Saúde mental e trabalho: investigação sobre os setores de call center e tanatopraxia de um hospital filantrópico de Belo Horizonte

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lecy Rodrigues Moreira
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AAVGHR
Resumo: O estudo, realizado no período 2009-2012, apresenta como objeto o processo saúde-doença de trabalhadores dos setores de Call Center e de Tanatopraxia de um hospital filantrópico de Belo Horizonte, Minas Gerais (Hospital F). O objetivo geral deste estudo foi o de compreender a dinâmica da construção de psicopatologias no mundo do trabalho por meio da identificação de mediadores patogênicos potencialmente encontrados na relação sujeito-trabalhador/trabalho do ponto de vista da atividade, fundamental para o estabelecimento do nexo causal entre trabalho e distúrbio mental. Para atingir esse objetivo, foi preciso descrever e categorizar as atividades realizadas em cada um dos dois setores e compará-las categoria por categoria, identificando relações existentes entre, de um lado, a organização de trabalho e, de outro lado, as condições de trabalho, o sentido atribuído por esses trabalhadores às suas atividades laborais e o aparecimento, ou não, de transtornos mentais. Da pesquisa desenvolvida no Centro Técnico de Preparação dos Corpos (Tanatopraxia) participaram 3 mulheres e 15 homens e, no Centro Técnico de Ornamentação, participaram 9 mulheres e 11 homens, num total de 41 funcionários. Da pesquisa desenvolvida no Call Center participaram 65 operadores. Em ambos os setores foram realizadas observações clínicas do trabalho, entrevistas de autoconfrontação e análise documental. Os resultados foram analisados e categorizados de acordo com o modelo de análise qualitativa de conteúdo. Eles mostraram que, no setor de Call Center, a organização do trabalho era o mediador patogênico da relação sujeito-trabalhador/trabalho do ponto de vista da atividade, favorecendo o adoecimento mental dos operadores, revelando uma concepção de trabalho na qual, o sujeito e sua atividade de trabalho são considerados como entidades independentes. Foram identificadas como situações penosas: o trabalho repetitivo, o ritmo e a pressão crescente por produção, o rigor excessivo no controle exercido sobre os trabalhadores, o distanciamento da realidade vivida pelos operadores e a exigência de múltiplas competências em razão da implantação de tecnologias da informação sem o devido treinamento prévio deles. Essas situações revelaram-se como insuportáveis para os operadores, ocasionando demissão, rotatividade, pedidos de licença médica, sintomas de fadiga crônica, doenças psicossomáticas, problemas osteomusculares e, em razão dos efeitos cumulativos dos agravos, os afastamentos do trabalho. Além disso, acrescenta-se o significado negativo atribuído por esses trabalhadores ao seu trabalho como atividade. Como estratégias de solução para essas situações penosas, destacaram-se o esforço individual dos operadores para finalizar os atendimentos, apesar dos frequentes constrangimentos e impedimentos e o esforço de colaborar com os colegas. No setor de Tanatopraxia foi constatada a prevalência de um significado positivo atribuído ao trabalho. Como situações penosas foram identificadas, principalmente, a exposição aos riscos ambientais nocivos à saúde e à integridade física do trabalhador e a ocultação social das atividades desenvolvidas no setor de Tanotapraxia. Detectaram-se como estratégias de solução: a busca de solução compartilhada com a gestão, o exercício constante da criatividade e do humor, as ações de renormalizações, a motivação para o aprimoramento profissional, as estratégias para a manutenção do gênero social de ofício e a ação do coletivo como catalisador da saúde mental dos trabalhadores. Os resultados da pesquisa indicaram que o setor de Tanatopraxia, embora oferecesse condições adversas de trabalho, permitia que os trabalhadores construíssem coletivamente sua saúde, estimulados por uma organização de trabalho baseada na escuta e no reconhecimento das competências do coletivo, considerando o trabalhador como sujeito ativo, capaz de tomar decisões e transformar suas atividades de trabalho. Por outro lado, no setor de Call Center, em geral, as condições de trabalho eram geridas buscando a salubridade, mas a organização insuficiente de trabalho era altamente desfavorável, baseada em uma gestão autoritária que isolava os trabalhadores e os considerava passivos e incapazes de exercer eficazmente suas atividades, revelando um contexto propício ao adoecimento mental. Assim, as evidências sugerem que condições insuficientes do trabalho e conjuntura organizacional favorável à saúde do trabalhador constitui um contexto menos favorável à doença mental, como é o caso do setor de Tanatopraxia; mas condições insuficientes e organização insuficiente parecem favorecer uma elevada incidência de adoecimento físico e mental; e, finalmente, condições salubres e organização de trabalho insuficiente, como é o caso do Call Center, criam um contexto favorável ao adoecimento mental. Essas evidências apontam que, no que concerne ao adoecimento mental, os fatores potencialmente patogênicos se encontram predominantemente, na organização e não nas condições de trabalho.
