Um caso de diabetes de difícil controlo
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Data de Publicação: | 2019 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Relatório |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732019000500009 |
Resumo: | Introdução: A diabetes autoimune latente do adulto caracteriza-se pelo aparecimento de diabetes mellitus em indivíduos com menos de 50 anos, com quadro inicial de polifagia, polidipsia e/ou poliúria, IMC < 25kg/m² e história pessoal ou familiar de doenças autoimunes. Descrição do caso: Doente de 46 anos, sexo masculino, desempregado, com antecedentes pessoais de défice cognitivo, abuso de substâncias tóxicas e perturbações depressivas e de ansiedade. Como antecedente familiar refere que o pai foi diagnosticado com diabetes mellitus aos 40 anos. Nas suas relações familiares apresenta alguns conflitos com a irmã. Assintomático até outubro de 2012, quando recorre à consulta por cansaço, xerostomia, polifagia, polidipsia, poliúria e perda ponderal acentuada, com novo consumo abusivo de álcool, tabaco e comportamentos desadequados. Coloca-se a hipótese diagnóstica de diabetes mellitus inaugural, apresentando HbA1c 12% e glicemia em jejum 254mg/dL. Inicia terapêutica com metformina e nateglinida. Porém, mantém mau controlo da doença, com necessidade de escalada terapêutica sucessiva, até introdução de insulina dois meses após o diagnóstico. É referenciado à consulta de diabetologia e falta por diversas vezes às consultas de seguimento, até ao diagnóstico de diabetes autoimune latente do adulto (LADA) em fevereiro de 2015, quando apresenta anticorpos anti-GAD65 positivos. Por insuficiência económica extrema são várias as refeições que nesta altura não consegue cumprir e apresenta vários episódios de hipoglicemia e queixas de cansaço e irritabilidade, ainda que sem alteração do estado de consciência. Em janeiro de 2016 é internado por quadro de cetoacidose diabética. Desde então tem mais apoio social, sem novos episódios de hipoglicemia. Contudo, mantém níveis inadequados de HbA1c. Comentário: O caso clínico que se descreve mostra a influência das condições socioeconómicas, antecedentes pessoais e as relações familiares no tratamento de doenças crónicas como a LADA. Os hábitos alimentares desadequados, com refeições escassas e em períodos irregulares, além de má adesão aos cuidados de saúde e à terapêutica, condicionaram um controlo ineficaz da doença. Pretende-se com este caso salientar a importância de capacitar o doente pelo seu próprio tratamento e promover a participação ativa dos familiares mais próximos. Neste caso em particular, a relação conflituosa do doente com a irmã constituiu mais um elemento perturbador para o sucesso terapêutico. |
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