da exclusão a um modelo identitário de inclusão: a deficiência como paradigma biopolítico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online) |
Texto Completo: | https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/23015 |
Resumo: | O deficiente tem sido objeto de exclusão no ambiente escolar. Historicamente, os argumentos utilizados para tal seriam os de que escaparia aos propósitos disciplinares da escola e, ao ser classificado como anormal, deveria ser destinado ao governo de outra instituição que, se não o corrigisse, o privaria da vida social. Recentemente, no caso do Brasil e de outros países, tais argumentos sofreram um deslocamento no sentido de buscar a inclusão do deficiente aos dispositivos e às instituições que os preparam para o exercício de uma função social e para o mercado. Nesse cenário atual, a categoria foucaultiana de biopolítica tem sido utilizada pela literatura acadêmica para elaborar um diagnóstico do papel ocupado pela deficiência tanto para problematizar as chamadas políticas de inclusão quanto para apresentar alternativas para o acolhimento dessa diferença ética em instituições como a escola. Desse ponto de vista, este artigo parte da constatação da necessidade de aprimorar a referida categoria, constitutiva de um diagnóstico mais amplo do presente e elaborada entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 1980, recorrendo a outras publicações mais recentes do campo de estudos foucaultianos, para tornar seu uso um pouco mais preciso e para melhor focalizar o lugar ocupado pela deficiência no cenário biopolítico atual. Para tanto, recorremos aos estudos de Robert Castel, Paul Rabinow e Francisco Ortega para reelaborar o uso dessa categoria e atualizá-la em vistas a atender as demandas das formas de governamentalidade e das tecnologias de biopoder emergentes com as políticas de inclusão e, especificamente, a compreender a conversão da deficiência como modelo jurídico e administrativo em paradigma biopolítico. Interessa-nos, ao reconstruir esse percurso e diagnóstico, mostrar o quanto as políticas de inclusão do deficiente, por um lado, atendem as demandas de uma racionalidade econômica implementada no neoliberalismo e, por outro, na medida em que os seus modos éticos de existência também escapam ao excessivo controle eficiente da vida, o quanto geram focos de experiência e de resistência à essa atual configuração da biopolítica, criando outros modos de subjetivação. |
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da exclusão a um modelo identitário de inclusão: a deficiência como paradigma biopolíticosince the exclusion to an identity model of inclusion: the deficiency as biopolitical paradigmde la exclusión hasta un modelo identitario de inclusión: la discapacidad como un paradigma biopolíticobiopolíticainclusãodeficiênciaresistência.O deficiente tem sido objeto de exclusão no ambiente escolar. Historicamente, os argumentos utilizados para tal seriam os de que escaparia aos propósitos disciplinares da escola e, ao ser classificado como anormal, deveria ser destinado ao governo de outra instituição que, se não o corrigisse, o privaria da vida social. Recentemente, no caso do Brasil e de outros países, tais argumentos sofreram um deslocamento no sentido de buscar a inclusão do deficiente aos dispositivos e às instituições que os preparam para o exercício de uma função social e para o mercado. Nesse cenário atual, a categoria foucaultiana de biopolítica tem sido utilizada pela literatura acadêmica para elaborar um diagnóstico do papel ocupado pela deficiência tanto para problematizar as chamadas políticas de inclusão quanto para apresentar alternativas para o acolhimento dessa diferença ética em instituições como a escola. Desse ponto de vista, este artigo parte da constatação da necessidade de aprimorar a referida categoria, constitutiva de um diagnóstico mais amplo do presente e elaborada entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 1980, recorrendo a outras publicações mais recentes do campo de estudos foucaultianos, para tornar seu uso um pouco mais preciso e para melhor focalizar o lugar ocupado pela deficiência no cenário biopolítico atual. Para tanto, recorremos aos estudos de Robert Castel, Paul Rabinow e Francisco Ortega para reelaborar o uso dessa categoria e atualizá-la em vistas a atender as demandas das formas de governamentalidade e das tecnologias de biopoder emergentes com as políticas de inclusão e, especificamente, a compreender a conversão da deficiência como modelo jurídico e administrativo em paradigma biopolítico. Interessa-nos, ao reconstruir esse percurso e diagnóstico, mostrar o quanto as políticas de inclusão do deficiente, por um lado, atendem as demandas de uma racionalidade econômica implementada no neoliberalismo e, por outro, na medida em que os seus modos éticos de existência também escapam ao excessivo controle eficiente da vida, o quanto geram focos de experiência e