontam a intersecção entre discriminação racial e estigma do aborto, naquilo que foi denominado de estigma interseccionalUniversidade Federal da Bahia. Instituto de Saúde Coletiva. Salvador, BA, Brasil.Universidade Federal da Bahia. Instituto de Saúde Coletiva. Salvador, BA, Brasil.Universidade Federal da Bahia. Instituto de Saúde Coletiva. Salvador, BA, Brasil.Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil.Universidade Federal do Maranhão. São Luís, MA, Brasil.Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Gonçalo Moniz. 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