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Para atingir esse objetivo, foi preciso descrever e categorizar as atividades realizadas em cada um dos dois setores e compará-las categoria por categoria, identificando relações existentes entre, de um lado, a organização de trabalho e, de outro lado, as condições de trabalho, o sentido atribuído por esses trabalhadores às suas atividades laborais e o aparecimento, ou não, de transtornos mentais. Da pesquisa desenvolvida no Centro Técnico de Preparação dos Corpos (Tanatopraxia) participaram 3 mulheres e 15 homens e, no Centro Técnico de Ornamentação, participaram 9 mulheres e 11 homens, num total de 41 funcionários. Da pesquisa desenvolvida no Call Center participaram 65 operadores. Em ambos os setores foram realizadas observações clínicas do trabalho, entrevistas de autoconfrontação e análise documental. Os resultados foram analisados e categorizados de acordo com o modelo de análise qualitativa de conteúdo. Eles mostraram que, no setor de Call Center, a organização do trabalho era o mediador patogênico da relação sujeito-trabalhador/trabalho do ponto de vista da atividade, favorecendo o adoecimento mental dos operadores, revelando uma concepção de trabalho na qual, o sujeito e sua atividade de trabalho são considerados como entidades independentes. Foram identificadas como situações penosas: o trabalho repetitivo, o ritmo e a pressão crescente por produção, o rigor excessivo no controle exercido sobre os trabalhadores, o distanciamento da realidade vivida pelos operadores e a exigência de múltiplas competências em razão da implantação de tecnologias da informação sem o devido treinamento prévio deles. Essas situações revelaram-se como insuportáveis para os operadores, ocasionando demissão, rotatividade, pedidos de licença médica, sintomas de fadiga crônica, doenças psicossomáticas, problemas osteomusculares e, em razão dos efeitos cumulativos dos agravos, os afastamentos do trabalho. Além disso, acrescenta-se o significado negativo atribuído por esses trabalhadores ao seu trabalho como atividade. Como estratégias de solução para essas situações penosas, destacaram-se o esforço individual dos operadores para finalizar os atendimentos, apesar dos frequentes constrangimentos e impedimentos e o esforço de colaborar com os colegas. No setor de Tanatopraxia foi constatada a prevalência de um significado positivo atribuído ao trabalho. Como situações penosas foram identificadas, principalmente, a exposição aos riscos ambientais nocivos à saúde e à integridade física do trabalhador e a ocultação social das atividades desenvolvidas no setor de Tanotapraxia. Detectaram-se como estratégias de solução: a busca de solução compartilhada com a gestão, o exercício constante da criatividade e do humor, as ações de renormalizações, a motivação para o aprimoramento profissional, as estratégias para a manutenção do gênero social de ofício e a ação do coletivo como catalisador da saúde mental dos trabalhadores. Os resultados da pesquisa indicaram que o setor de Tanatopraxia, embora oferecesse condições adversas de trabalho, permitia que os trabalhadores construíssem coletivamente sua saúde, estimulados por uma organização de trabalho baseada na escuta e no reconhecimento das competências do coletivo, considerando o trabalhador como sujeito ativo, capaz de tomar decisões e transformar suas atividades de trabalho. Por outro lado, no setor de Call Center, em geral, as condições de trabalho eram geridas buscando a salubridade, mas a organização insuficiente de trabalho era altamente desfavorável, baseada em uma gestão autoritária que isolava os trabalhadores e os considerava passivos e incapazes de exercer eficazmente suas atividades, revelando um contexto propício ao adoecimento mental. Assim, as evidências sugerem que condições insuficientes do trabalho e conjuntura organizacional favorável à saúde do trabalhador constitui um contexto menos favorável à doença mental, como é o caso do setor de Tanatopraxia; mas condições insuficientes e organização insuficiente parecem favorecer uma elevada incidência de adoecimento físico e mental; e, finalmente, condições salubres e organização de trabalho insuficiente, como é o caso do Call Center, criam um contexto favorável ao adoecimento mental. Essas evidências apontam que, no que concerne ao adoecimento mental, os fatores potencialmente patogênicos se encontram predominantemente, na organização e não nas condições de trabalho.Létude, réalisée sur la période 2009-2012, présente comme objet le processus santé-maladie des travailleurs des secteurs de Call Center et de Thanatopraxie dun hôpital philanthropique de Belo Horizonte, à Minas Gerais (Hôpital F). Lobjectif général de cette étude est celui de comprendre la dynamique de la construction de psychopathologies dans le monde du travail par le moyen de lidentification de médiateurs pathogéniques potentiellement retrouvés dans le rapport sujet-travailleur/activité de