De Como Morrer Popular e Ressuscitar Erudito: A Aporia entre a escrita e a oralidade na Obra de Luís da Câmara Cascudo.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Giuseppe Roncalli Ponce Leon de.
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/36473
Resumo: Câmara Cascudo acreditava ser este o povo nordestino, o qual alimentava a sua curiosidade sobre o mito, a superstição, o costume exótico incomum, mas natural. Pessoas que vivessem a referenciar tanto a morte, quanto o morto, numa mística de exacerbação aos símbolos míticos, folclóricos e tradicionais. Enfim, tudo que se relacionava com a etnografia norte rio grandense. Acreditava ainda que, posteriormente, outros intelectuais dariam valor aos registros feitos numa atmosfera de tolerância, mas de visível descaso (CASCUDO, 1941, 8). Na concepção de Câmara Cascudo, a cultura popular seria o saldo da sabedoria oral na memória coletiva, no entanto, seria difícil fixar suas distinções específicas, pois ambas exigem a retenção memorial. Atendem a experiência, têm bases universais e há um instinto de conservação para manter o patrimônio sem modificações sensíveis, uma vez assimilados. Acreditava ainda, não ser mais possível realizar estudos de maneira a separar a “‘cultura’ do ‘popular’”, uma vez que o Popular alcança os valimentos da curiosidade no plano da explicação originária sobre o Culto, o qual se coloca como heterogêneo e mutável. Essas investigações estavam nobilitando o Popular, as quais nunca concederam doutoramento aos seus estudiosos fieis. Marcos Silva (2003), nos mostra que através desses e de outros estudos, foram configuradas dimensões de sociabilidade do homem comum brasileiro, visíveis no cotidiano de alimentação, moradia e vestuário, nos rituais de nascimento e morte, nas identidades de gênero e faixa etária, em oralidade, gestos, lembranças, comemorações e tantas outras faces da condição humana. A retomada da discussão da obra de Câmara Cascudo no contexto atual é beneficiada por um vasto universo teórico metodológico das ciências sociais; que se redefiniu em diferentes rumos, em questões como cultura popular, multiplicidade de experiências e fazeres humanos. Do riso popular em Bakhtin, passando pelo pensamento selvagem em Lévi-Strauss, às análises de Carlo Ginzburg sobre a circularidade das culturas; aos debates da história vista de baixo, tão caros a Edward Thompson, discutindo a “economia moral da multidão”; como também a multifacetada história cultural de Roger Chartier. Com os estudos da oralidade, vêm sendo ensaiado a partir da antropologia, processos de transmissão das tradições orais, principalmente aquelas pertencentes a sociedades rurais, onde os modos de transmissão e conhecimento ainda transitam, de maneira relevante, pelos caminhos da oralidade. Nesse sentido, a obra de Câmara Cascudo, trata-se de um importante lócus de análises para as questões aqui abordadas.
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