Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: CALISTO, Daniela Cristina Portugal
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/19842
Resumo: A malária é uma doença infecciosa causada por um protozoário do género Plasmodium. A sua transmissão ao homem é efectuada sobretudo pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, podendo ser também transmitida por via transfusional e congénita. Tendo em conta as zonas endémicas de malária, 3,2 mil milhões de pessoas estão em risco de infecção, sendo a África Subsariana a região mais afectada. No entanto, com o aumento das viagens internacionais, nomeadamente para países tropicais, aumenta o risco de importação de malária para zonas não endémicas, pelo que esta doença deve continuar a ser vigiada cuidadosamente. O desenvolvimento de imunidade protectora é um processo complexo e moroso, sendo necessárias repetidas exposições ao parasita.Uma vez adquirida, essa imunidade pode ser perdida se o indivíduo permanecer durante algum tempo fora de zona endémica de malária. No entanto, não é claro o período de persistência dos anticorpos no sangue, quando o sistema imune do indivíduo deixa de ser estimulado pelo contacto com o parasita. Em estudos anteriores, foram verificados anticorpos anti-Plasmodium spp. em indivíduos cujas estadias em zona endémica de malária ocorreram 10 ou mais anos antes da sua participação no estudo. Assim, o objectivo geral deste trabalho é investigar a natureza biológica das imunoglobulinas (subclasses e tempo de persistência na circulação sanguínea) e identificar as proteínas parasitárias responsáveis pela sua estimulação, em indivíduos com estadia prévia em zona endémica. De acordo com o resultado serológico por ensaios imunoenzimáticos (ELISA) distinguiram-se duas populações: com (n=76) e sem (n=242) reactividade serológica para Plasmodium spp. Os resultados serológicos obtidos foram relacionados com as características socio-demográficas, história de malária e número de estadias/viagens a zona endémica, não se tendo encontrado diferenças estatisticamente significativas. Nos indivíduos com resultado serológico positivo para Plasmodium spp. (n=76) procedeu-se à caracterização das subclasses de imunoglobulinas, IgM (n=11) e IgG (n=51) anti-P. falciparum. Com base nos resultados de PCR, realizados para identificar infecções em indivíduos com teste serológico positivo para Plasmodium spp. (n=76), dois grupos surgiram: i) grupo com infecção actual (n=8) e ii) grupo com infecção ocorrida no passado (n=68). As amostras com reactividade serológica para anticorpos anti-P. falciparum foram analisadas por Western Blot, a fim de se identificarem os antigénios responsáveis pela reactividade serológica dos anticorpos. As proteínas identificadas encontram-se aproximadamente entre o peso molecular de 30 – 60 e 70 – 100 kDa. A análise dos perfis proteicos demonstrou maior reactividade no grupo de infecção actual do que no grupo de infecção ocorrida no passado. Não obstante, o grupo de participantes com infecção actual apresenta um perfil proteico semelhante entre si, xii enquanto que no grupo de infecção ocorrida no passado este perfil é heterogéneo entre os indivíduos. Este trabalho poderá ser o ponto de partida para estudos futuros que visem compreender a longevidade dos anticorpos anti-Plasmodium spp., o seu mecanismo de imunopatogénese da resposta imune humoral e/ou a identificação de proteínas como novos alvos para vacinas contra a malária.
id RCAP_f200c6d45c1d1f9f2643fb38c62cd26d
oai_identifier_str oai:run.unl.pt:10362/19842
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémicaMaláriaPlasmodium falciparumAnticorpos anti-Plasmodium sppViagensELISAWestern BlotViajantesDomínio/Área Científica::Ciências MédicasA malária é uma doença infecciosa causada por um protozoário do género Plasmodium. A sua transmissão ao homem é efectuada sobretudo pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, podendo ser também transmitida por via transfusional e congénita. Tendo em conta as zonas endémicas de malária, 3,2 mil milhões de pessoas estão em risco de infecção, sendo a África Subsariana a região mais afectada. No entanto, com o aumento das viagens internacionais, nomeadamente para países tropicais, aumenta o risco de importação de malária para zonas não endémicas, pelo que esta doença deve continuar a ser vigiada cuidadosamente. O desenvolvimento de imunidade protectora é um processo complexo e moroso, sendo necessárias repetidas exposições ao parasita.Uma vez adquirida, essa imunidade pode ser perdida se o indivíduo permanecer durante algum tempo fora de zona endémica de malária. No entanto, não é claro o período de persistência dos anticorpos no sangue, quando o sistema imune do indivíduo deixa de ser estimulado pelo contacto com o parasita. Em estudos anteriores, foram verificados anticorpos anti-Plasmodium spp. em indivíduos cujas estadias em zona endémica de malária ocorreram 10 ou mais anos antes da sua participação no estudo. Assim, o objectivo geral deste trabalho é investigar a natureza biológica das imunoglobulinas (subclasses e tempo de persistência na circulação sanguínea) e identificar as proteínas parasitárias responsáveis pela sua estimulação, em indivíduos com estadia prévia