CULTURAS ORIGINÁRIAS E TURISMO: UMA EXPERIÊNCIA DE TURISMO COMUNITÁRIO NO MUNDO MAPUCHE, TRALCAO, SUL DO CHILE
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Outros Autores: | , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Brasileira de Ecoturismo |
Texto Completo: | https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/5930 |
Resumo: | A revitalização de espaços e elementos simbólicos, conjuntamente a governança de territórios habitados é uma prioridade dos povos originários da America Latina, diante de uma historia de repressão cultural. Estes, por sua vez, tentam conservar elementos tangíveis e intangíveis próprios de sua cultura. Contudo, esse esforço não é tarefa fácil quando há o predomínio da cultura ocidental, pretensiosamente homogênea, com traços urbanos e materialistas. No caso do Chile, a reivindicação de povos originários, e especificamente dos Mapuches, não é diferente desse quadro apontado, pois nem sempre suas demandas têm encontrado uma boa acolhida na sociedade chilena. Os Mapuches se encontram em uma situação de precariedade, são discursivamente descontextualizados e desterritorializados. A problemática esta dada pelas disputas e imposições sobre uso e acessos a recursos naturais, neste caso, a qualidade da água, o que altera e condiciona a cotidianidade da comunidade indígena. Neste contexto o presente trabalho objetiva dar conta de uma experiência na qual se procurou avançar na criação de instancias que promovem a identificação e priorização das demandas da comunidade de Tralcao, assim como também propor a possibilidade de gerar novas formas de conhecimento inter e em direção à transdisciplina para respondê-las e se valer de uma proposta de turismo de base comunitária. Metodologicamente, trabalhou-se com pesquisa-ação participante. Realizou-se um transecto com 12 estudantes do ensino meio (2 homens e 10 mulheres) que participam do Projeto Pré-Honra de Ecolíderes (ensino médio) e 16 universitários (8 homens e 8 mulheres) que compõem o Programa de Honra em Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano Sustentável, no âmbito do curso Filosofias do Desenvolvimento, ambos oferecidos pela Universidade Austral do Chile, e mais 10 membros da comunidade indígena de Tralcao (3 homens e 7 mulheres). O transecto baseia-se na coleta de dados ao longo de uma caminhada de reconhecimento do território mediante observações sistemáticas sobre modos de vida e biodiversidade. A experiência aqui relatada inspira-se na perspectiva do turismo de base comunitária (TBC) desenvolvida na localidade de Tralcao, situada geograficamente em parte no Santuário da Natureza Carlos Andwnter e na Bacia Hidrográfica do Rio Valdivia, região dos Rios, Sul do Chile. O eixo articulador do TBC na comunidade se sustenta na hospitalidade e cotidianidade indígena, na qual se deseja conservar modos de vida das comunidades tradicionais e preservar a biodiversidade do entorno, construindo de maneira solidaria propostas de turismo como alternativa para resgatar, difundir e conservar o mundo mapuche. O caso de Tralcao ilustra como atividades socioprodutivas da comunidade Mapuche, tradicionais ou não, impactam socioambientalmente, sobretudo a partir das paisagens que circundam a bacia hidrográfica, e como esta relação pode servir didaticamente para um projeto de educação para o desenvolvimento territorial sustentável, traduzido numa proposta de turismo de base comunitário, no qual tem como principal atrativo a cosmovisão mapuche. |
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