Avaliação Transversal de Alguns Factores de Risco de Doença Cardiovascular numa População Pediátrica de Obesos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rego, Carla
Data de Publicação: 2014
Outros Autores: Sinde, Susana, Silva, Diana, Aguiar, Álvaro, Guerra, António
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25754/pjp.2002.5143
Resumo: Introdução: A obesidade é hoje considerada a doença nutricional pediátrica mais prevalente nos países desenvolvidos. O sobrepeso e a obesidade na infância e adolescência encontram-se fortemente relacionados com indicadores de doença cardiovascular durante a idade pediátrica, bem como com o risco de morbilidade e mortalidade na idade adulta. O índice de massa corporal (IMC) é considerado um indicador fiável de adiposidade, apresentando uma forte correlação com as complicações associadas à obesidade. É objectivo de presente trabalho avaliar factores de risco de doença cardiovascular numa população pediátrica de obesos. Material e Métodos: A população é constituída pela totalidade das crianças e adolescentes referenciados à Consulta Externa de Nutrição Pediátrica — Obesidade nos primeiros 12 meses de funcionamento (Maio de 1998 a Junho de 1999) (n=123). O protocolo de estudo inclui a caracterização do estado de nutrição, da composição corporal e do tipo de obesidade; a quantificação dos indicadores de sedentarismo e de actividade física; a avaliação da tensão arterial; a caracterização do perfil lipídico e a recolha da história familiar de obesidade e doença cardiovascular. Resultados: A idade cronológica média é de 9,5 ± 3,2 anos (3,2 - 16,7) e o tempo médio de instalação da doença é de 5,8 ± 2,8 anos (1,1 - 14,2). A totalidade da população apresenta valores para o índice de massa corporal (IMC) acima do percentil 95. A obesidade androide é observada em 51,4% dos casos, encontrando-se associada a valores mais baixos do colesterol das HDL (col-HDL). A obesidade generalizada regista-se em 47,6% dos casos, mostrando uma correlação positiva com a idade cronológica (p<0,05). Elevados indicadores de sedentarismo e baixos índices de actividade física são observados para a totalidade da amostra, com agravamento significativo dos indicadores de inactividade para a adolescente feminina (p<0,05). O perfil lipídico apresenta valores dentro do intervalo de normalidade para a idade (colesterol total (CT) = 165,8 ± 30,9 mg/dl; col-HDL = 47,2 ± 11,8 mg/dl; col-LDL = 96,9 ± 27,5 mg/dl; Apolipoproteina Al = 139,1 ± 26,6 mg/dl; Apolipoproteina B = 84,5 ± 20,4 mg/dl). Regista-se uma correlação positiva entre a tensão arterial sistólica (TAS) e algumas variáveis, nomeadamente o peso (p<0,01), o IMC (p<0,001), o CT (p<0,05), o col-HDL (p<0,05), a ApoB (p<0,05), a relação col LDL/ col-HDL (p<0,05) e a duração da obesidade (p<0,05). A actividade física apresenta uma correlação negativa com o IMC (p<0,05), não apresentando qualquer correlação com o perfil lipídico e a tensão arterial (TA). Não se regista qualquer associação entre história familiar de DCV e obesidade, e o perfil lipídico e a TA. Conclusões: Observam-se elevados indicadores de sedentarismo e baixos índices de actividade física nesta população de obesos, registando-se uma associação entre estes indicadores, e os indicadores de adiposidade da população e o score de obesidade familiar. Em idade pediátrica, a magnitude e tipo de obesidade não se encontram associados a alterações evidentes do perfil lipídico. A elevação da tensão arterial é a associação mais evidente entre obesidade e factores de risco cardiovascular, ocorrendo dislipidemia mais tardiamente, provavelmente na dependência da maior idade cronológica e/ou duração da doença.
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