travail, fondamentale pour létablissement du lien de causalité entre le travail et le trouble mental. Pour atteindre cet objectif, il a fallu décrire et classer les activités réalisées dans chacun des deux secteurs et comparer chacune des catégories de classement, en identifiant les rapports existants entre, dun côté, lorganisation de travail et, de lautre, les conditions de travail, le sens attribué par ces travailleurs à leurs activités de travail et lémergence, ou pas, de troubles mentaux. De la recherche développée dans le Centre Technique de Préparation des Corps (Thanatopraxie) ont participé 3 femmes et 15 hommes, et, dans le Centre Technique dOrnementation, ont participé 9 femmes et 11 hommes, totalisant 41 employés. De la recherche développée dans le Call Center ont participé 65 opérateurs. Dans les deux secteurs, nous avons réalisé des observations cliniques du travail, des entretiens dautoconfrontation et des analyses documentaires. Les résultats ont été analysés et classés selon le modèle danalyse qualitative de contenu. Ils ont démontré que, dans le secteur de Call Center, lorganisation du travail, en incorporant les aspects positifs des conditions de travail, était le médiateur pathogénique du rapport sujet-travailleur/activité de travail, en favorisant la maladie mentale chez les opérateurs, en dévoilant une conception de travail dans laquelle le sujet et son activité de travail sont considérés comme des entités indépendantes. Ont été identifiées comme étant des situations pénibles: le travail répétitif, le rythme et la pression croissante pour la production, la rigueur excessive dans le contrôle exercé sur les travailleurs, léloignement de la réalité vécue par les opérateurs et lexigence de multiples compétences en raison de limplantation de technologies de linformation sans lentraînement préalable qui conviendrait. Ces situations se sont révélées insupportables par les opérateurs, ce qui a donné lieu à des licenciements, à la rotation dans les postes de travail, à des demandes de congé-maladie, à des symptômes de fatigue chronique, à des maladies psychosomatiques, à des troubles musculo-squélettiques et, en raison des effets cumulatifs des maladies, à de longs arrêts de travail. En outre, sajoute la signification négative attribuée par ces travailleurs à leur activité de travail. Comme stratégies de solution pour ces situations pénibles, on souligne leffort individuel des opérateurs pour conclure les plaintes, malgré les fréquentes contraintes et empêchements et leffort de collaborer avec les collègues. Dans le secteur de Thanatopraxie, on a constaté la prévalence dune signification positive attribuée au travail. En tant que situations pénibles ont été identifiées, surtout, lexposition aux risques environnementaux nuisibles à la santé et à lintégrité physique du travailleur et loccultation sociale des activités développées dans le secteur de Thanatopraxie. On a relevé comme stratégies de solution: la recherche de solutions partagées avec les gestionnaires, lexercice constant de la créativité et de lhumour, les actions de renormalisation, la motivation pour la mise à niveau de la formation professionnelle, les stratégies pour le maintien du genre social du métier et laction du collectif en tant que catalyseur de la santé mentale des travailleurs. Les résultats de la recherche ont indiqué que le secteur de Thanatopraxie, même sil proposait des conditions adverses de travail, permettait que les travailleurs construisent collectivement leur santé, stimulés par une organisation du travail basée sur lécoute et la reconnaissance des compétences du collectif, en considérant le travailleur comme un sujet actif, capable de prendre des décisions et de transformer ses activités de travail. Dun autre côté, dans le secteur de Call Center, les conditions de travail étaient bonnes, mais lorganisation du travail était hautement défavorable, basée sur une gestion autoritaire, qui isolait les travailleurs et les considérait passifs et incapables dexercer efficacement leurs activités, dévoilant un contexte propice à la maladie mentale. Ainsi, les évidences suggèrent que les conditions négatives et une bonne organisation du travail constituent un contexte moins favorable à la maladie mentale, comme dans le cas du secteur de la Thanatopraxie; des conditions insuffisantes et une organisation insuffisante semblent favoriser un taux élevé dincidence de la maladie physique et mentale; et, finalement, de bonnes conditions et une organisation du travail insuffisante, comme dans le cas du Call Center, créent un contexte favorable à la maladie mentale. Ces évidences indiquent que, en ce qui concerne la maladie mentale, les facteurs potentiellement pathogéniques se trouvent, de manière prédominante, dans lorganisation, et pas dans les conditions de travail.