Política de tradução e internacionalização da língua portuguesa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gavinho, Cláudia Sofia Marques
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/51113
Resumo: A política de tradução é uma área relativamente nova que ainda não se encontra plenamente delimitada, tanto no campo dos Estudos de Tradução como no campo das Políticas Públicas. Com esta investigação pretendemos apresentar um contributo para a planificação de uma política de tradução inserida na política da língua portuguesa. O nosso objetivo é o de demonstrar como estas podem concorrer para a divulgação não só do português, mas também das línguas nativas dos países de língua oficial portuguesa ao promoverem normas e uma padronização linguística e, em última instância, favorecerem um processo de internacionalização das línguas e das culturas. Assim, traçamos um panorama linguístico destes países, observando a sua diversidade cultural e multilingue, onde várias línguas nativas convivem com a língua oficial em situações de plurilinguismo ou diglossia num cenário onde existem tensões linguísticas tanto a nível interno como externo. Seguindo uma abordagem descritiva, estabelecemos a diferença entre o número de habitantes destes países e o número real de falantes da língua portuguesa – uma diferenciação importante se tivermos em conta que nem todos os habitantes dos países da CPLP são falantes de língua portuguesa. Averiguamos como as línguas podem constituir um “capital linguístico” ao atribuir aos seus falantes um “poder simbólico” (Bourdieu) e como se encontram distribuídas num “modelo gravitacional” no qual uma língua “hipercentral” convive com outras “centrais” e “periféricas”, dependendo do grau de bilinguismo ou multilinguismo dos seus falantes (Calvet). Analisamos o potencial de comunicação das línguas tendo em conta os fenómenos de multilinguismo existentes nos países de língua oficial portuguesa para verificar que, o que poderia parecer uma incompatibilidade com o processo de tradução é, na realidade, uma vantagem em termos de valorização linguística – porquanto o número de falantes influencia a “prevalência” de uma língua, o número de multilingues influencia a sua “centralidade” (De Swaan). Ou seja, quantos mais multilingues houver, mais estes contribuem para uma cadeia de transmissão de conhecimento e cultura. Referimos ainda a importância do ensino bilingue na língua nativa (como reforço da identidade cultural) e na língua oficial (com veículo de conhecimento, comunicação e de prestígio internacional). Observamos as linhas gerais das políticas de língua internas e externas estabelecidas por países europeus que detinham colónias e disseminaram a sua língua e cultura em várias partes de mundo, assim como a ideia de “lusofonia”, baseada numa identidade cultural construída num cenário pós-colonial com o propósito político de criar uma unidade linguística e, em última instância, uma unidade administrativa. Questionamos a existência de uma política explícita de língua portuguesa e analisamos criticamente as medidas tomadas unilateralmente pelos países de língua oficial portuguesa e, multilateralmente, pela CPLP através do IILP, verificando um modus operandi descentralizado, desconcertado e difuso na promoção da língua portuguesa. Por fim, identificamos alguns eixos de intervenção na planificação de uma política da língua portuguesa onde a tradução surge como um dos seus instrumentos.
id RCAP_87c2b6a3b15c662723f296f84cc2554e
oai_identifier_str oai:run.unl.pt:10362/51113
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Política de tradução e internacionalização da língua portuguesaLíngua portuguesaTraduçãoPolítica de línguaPlanificação linguísticaPolítica de traduçãoMultilinguismoPós-colonialismoPortuguese languageLanguage policyLanguage planningTranslation policyMultilingualismPostcolonialismDomínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e LiteraturasA política de tradução é uma área relativamente nova que ainda não se encontra plenamente delimitada, tanto no campo dos Estudos de Tradução como no campo das Políticas Públicas. Com esta investigação pretendemos apresentar um contributo para a planificação de uma política de tradução inserida na política da língua portuguesa. O nosso objetivo é o de demonstrar como estas podem concorrer para a divulgação não só do português, mas também das línguas nativas dos países de língua oficial portuguesa ao promoverem normas e uma padronização linguística e, em última instância, favorecerem um processo de internacionalização das línguas e das culturas. Assim, traçamos um panorama linguístico destes países, observando a sua diversidade cultural e multilingue, onde várias línguas nativas convivem com a língua oficial em situações de plurilinguismo ou diglossia num cenário onde existem tensões linguísticas tanto a nível interno como externo. Seguindo uma abordagem descritiva, estabelecemos a diferença entre o número de habitantes destes países e o número real de falantes da língua portuguesa – uma diferenciação importante se tivermos em conta que nem todos os habitantes dos países da CPLP são falantes de língua portuguesa. Averiguamos como as línguas podem constituir um “capital linguístico” ao atribuir aos seus falantes um “poder simbólico” (Bourdieu) e como se encontram distribuídas num “modelo gravitacional” no qual uma língua “hipercentral” convive com outras “centrais” e “periféricas”, dependendo do grau de bilinguismo ou multilinguismo dos seus falantes (Calvet). Analisamos o potencial de comunicação das línguas tendo em conta os fenómenos de multilinguismo existentes nos países de língua oficial portuguesa para verificar que, o que poderia parecer uma incompatibilidade com o processo de tradução é, na realidade, uma vantagem em termos de valorização linguística – porquanto o número de falantes influencia a “prevalência” de uma língua, o número de multilingues influencia a sua “centralidade” (De Swaan). Ou seja, quantos mais multilingues houver, mais estes contribuem para uma cadeia de transmissão de conhecimento e cultura. Referimos ainda a importância do ensino bilingue na língua nativa (como reforço da identidade cultural) e na língua oficial (com veículo de conhecimento, comunicação e de prestígio internacional). Observamos as linhas gerais das políticas de língua internas e externas estabelecidas por países europeus que detinham colónias e disseminaram a sua língua e cultura em várias partes de mundo, assim como a ideia de “lusofonia”, baseada numa identidade cultural construída num cenário pós-colonial com o propósito político de criar uma unidade linguística e, em última instância, uma unidade administrativa. Questionamos a existência de uma política explícita de língua portuguesa e analisamos criticamente as medidas tomadas unilateralmente pelos países de língua oficial portuguesa e, multilateralmente, pela CPLP através do IILP, verificando um modus operandi descentralizado, desconcertado e difuso na promoção da língua portuguesa. Por fim, identificamos alguns eixos de intervenção na planificação de uma política da língua portuguesa onde a tradução surge como um dos seus instrumentos.Translation policy is a relatively new area that has not yet been fully defined in the fields of Translation Studies or Public Policies. It is intended that this research will contribute to the planning of a translation policy within a Portuguese language policy. How a translation policy can be accounted in the dissemination not only of Portuguese language but also of native languages from Portuguese speaking countries in terms of promoting norms, linguistic standardization and, ultimately, developing a process of internationalisation of languages and cultures. A linguistic panorama of these countries is therefore outlined by observing their cultural and multilingual diversity where many languages coexist with the official language in plurilingual or diglossic situations in an environment in which there are internal and external linguistic tensions. Following a descriptive approach, the difference between the number of residents in these countries and the real number of Portuguese speakers is established – a relevant differentiation if we consider that not all the residents of the CPLP (Community of Portuguese Language Countries) are speakers of Portuguese language. How languages can become “linguistic capital” and provide a “symbolic power” to its speakers (Bourdieu) is then focussed upon how they are distributed in a “gravitational model” in which a “hypercentral” language coexists with “central” and “peripheral” languages, depending on the degree of bilingualism and multilingualism of its speakers (Calvet). The communication potential of languages is analysed considering the multilingual phenomena that exist in Portuguese language countries to confirm multilingualism is not an incompatibility with the translation process, it is in fact an advantage in terms of linguistic strength – since the number of speakers influences the “prevalence” of a language and the number of multilinguals influences its “centrality” (De Swaan). In other words, the more multilingual individuals, the more they contribute to the transmission of knowledge and culture. The importance of bilingual education in the native language (as a reinforcement of cultural identity) and in the official language (as a means of knowledge, communication, and international prestige) is then examined. Internal and external language policies established by European countries that had colonies and disseminated their language and culture throughout the world are outlined, as well as the idea of “lusofonia” based on a cultural identity built in a postcolonial scenario with the political purpose of creating a linguistic unity and, ultimately, an administrative unity. The existence of an explicit Portuguese language policy is questioned, and the unilateral measures taken by the Portuguese language countries and the multilateral ones taken by the CPLP through the International Portuguese Language Institute (IILP) are critically analysed to confirm a decentralised, disconcerted, and diffuse modus operandi in terms of promotion of Portuguese language. Finally, some areas of action in the planning of a Portuguese language policy where translation appears as one of its instruments are identified.Sarmento, Cristina MontalvãoBernardo, Ana Maria GarciaRUNGavinho, Cláudia Sofia Marques2018-11-08T14:38:01Z2018-07-262017-12-302018-07-26T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/51113TID:201960540porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:25:38Zoai:run.unl.pt:10362/51113Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:32:25.261649Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Política de tradução e internacionalização da língua portuguesa