em zona endémica. De acordo com o resultado serológico por ensaios imunoenzimáticos (ELISA) distinguiram-se duas populações: com (n=76) e sem (n=242) reactividade serológica para Plasmodium spp. Os resultados serológicos obtidos foram relacionados com as características socio-demográficas, história de malária e número de estadias/viagens a zona endémica, não se tendo encontrado diferenças estatisticamente significativas. Nos indivíduos com resultado serológico positivo para Plasmodium spp. (n=76) procedeu-se à caracterização das subclasses de imunoglobulinas, IgM (n=11) e IgG (n=51) anti-P. falciparum. Com base nos resultados de PCR, realizados para identificar infecções em indivíduos com teste serológico positivo para Plasmodium spp. (n=76), dois grupos surgiram: i) grupo com infecção actual (n=8) e ii) grupo com infecção ocorrida no passado (n=68). As amostras com reactividade serológica para anticorpos anti-P. falciparum foram analisadas por Western Blot, a fim de se identificarem os antigénios responsáveis pela reactividade serológica dos anticorpos. As proteínas identificadas encontram-se aproximadamente entre o peso molecular de 30 – 60 e 70 – 100 kDa. A análise dos perfis proteicos demonstrou maior reactividade no grupo de infecção actual do que no grupo de infecção ocorrida no passado. Não obstante, o grupo de participantes com infecção actual apresenta um perfil proteico semelhante entre si, xii enquanto que no grupo de infecção ocorrida no passado este perfil é heterogéneo entre os indivíduos. Este trabalho poderá ser o ponto de partida para estudos futuros que visem compreender a longevidade dos anticorpos anti-Plasmodium spp., o seu mecanismo de imunopatogénese da resposta imune humoral e/ou a identificação de proteínas como novos alvos para vacinas contra a malária.Malaria is an infectious disease caused by a protozoa of the genus Plasmodium. Its transmission to humans is mainly due to the bite of the female Anopheles mosquito, although it can also be transmitted by blood transfusion and congenital transmission. In the totality of regions where malaria is endemic, there are 3.2 billion people at risk of contracting malaria, being the sub-Saharan Africa the most affected region. However, with the increase of international travelling, in particular to tropical countries, there is an ease of malaria importation from non-endemic areas, making it important to maintain this disease cautiously monitored. The development of protective immunity is a complex and time-consuming process, requiring repeated exposure to the parasite. Acquired immunity can be lost if the individual remains some time away from an endemic area of malaria. However, the time of antibody persistence in the subjects’ bloodstream is not clear, especially when the individual is no longer stimulated by repeated contact with the parasite. In previous studies, Plasmodium spp. antibodies were found to be present in the blood of subjects who had stayed in an endemic malaria zone and had returned for more than 10 years. Thus, the general objective of this work was to investigate the biological nature of immunoglobulins (subclass and persistence time in the bloodstream) and identify parasitic proteins responsible for stimulation of these immunoglobulins in patients who have had previous stays in an endemic area. Through enzyme immunoassays (ELISA) two populations were distinguished: with (n=76) and without (n=242) serological reactivity to Plasmodium spp.. The participants were studied regarding to their socio-demographic characteristics, malaria history, number of stays/travel to an endemic area of malaria and cross matched with their serological results. No statistically significant difference was found. P. falciparum immunoglobulins subclasses in individuals with a positive Plasmodium spp. serological result (n=76) were characterized regarding the antibodies IgM (n=11) and IgG (n= 51). Based on PCR results, done to identify infection at the time of the study in individuals with a positive Plasmodium spp. serological result (n=76), two groups emerged: i) group with current infection (n=8) and ii) group with a past infection (n=68). Anti-P. falciparum serologically positive samples were analyzed by Western Blot in order to identify the antigens responsible for antibody reactivity. The spectral analysis showed a higher reactivity for the group with a current infection. In the group of participants with past infection a diverse protein profile was obtained, whereas in the group with current infection the identified proteins are equally distributed among individuals. Overall, the molecular weight obtained range from 30 – 60 and 70 – 100 kDa. This study can be the starting point for further studies aiming to understand the longevity of anti-Plasmodium spp. antibodies, the immunopathogenesis mechanism of the humoral immune response to malaria infection and/or the identification of different proteins as a new target for a malaria vaccine.Instituto de Higiene e Medicina TropicalTEODÓSIO, RosaSILVA, Marcelo SousaRUNCALISTO, Daniela Cristina Portugal2017-01-19T12:36:16Z2015-0720152015-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/19842TID:201129205porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:02:10Zoai:run.unl.pt:10362/19842Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:25:44.542199Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica
title Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica
spellingShingle Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica
CALISTO, Daniela Cristina Portugal
Malária
Plasmodium falciparum
Anticorpos anti-Plasmodium spp
Viagens
ELISA
Western Blot
Viajantes
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
title_short Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica
title_full Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica
title_fullStr Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica
title_full_unstemmed Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica
title_sort Imunidade em Malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica
author CALISTO, Daniela Cristina Portugal
author_facet CALISTO, Daniela Cristina Portugal
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv TEODÓSIO, Rosa
SILVA, Marcelo Sousa
RUN
dc.contributor.author.fl_str_mv CALISTO, Daniela Cristina Portugal
dc.subject.por.fl_str_mv Malária
Plasmodium falciparum
Anticorpos anti-Plasmodium spp
Viagens
ELISA
Western Blot
Viajantes
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
topic Malária
Plasmodium falciparum
Anticorpos anti-Plasmodium spp
Viagens
ELISA
Western Blot
Viajantes
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
description A malária é uma doença infecciosa causada por um protozoário do género Plasmodium. A sua transmissão ao homem é efectuada sobretudo pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, podendo ser também transmitida por via transfusional e congénita. Tendo em conta as zonas endémicas de malária, 3,2 mil milhões de pessoas estão em risco de infecção, sendo a África Subsariana a região mais afectada. No entanto, com o aumento das viagens internacionais, nomeadamente para países tropicais, aumenta o risco de importação de malária para zonas não endémicas, pelo que esta doença deve continuar a ser vigiada cuidadosamente. O desenvolvimento de imunidade protectora é um processo complexo e moroso, sendo necessárias repetidas exposições ao parasita.Uma vez adquirida, essa imunidade pode ser perdida se o indivíduo permanecer durante algum tempo fora de zona endémica de malária. No entanto, não é claro o período de persistência dos anticorpos no sangue, quando o sistema imune do indivíduo deixa de ser estimulado pelo contacto com o parasita. Em estudos anteriores, foram verificados anticorpos anti-Plasmodium spp. em indivíduos cujas estadias em zona endémica de malária ocorreram 10 ou mais anos antes da sua participação no estudo. Assim, o objectivo geral deste trabalho é investigar a natureza biológica das imunoglobulinas (subclasses e tempo de persistência na circulação sanguínea) e identificar as proteínas parasitárias responsáveis pela sua estimulação, em indivíduos com estadia prévia em zona endémica. De acordo com o resultado serológico por ensaios imunoenzimáticos (ELISA) distinguiram-se duas populações: com (n=76) e sem (n=242) reactividade serológica para Plasmodium spp. Os resultados serológicos obtidos foram relacionados com as características socio-demográficas, história de malária e número de estadias/viagens a zona endémica, não se tendo encontrado diferenças estatisticamente significativas. Nos indivíduos com resultado serológico positivo para Plasmodium spp. (n=76) procedeu-se à caracterização das subclasses de imunoglobulinas, IgM (n=11) e IgG (n=51) anti-P. falciparum. Com base nos resultados de PCR, realizados para identificar infecções em indivíduos com teste serológico positivo para Plasmodium spp. (n=76), dois grupos surgiram: i) grupo com infecção actual (n=8) e ii) grupo com infecção ocorrida no passado (n=68). As amostras com reactividade serológica para anticorpos anti-P. falciparum foram analisadas por Western Blot, a fim de se identificarem os antigénios responsáveis pela reactividade serológica dos anticorpos. As proteínas identificadas encontram-se aproximadamente entre o peso molecular de 30 – 60 e 70 – 100 kDa. A análise dos perfis proteicos demonstrou maior reactividade no grupo de infecção actual do que no grupo de infecção ocorrida no passado. Não obstante, o grupo de participantes com infecção actual apresenta um perfil proteico semelhante entre si, xii enquanto que no grupo de infecção ocorrida no passado este perfil é heterogéneo entre os indivíduos. Este trabalho poderá ser o ponto de partida para estudos futuros que visem compreender a longevidade dos anticorpos anti-Plasmodium spp., o seu mecanismo de imunopatogénese da resposta imune humoral e/ou a identificação de proteínas como novos alvos para vacinas contra a malária.
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015-07
2015
2015-07-01T00:00:00Z
2017-01-19T12:36:16Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10362/19842
TID:201129205
url http://hdl.handle.net/10362/19842
identifier_str_mv TID:201129205
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Instituto de Higiene e Medicina Tropical
publisher.none.fl_str_mv Instituto de Higiene e Medicina Tropical
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799137888687882240