de resistência à essa atual configuração da biopolítica, criando outros modos de subjetivação.The disabled has been the subject of exclusion in the school environment. Historically, the arguments used for this would be that escape to disciplinary purposes and school, to be classified as abnormal, should be aimed at another government institution which, if not corrected, would deprive the social life. Recently, in the case of Brazil and other countries, these arguments were offset in the sense of seeking the inclusion of people with disabilities to devices and institutions that prepare for a social function and to the market. In this scenario, the category foucaultdan of biopolitics has been used by academic literature to develop a diagnostic of the role occupied by the disabilities both to discuss the so-called inclusion policies as to present alternatives to the admission of this difference in ethics institutions such as school. From this point of view, this article part of the realization of the need to improve this category, a wider diagnosis constitutive of this drawn-out between the late 1970 and the mid-1980, using other latest publications of the field foucauldians studies, to make their use a little more precise and to better focus on the place occupied by the deficiency in the current scenario biopolitics. To this end, we resorted to the studies of Robert Castel, Paul Rabinow and Francisco Ortega to re-shape the use in this category and update it in order to meet the demands of work and forms of biopower technologies emerging with inclusion policies and, specifically, to understand the conversion of disabilities as legal and administrative model in a biopolitics paradigm. We are interested in, to rebuild this course and diagnosis, show how the policies of inclusion of people with disabilities, on the one hand, meet the demands of an economic rationality implemented in neo-liberalism and, on the other, to the extent that their ethical modes of existence also are beyond the effective control of excessive life, how generate sources of experience and of resistance to this current configuration of biopolitics by creating other modes of subjectivation.Las personas con discapacidad han sido objeto de exclusión en el ambiente escolar. Históricamente, los argumentos utilizados para esto sería huir a los propósitos disciplinares y escuela, para ser clasificado como anormal, debe encaminarse a otra institución de gobierno que, si no le corrige, le privaría a la vida social. Recientemente, en el caso de Brasil y otros países, tales argumentos fueron desplazados en el sentido de buscar la inclusión de personas con discapacidad a los dispositivos y las instituciones que preparan para una función social y el mercado. En este escenario, la categoría foucaultiana de biopolítica ha sido utilizada por la literatura académica para desarrollar un diagnóstico de la función de la discapacidad tanto para discutir las dichas políticas de inclusión como para presentar alternativas a la admisión de esta diferencia ética en las instituciones como la escuela. Desde este punto de vista, este artículo tiene como punto de partida a la necesidad de perfeccionar esta categoría, planteada en un diagnóstico más amplio del tiempo presente y construida teóricamente entre finales de los años 1970 y los inicios de 1980, con otras publicaciones más recientes de los estudios del campo foucaultiano, que hacen su uso un poco más preciso y se centran más en el lugar ocupado por la deficiencia en el actual escenario de la biopolítica. Para ello, hemos recurrido a los estudios de Robert Castel, Paul Rabinow y Francisco Ortega para dar nueva forma a la utilización de esta categoría y actualizarla con el fin de satisfacer las demandas de trabajo y formas de biopoder tecnologías emergentes con las políticas de inclusión y, en concreto, para entender la conversión de la discapacidad como modelo judicial y administrativo en un paradigma de la biopolítica. Nos interesa, para reconstruir este curso y diagnóstico, mostrar cómo las políticas de inclusión de personas con discapacidad, por un lado, responden a las exigencias de una racionalidad económica implementada en el neoliberalismo y, por otra parte, en la medida en que sus modos éticos de existencia también están fuera del control efectivo de la vida excesiva, producen fuentes de experiencia y de resistencia a esta configuración actual de la biopolítica mediante la creación de otros modos de subjetivación.Universidade do Estado do Rio de Janeiro2017-01-09info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/2301510.12957/childphilo.2017.23015childhood & philosophy; Vol. 13 Núm. 26 (2017): ene./abr.; 167-188childhood & philosophy; v. 13 n. 26 (2017): jan./abr.; 167-188childhood & philosophy; Vol. 13 No. 26 (2017): jan./apr.; 167-1881984-5987reponame:Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. 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