Junho de 2013 e os avanços da Tarifa Zero: uma análise das antecedências e repercussões da luta a partir de uma crítica dos afetos

• Autor(a) principal: Júlia Ceccon Ortolan
• Data de Publicação: 2024
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/68494
• topic: Junho de 2013; Tarifa Zero; Afetos; Mobilidade urbana; Acontecimento; Revoltas; Transporte urbano; Transportes – Tarifas; Sociologia urbana; Sentidos e sensações

Este trabalho trata das Revoltas de Junho de 2013 no Brasil, a partir do fio condutor da mobilidade urbana – mais especificamente, sobre as mobilizações, horizontes e conquistas da luta pela Tarifa Zero. Entendendo as revoltas a partir da noção de acontecimento, que transcorre na intersecção entre condições materiais e subjetivas e funciona como pontos de inflexão e de abertura histórica, investigam-se as antecedências e repercussões atreladas a Junho. A tese principal é a de que os protestos de Junho contribuíram para a proliferação das políticas de Tarifa Zero no país, tendo-se em vista os mais de cem municípios que hoje dispõem do sistema. As relações que se estabelecem entre o acontecimento e os avanços sobre a mobilidade urbana não consistem em associações causais simplistas: há de se considerar a multidimensionalidade do acontecimento, bem como seus efeitos simbólicos, que se registram, para além da sua imanência, nos corpos, sujeitos e imaginários políticos. Para compreender as repercussões de Junho no imaginário social e político de hoje, é preciso investigar as disposições afetivas e os sujeitos implicados à época, e o lugar que esses sujeitos e afetos ocupam hoje. Nessa ótica, a pesquisa realiza um percurso analítico à luz de uma crítica dos afetos, que considera as causas para aquilo que se sente e estabelece parâmetros de avaliação dentro das teorias sociais. Observando parâmetros de justiça social, este trabalho traça panoramas relativos à mobilidade urbana e às mobilizações de Junho de 2013, discutindo aspectos concretos e subjetivos que permitem pensar as implicações das revoltas nas formas de sujeição política atuais. Com a incursão sobre os afetos, pode-se constatar que as Revoltas de Junho tiveram um caráter de ruptura em relação aos modos de subjetivação hegemônicos e característicos da sociedade brasileira, e apresentaram, entre suas implicações, o reposicionamento das revoltas populares no centro das dinâmicas políticas e sociais, consagrando-as enquanto signo das lutas políticas da sociedade brasileira contemporânea.