As perspectivas de um retrato da cultura organizacional de hospitais públicos brasileiros: uma tradução, uma bricolagem

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vaghetti, Helena Heidtmann
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FURG (RI FURG)
Texto Completo: http://repositorio.furg.br/handle/1/7642
Resumo: Os hospitais públicos brasileiros têm mostrado descompassos, percebidos no seu gerenciamento e nas questões relativas aos trabalhadores da saúde, que influenciam a produção e organização do trabalho e a assistência prestada nestes espaços. Esta problemática catalisou a presente investigação, na emergência do entendimento destes fenômenos pela cultura organizacional. Também encaminhou os objetivos desta pesquisa, no sentido de traduzir/interpretar os significados acerca de aspectos hospitalares encontrados em estudos empíricos, que continham a temática cultura organizacional de hospitais, e compor um retrato da cultura destes hospitais, na forma de bricolagem. A tese sustentada foi de que a configuração estrutural dos hospitais, as relações dos trabalhadores da saúde com o trabalho nestes locais e a interface de ambos com o modelo público de gestão da saúde são aspectos que evidenciam significados, emergentes da interpretação dos autores, sobre significados construídos e incorporados pelos trabalhadores acerca dos mesmos. A re-interpretação do conjunto destes significados leva à compreensão de traços da cultura organizacional de hospitais públicos brasileiros. O referencial teórico e metodológico esteve assentado na perspectiva subjetivista da antropologia simbólico/interpretativa/hermenêutica defendida por Geertz. Os aspectos hospitalares, capturados de três teses e sete dissertações produzidas nos diversos programas de pós-graduações brasileiros entre 2002 e 2006, constituíram três estruturas de significação: “A cultura de hospitais públicos brasileiros na dimensão organizacional”; “A cultura de hospitais públicos brasileiros na dimensão dos sujeitos no trabalho”; e “A cultura de hospitais públicos brasileiros na dimensão ambiental”. A re-interpretação dos significados apontou que o arranjo funcional dos hospitais, formado pela natureza pública, a burocracia e os desdobramentos destas, contorna um conjunto de significados que traduzem a cultura em que o público e a burocracia são ineficientes, dificultam as demandas hospitalares, aumentam as distâncias entre os sujeitos, acirram conflitos e são instrumentos de discriminação e disputas profissionais. Afora este, outros desenhos de gerenciamentos materiais e humanos ainda são efetivados pelos hospitais, a fim de responder às exigências do modelo público de gestão da saúde, que busca empresariá-los, para a efetiva operacionalização e consolidação do SUS. As tensões resultantes destas transações impactam os significados que os trabalhadores da saúde constroem acerca do seu trabalho e desta lógica gestora. Assim, eles instituem e propagam, através da cultura organizacional, meios criativos de sobrevivência intra-hospitalares e de contra-reações à ingerência do modelo público de gestão da saúde nos hospitais, que se reproduzem nas relações de vínculo, subsistência e oposição processadas nestes ambientes. A expressão material da percepção/tradução/interpretação da cultura organizacional de hospitais públicos brasileiros pode ser exposta através do símbolo-significante de um retrato bricolado. Neste, o cenário é composto pela questão do público e da burocracia, as figuras centrais são os trabalhadores da saúde, em relações com seu trabalho, e a moldura constitui-se no modelo público de gestão da saúde, que dirige e ordena a realidade hospitalar. Esta investigação pretendeu fortalecer o estudo da cultura organizacional na especificidade dos hospitais, e, com isto, participar do processo de construção do conhecimento da Enfermagem, fornecendo subsídios para condução deste retrato, onde, sabidamente, os enfermeiros ocupam lugar de destaque.