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGTrabalhoServiço ao clienteSaúde mentalPsicologiaTrabalhoOperador de teleatendimentoTanatopraxiaSaúde MentalTanatopraxistasCall CenterNecromaquiadoresSaúde mental e trabalho: investigação sobre os setores de call center e tanatopraxia de um hospital filantrópico de Belo Horizonteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_lecy_biblioteca.pdfapplication/pdf6560261https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AAVGHR/1/tese_lecy_biblioteca.pdf837007069808625829d3130d800809ceMD51TEXTtese_lecy_biblioteca.pdf.txttese_lecy_biblioteca.pdf.txtExtracted texttext/plain903063https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AAVGHR/2/tese_lecy_biblioteca.pdf.txt9aaeed2773591d880808c274e8e438f2MD521843/BUBD-AAVGHR2020-01-29 14:31:07.068oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-AAVGHRRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2020-01-29T17:31:07Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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Da pesquisa desenvolvida no Centro Técnico de Preparação dos Corpos (Tanatopraxia) participaram 3 mulheres e 15 homens e, no Centro Técnico de Ornamentação, participaram 9 mulheres e 11 homens, num total de 41 funcionários. Da pesquisa desenvolvida no Call Center participaram 65 operadores. Em ambos os setores foram realizadas observações clínicas do trabalho, entrevistas de autoconfrontação e análise documental. Os resultados foram analisados e categorizados de acordo com o modelo de análise qualitativa de conteúdo. Eles mostraram que, no setor de Call Center, a organização do trabalho era o mediador patogênico da relação sujeito-trabalhador/trabalho do ponto de vista da atividade, favorecendo o adoecimento mental dos operadores, revelando uma concepção de trabalho na qual, o sujeito e sua atividade de trabalho são considerados como entidades independentes. Foram identificadas como situações penosas: o trabalho repetitivo, o ritmo e a pressão crescente por produção, o rigor excessivo no controle exercido sobre os trabalhadores, o distanciamento da realidade vivida pelos operadores e a exigência de múltiplas competências em razão da implantação de tecnologias da informação sem o devido treinamento prévio deles. Essas situações revelaram-se como insuportáveis para os operadores, ocasionando demissão, rotatividade, pedidos de licença médica, sintomas de fadiga crônica, doenças psicossomáticas, problemas osteomusculares e, em razão dos efeitos cumulativos dos agravos, os afastamentos do trabalho. Além disso, acrescenta-se o significado negativo atribuído por esses trabalhadores ao seu trabalho como atividade. Como estratégias de solução para essas situações penosas, destacaram-se o esforço individual dos operadores para finalizar os atendimentos, apesar dos frequentes constrangimentos e impedimentos e o esforço de colaborar com os colegas. No setor de Tanatopraxia foi constatada a prevalência de um significado positivo atribuído ao trabalho. Como situações penosas foram identificadas, principalmente, a exposição aos riscos ambientais nocivos à saúde e à integridade física do trabalhador e a ocultação social das atividades desenvolvidas no setor de Tanotapraxia. Detectaram-se como estratégias de solução: a busca de solução compartilhada com a gestão, o exercício constante da criatividade e do humor, as ações de renormalizações, a motivação para o aprimoramento profissional, as estratégias para a manutenção do gênero social de ofício e a ação do coletivo como catalisador da saúde mental dos trabalhadores. Os resultados da pesquisa indicaram que o setor de Tanatopraxia, embora oferecesse condições adversas de trabalho, permitia que os trabalhadores construíssem coletivamente sua saúde, estimulados por uma organização de trabalho baseada na escuta e no reconhecimento das competências do coletivo, considerando o trabalhador como sujeito ativo, capaz de tomar decisões e transformar suas atividades de trabalho. Por outro lado, no setor de Call Center, em geral, as condições de trabalho eram geridas buscando a salubridade, mas a organização insuficiente de trabalho era altamente desfavorável, baseada em uma gestão autoritária que isolava os trabalhadores e os considerava passivos e incapazes de exercer eficazmente suas atividades, revelando um contexto propício ao adoecimento mental. Assim, as evidências sugerem que condições insuficientes do trabalho e conjuntura organizacional favorável à saúde do trabalhador constitui um contexto menos favorável à doença mental, como é o caso do setor de Tanatopraxia; mas condições insuficientes e organização insuficiente parecem favorecer uma elevada incidência de adoecimento físico e mental; e, finalmente, condições salubres e organização de trabalho insuficiente, como é o caso do Call Center, criam um contexto favorável ao adoecimento mental. Essas evidências apontam que, no que concerne ao adoecimento mental, os fatores potencialmente patogênicos se encontram predominantemente, na organização e não nas condições de trabalho.
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