O processo de construção de práticas argumentativas nas aulas de Ciências em uma abordagem investigativa: interações discursivas nos anos iniciais do ensino fundamental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Claudia Starling Bosco
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9XCHEZ
Resumo: Considerando a complexidade e a importância da argumentação no ensino de ciências para crianças, esta tese objetiva compreender e caracterizar como as interações discursivas foram se constituindo na sala de aula, no contexto de uma sequência didática sobre os micro-organismos, orientada por uma abordagem investigativa, bem como compreender a dinâmica de uso dos gêneros discursivos. A pesquisa foi realizada em uma turma do 3º ano do ensino fundamental de uma escola pública, durante as aulas de ciências. A construção dos dados e as análises foram orientadas por pressupostos teórico-metodológicos da etnografia interacional (GREEN et al.). A partir da imersão no campo, filmagem das aulas, registro no diário de campo, fotografias e de artefatos presentes no cotidiano escolar, foram elaborados mapas de eventos e quadros das interações discursivas de três eventos denominados Congressos de Cientistas Mirins, momentos em que as crianças discutiam os procedimentos ou resultados de suas investigações. Os congressos foram analisados a partir das transcrições das falas em unidades de mensagem, considerando as interações estabelecidas entre os participantes. As análises envolvem a articulação entre ensino de ciências, argumentação e gêneros discursivos a partir das interações discursivas, propondo um diálogo com diferentes campos do conhecimento. Para isso, nos apoiamos na vertente sociocultural (Vygotsky); na concepção dialógica da linguagem e nos estudos sobre gêneros discursivos (Bakhtin; Swales); na análise do discurso (Bloome; Gee); na argumentação (van Eemeren; Jiménez-Aleixandre; Osborne) e no campo da Educação em Ciências (Candela; Carvalho; Driver; Duschl; Kelly; Lemke; Lorenzetti; Moje; Mortimer; Munford; van Zee). Os resultados evidenciam que as práticas argumentativas não foram situações previamente estabelecidas em sala de aula, mas foram construídas no processo interativo e dialógico entre os participantes, vivenciando diversos modos de ser, agir e falar. Apontamos que as crianças, ao vivenciarem usos mais formais da linguagem no contexto escolar, se inserem em práticas científicas da ciência, como observar, justificar, usar evidências e comunicar ideias. Quando as crianças apresentam, defendem ou confrontam pontos de vista, criam-se novas oportunidades de aprendizagem. O ensino e a aprendizagem de ciências devem ser compreendidos nas interações discursivas como processos de construção de práticas. Isso reforça a importância de envolver as crianças em diferentes contextos de uso da linguagem e implica repensar o papel e a formação do pedagogo diante das especificidades que envolvem o ensino de ciências para crianças.
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A partir da imersão no campo, filmagem das aulas, registro no diário de campo, fotografias e de artefatos presentes no cotidiano escolar, foram elaborados mapas de eventos e quadros das interações discursivas de três eventos denominados Congressos de Cientistas Mirins, momentos em que as crianças discutiam os procedimentos ou resultados de suas investigações. Os congressos foram analisados a partir das transcrições das falas em unidades de mensagem, considerando as interações estabelecidas entre os participantes. As análises envolvem a articulação entre ensino de ciências, argumentação e gêneros discursivos a partir das interações discursivas, propondo um diálogo com diferentes campos do conhecimento. Para isso, nos apoiamos na vertente sociocultural (Vygotsky); na concepção dialógica da linguagem e nos estudos sobre gêneros discursivos (Bakhtin; Swales); na análise do discurso (Bloome; Gee); na argumentação (van Eemeren; Jiménez-Aleixandre; Osborne) e no campo da Educação em Ciências (Candela; Carvalho; Driver; Duschl; Kelly; Lemke; Lorenzetti; Moje; Mortimer; Munford; van Zee). Os resultados evidenciam que as práticas argumentativas não foram situações previamente estabelecidas em sala de aula, mas foram construídas no processo interativo e dialógico entre os participantes, vivenciando diversos modos de ser, agir e falar. Apontamos que as crianças, ao vivenciarem usos mais formais da linguagem no contexto escolar, se inserem em práticas científicas da ciência, como observar, justificar, usar evidências e comunicar ideias. Quando as crianças apresentam, defendem ou confrontam pontos de vista, criam-se novas oportunidades de aprendizagem. O ensino e a aprendizagem de ciências devem ser compreendidos nas interações discursivas como processos de construção de práticas. Isso reforça a importância de envolver as crianças em diferentes contextos de uso da linguagem e implica repensar o papel e a formação do pedagogo diante das especificidades que envolvem o ensino de ciências para crianças.Due to the complexity and importance of argumentation in Science education for children, this thesis aims to understand and characterize how discursive interactions were developed in the classroom, in a didactic sequence about micro-organisms context guided by an investigative approach as well as understand the dynamic of the use of discursive genres. The study was conducted in a class of students in the third year of elementary education in a public school during science classes. The construction and analysis of the data was guided by theoretical and methodological assumptions of interactional ethnography (GREEN et al.). From immersion in the field, class filming, records in the field diary, photographs and artifacts in the school life it was possible to develop event maps and discursive interactions boards from three events called Congressos de Cientistas Mirins (Junior Scientists Congress) when children discussed about procedures and the results of their investigations. Congressos (Congresses) were analyzed from speech transcriptions into message units taking the interactions established among the participants under consideration. These analyses involve the interaction between Science teaching, argumentation and discursive genres from discursive interactions in a conversation with different knowledge fields. To do so, we relied on the sociocultural dimension (Vygotsky); on the dialogical conception of the language and on the studies about discursive genres (Bakhtin; Swales); on the discourse analyses (Bloome; Gee); on the argumentation (van Eemeren; Jiménez-Aleixandre; Osborne) and on the Science teaching field (Candela; Carvalho; Driver; Duschl; Kelly; Lemke; Lorenzetti; Moje; Mortimer; Munford; van Zee). The results show that the argumentative practices were not previously established situations in the classroom but were developed in the interactive and dialogic process among the participants experiencing different ways of being, acting and speaking. We show that when children experience more formal uses of the language in the school environment they are involved in scientific practices as observe, justify, use evidences and communicate ideas. Children who have, defend or confront points of view create new learning opportunities. Science teaching and learning should be understood in the discursive interactions as construction of practices processes. It reinforces the importance of involving children in different context of language use and implies rethinking the pedagogue role and training on the specificities that involve Science teaching for children.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEducaçãoEnsino de ciênciasInterações discursivasPráticas argumentativasGêneros discursivosO processo de construção de práticas argumentativas nas aulas de Ciências em uma abordagem investigativa: interações discursivas nos anos iniciais do ensino fundamentalinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_final___cl_udia_starling_bosco.pdfapplication/pdf4012487https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9XCHEZ/1/tese_final___cl_udia_starling_bosco.pdf586abf3e0a552409a63023347b2db3ebMD51TEXTtese_final___cl_udia_starling_bosco.pdf.txttese_final___cl_udia_starling_bosco.pdf.txtExtracted texttext/plain626720https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9XCHEZ/2/tese_final___cl_udia_starling_bosco.pdf.txtf0addade5cb82b1dc2b96d97828b760fMD521843/BUBD-9XCHEZ2019-11-14 03:42:33.27oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9XCHEZRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T06:42:33Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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