title Política de tradução e internacionalização da língua portuguesa
spellingShingle Política de tradução e internacionalização da língua portuguesa
Gavinho, Cláudia Sofia Marques
Língua portuguesa
Tradução
Política de língua
Planificação linguística
Política de tradução
Multilinguismo
Pós-colonialismo
Portuguese language
Language policy
Language planning
Translation policy
Multilingualism
Postcolonialism
Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas
title_short Política de tradução e internacionalização da língua portuguesa
title_full Política de tradução e internacionalização da língua portuguesa
title_fullStr Política de tradução e internacionalização da língua portuguesa
title_full_unstemmed Política de tradução e internacionalização da língua portuguesa
title_sort Política de tradução e internacionalização da língua portuguesa
author Gavinho, Cláudia Sofia Marques
author_facet Gavinho, Cláudia Sofia Marques
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Sarmento, Cristina Montalvão
Bernardo, Ana Maria Garcia
RUN
dc.contributor.author.fl_str_mv Gavinho, Cláudia Sofia Marques
dc.subject.por.fl_str_mv Língua portuguesa
Tradução
Política de língua
Planificação linguística
Política de tradução
Multilinguismo
Pós-colonialismo
Portuguese language
Language policy
Language planning
Translation policy
Multilingualism
Postcolonialism
Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas
topic Língua portuguesa
Tradução
Política de língua
Planificação linguística
Política de tradução
Multilinguismo
Pós-colonialismo
Portuguese language
Language policy
Language planning
Translation policy
Multilingualism
Postcolonialism
Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas
description A política de tradução é uma área relativamente nova que ainda não se encontra plenamente delimitada, tanto no campo dos Estudos de Tradução como no campo das Políticas Públicas. Com esta investigação pretendemos apresentar um contributo para a planificação de uma política de tradução inserida na política da língua portuguesa. O nosso objetivo é o de demonstrar como estas podem concorrer para a divulgação não só do português, mas também das línguas nativas dos países de língua oficial portuguesa ao promoverem normas e uma padronização linguística e, em última instância, favorecerem um processo de internacionalização das línguas e das culturas. Assim, traçamos um panorama linguístico destes países, observando a sua diversidade cultural e multilingue, onde várias línguas nativas convivem com a língua oficial em situações de plurilinguismo ou diglossia num cenário onde existem tensões linguísticas tanto a nível interno como externo. Seguindo uma abordagem descritiva, estabelecemos a diferença entre o número de habitantes destes países e o número real de falantes da língua portuguesa – uma diferenciação importante se tivermos em conta que nem todos os habitantes dos países da CPLP são falantes de língua portuguesa. Averiguamos como as línguas podem constituir um “capital linguístico” ao atribuir aos seus falantes um “poder simbólico” (Bourdieu) e como se encontram distribuídas num “modelo gravitacional” no qual uma língua “hipercentral” convive com outras “centrais” e “periféricas”, dependendo do grau de bilinguismo ou multilinguismo dos seus falantes (Calvet). Analisamos o potencial de comunicação das línguas tendo em conta os fenómenos de multilinguismo existentes nos países de língua oficial portuguesa para verificar que, o que poderia parecer uma incompatibilidade com o processo de tradução é, na realidade, uma vantagem em termos de valorização linguística – porquanto o número de falantes influencia a “prevalência” de uma língua, o número de multilingues influencia a sua “centralidade” (De Swaan). Ou seja, quantos mais multilingues houver, mais estes contribuem para uma cadeia de transmissão de conhecimento e cultura. Referimos ainda a importância do ensino bilingue na língua nativa (como reforço da identidade cultural) e na língua oficial (com veículo de conhecimento, comunicação e de prestígio internacional). Observamos as linhas gerais das políticas de língua internas e externas estabelecidas por países europeus que detinham colónias e disseminaram a sua língua e cultura em várias partes de mundo, assim como a ideia de “lusofonia”, baseada numa identidade cultural construída num cenário pós-colonial com o propósito político de criar uma unidade linguística e, em última instância, uma unidade administrativa. Questionamos a existência de uma política explícita de língua portuguesa e analisamos criticamente as medidas tomadas unilateralmente pelos países de língua oficial portuguesa e, multilateralmente, pela CPLP através do IILP, verificando um modus operandi descentralizado, desconcertado e difuso na promoção da língua portuguesa. Por fim, identificamos alguns eixos de intervenção na planificação de uma política da língua portuguesa onde a tradução surge como um dos seus instrumentos.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-12-30
2018-11-08T14:38:01Z
2018-07-26
2018-07-26T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10362/51113
TID:201960540
url http://hdl.handle.net/10362/51113
identifier_str_mv TID:201960540
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799137946370048000