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spelling As perspectivas de um retrato da cultura organizacional de hospitais públicos brasileiros: uma tradução, uma bricolagemThe perspective organization culture portrait of brazilian public hospitals: a translation, a bricolageLas perspectivas de un retrato de la cultura organizacional en los hospitales públicos brasileños: una traducción, un bricolageHospitais públicosCultura organizacionalAdministração de recursos humanos em hospitaisRecursos humanos em hospitalRecursos humanos de enfermagem no hospitalAdministração em saúdeAdministração hospitalarPublic hospitalsOrganizational culturePersonnel administration hospitalPersonnel hospitalNursing staff hospitalHealth administrationHospital administrationHospitales públicosAdministración de personal en hospitalesPersonal de hospitalPersonal de enfermería en hospitalAdministración en saludAdministración hospitalariaOs hospitais públicos brasileiros têm mostrado descompassos, percebidos no seu gerenciamento e nas questões relativas aos trabalhadores da saúde, que influenciam a produção e organização do trabalho e a assistência prestada nestes espaços. Esta problemática catalisou a presente investigação, na emergência do entendimento destes fenômenos pela cultura organizacional. Também encaminhou os objetivos desta pesquisa, no sentido de traduzir/interpretar os significados acerca de aspectos hospitalares encontrados em estudos empíricos, que continham a temática cultura organizacional de hospitais, e compor um retrato da cultura destes hospitais, na forma de bricolagem. A tese sustentada foi de que a configuração estrutural dos hospitais, as relações dos trabalhadores da saúde com o trabalho nestes locais e a interface de ambos com o modelo público de gestão da saúde são aspectos que evidenciam significados, emergentes da interpretação dos autores, sobre significados construídos e incorporados pelos trabalhadores acerca dos mesmos. A re-interpretação do conjunto destes significados leva à compreensão de traços da cultura organizacional de hospitais públicos brasileiros. O referencial teórico e metodológico esteve assentado na perspectiva subjetivista da antropologia simbólico/interpretativa/hermenêutica defendida por Geertz. Os aspectos hospitalares, capturados de três teses e sete dissertações produzidas nos diversos programas de pós-graduações brasileiros entre 2002 e 2006, constituíram três estruturas de significação: “A cultura de hospitais públicos brasileiros na dimensão organizacional”; “A cultura de hospitais públicos brasileiros na dimensão dos sujeitos no trabalho”; e “A cultura de hospitais públicos brasileiros na dimensão ambiental”. A re-interpretação dos significados apontou que o arranjo funcional dos hospitais, formado pela natureza pública, a burocracia e os desdobramentos destas, contorna um conjunto de significados que traduzem a cultura em que o público e a burocracia são ineficientes, dificultam as demandas hospitalares, aumentam as distâncias entre os sujeitos, acirram conflitos e são instrumentos de discriminação e disputas profissionais. Afora este, outros desenhos de gerenciamentos materiais e humanos ainda são efetivados pelos hospitais, a fim de responder às exigências do modelo público de gestão da saúde, que busca empresariá-los, para a efetiva operacionalização e consolidação do SUS. As tensões resultantes destas transações impactam os significados que os trabalhadores da saúde constroem acerca do seu trabalho e desta lógica gestora. Assim, eles instituem e propagam, através da cultura organizacional, meios criativos de sobrevivência intra-hospitalares e de contra-reações à ingerência do modelo público de gestão da saúde nos hospitais, que se reproduzem nas relações de vínculo, subsistência e oposição processadas nestes ambientes. A expressão material da percepção/tradução/interpretação da cultura organizacional de hospitais públicos brasileiros pode ser exposta através do símbolo-significante de um retrato bricolado. Neste, o cenário é composto pela questão do público e da burocracia, as figuras centrais são os trabalhadores da saúde, em relações com seu trabalho, e a moldura constitui-se no modelo público de gestão da saúde, que dirige e ordena a realidade hospitalar. Esta investigação pretendeu fortalecer o estudo da cultura organizacional na especificidade dos hospitais, e, com isto, participar do processo de construção do conhecimento da Enfermagem, fornecendo subsídios para condução deste retrato, onde, sabidamente, os enfermeiros ocupam lugar de destaque.The public hospitals in Brazil have been showing a des-control, noticed in their administration and questions related to health workers, that influences the organization and production of work and the assistance given in this spaces. The catalysis problem of this present investigation, in the understanding emergency of this phenomenal by the organizational culture. Making the objectives of this study, in the direction of translating/interpreting the significant that surrounds the hospitals aspects encountered in this empirical study, that contains the organization culture theme of the hospitals, and compose a portrait of this hospitals culture, in the form of bricolage. The sustained theses is that the structural configuration of hospitals, as related to health workers that work in this locals and the interface of both public model of administration of health are aspects that are significant evidence, emergent of the authors interpretation, about the significant constructed and incorporated by workers surrounded by same. The re-interpretation of this significant links leads to the understanding of the characteristics of organizational culture of public hospitals in Brazil. The theoretical reference and methodology is placed in the subjectivity perspective of anthropology symbolic/interpretative/hermeneutical defended by Geertz. The hospitals aspects, captured in three theses and seven dissertation produced in diverse programs of Brazil courses of post-graduation between 2002 and 2006, constitute three significant structures: ´´The Brazilian public hospitals culture in organization dimension``; The culture of brazil public hospital in the dimension of workers at work and ´´ The Brazilian public hospitals culture in environmental organization``. The re-interpretation of the significant pointed out that the functional arrangements of hospitals, formed by public nature, the bureaucracy and the increase of this contains a link of significant that translate a culture in which the public and bureaucracy are inefficient, creates difficulty to hospitals demand, increases the distance between people, creates conflicts and they are instruments to discrimination and professional disputes. Apart from this, another portrait of administration materials and human are still not effected by the hospitals, in response to the exigency of public model of health administration, that search privatize them, to make them effective in operation and consolidation of SUS. The resultant tension of this transactions impact the significant of how the health workers construct as regards to their work and the logic of administration. In this manner, they institute and propagate, through the organizational culture, creative means of survival intrahospitals and the contra-reactions the interference of public model of administration of health in hospitals, that are produced as related to the link, subsistence and opposition processed in this environment. The material expression of perception/translation/interpretation of organizational culture of Brazil public hospitals can be exposed through the symbol-significant of a portrait of do it yourself. This situation is composed by public question and bureaucracy, the central figures are health workers, in relation to their work, this frame constitute the public model of administration of health, which run and give order in the hospital reality. This investigation pretends to make a strong case on the study of organizational culture in the specificity of hospitals, and , with this, participate in the process of knowledge construction in nursing, giving subsidies to the conduction of this portrait, where, knowing , that the nurses occupies a headline position.Los hospitales públicos brasileños han demostrado descompases que pueden ser percibidos en su administración y en las cuestiones relativas a los trabajadores del área de la salud, los cuales influyen en la producción y organización del trabajo, así como en la atención ofrecida en esos espacios. Esa problemática incentivó el desarrollo de la presente investigación, a partir de la comprensión de esos fenómenos por la cultura organizacional. También dirigió sus objetivos en el sentido de traducir/interpretar los significados acerca de aspectos hospitalarios encontrados en estudios empíricos que contienen el tema de la cultura organizacional de hospitales, además de permitir la elaboración de un retrato de la cultura de esos hospitales en la forma de bricolage. La tesis sustentada en este estudio es que la configuración estructural de los hospitales, asi como las relaciones de los trabajadores del área de la salud con el trabajo en esos lugares, y la interfaz de ambos con el modelo público de gestión de la salud son aspectos que manifiestan significados surgidos de la interpretación de los autores sobre los significados construidos e incorporados por los trabajadores acerca de los mismos. La interpretación del conjunto de esos significados conduce a la comprensión de aspectos de la cultura organizacional de los hospitales públicos brasileños. El marco teórico y metodológico de este estudio es basado en la perspectiva subjetivista de la antropología simbólica, interpretativa y hermenéutica defendida por Geertz. Los aspectos hospitalarios, extraidos de tres tesis y siete disertaciones hechas entre 2002 y 2006, en diversos programas de posgrado brasileños, constituyeron tres estructuras de significación: “La cultura de los hospitales públicos brasileños en la dimensión organizacional”; “La cultura de los hospitales públicos brasileños en la dimensión de los sujetos del trabajo”; y, “La cultura de los hospitales públicos brasileños en la dimensión ambiental”. La reinterpretación de los significados señaló que el orden funcional de los hospitales, formado por la naturaleza pública, la burocracia y los desdoblamientos que se producen a partir de ellas, producen un conjunto de significados que traducen la cultura en la cual lo público y la burocracia son ineficientes, dificultan las demandas hospitalarias, aumentan las distancias entre los sujetos, provocan conflictos y son instrumentos de discriminación y disputas profesionales. Además de ello, otros modelos de gerenciamiento materiales y humanos son realizados por los hospitales, con el objetivo de responder a las exigencias del modelo público de gestión de la salud, el cual busca convertir los hospitales en empresa, para la efectiva operacionalización y consolidación del SUS. Las tensiones resultantes de esas transacciones afectan los significados que los trabajadores de la salud construyen acerca de su trabajo y de esa lógica gestora. De esa forma, los trabajadores instituyen y propagan, a través de la cultura organizacional, medios creativos intrahospitalarios de supervivencia y de reacciones contra la intromisión del modelo público de gestión de la salud en los hospitales, los cuales se reproducen en las relaciones de vínculo, subsistencia y oposición producidas en esos ambientes. La expresión material de la percepción/traducción/interpretación de la cultura organizacional de los hospitales públicos brasileños puede ser expuesta a través del símbolo-significante de un cuadro bricolado. En esa imagen, el escenario es compuesto por la cuestión del público y de la burocracia, las figuras centrales son los trabajadores del área de la salud, en las relaciones con su trabajo, y el marco del cuadro lo constituye el modelo público de gestión de la salud que dirige y ordena la realidad hospitalaria. En la presente investigación se pretendió fortalecer el estudio de la cultura organizacional en la especificidad de los hospitales, y con ello, participar del proceso de construcción del conocimiento de la Enfermería, ofreciendo contribuciones para la conducción de ese cuadro, donde, como es sabido, los enfermeros ocupan un lugar destacado.Padilha, Maria Itayra Coelho de SouzaSilva, Rosimeri de Fátima Carvalho daVaghetti, Helena Heidtmann2018-05-08T16:42:50Z2018-05-08T16:42:50Z2008info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfVAGHETTI, Helena Heidtmann. As perspectivas de um retrato da cultura organizacional de hospitais públicos brasileiros: uma tradução, uma bricolagem. 2008. 241 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Enfermagem)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/91604/258703.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 10 maio 2015.http://repositorio.furg.br/handle/1/7642porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FURG (RI FURG)instname:Universidade Federal do Rio Grande (FURG)instacron:FURG2018-05-08T16:42:50Zoai:repositorio.furg.br:1/7642Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.furg.br/oai/request || http://200.19.254.174/oai/requestopendoar:2018-05-08T16:42:50Repositório Institucional da FURG (RI FURG) - Universidade Federal do Rio Grande (FURG)false
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